005

298 27 26
                                    

𝓜iami, Flórida.
Tyler Connor

𝓜eu sangue ferveu. Quis acreditar que eu estivesse alucinando por causa do álcool, mas eu tinha bebido menos da metade da garrafa.
Depois, tentei me convencer de que não era ela, mas... cacete, eu reconheceria aquele rosto fodidamente angelical mesmo depois de cinco décadas.

Ela desceu as escadas e, mesmo antes que eu pudesse raciocinar, minhas pernas me levaram na sua direção. Minha cabeça latejando.

Nem fodendo. Não quero acreditar.

Cassie Miller não podia entrar e sair da minha vida quando fosse conveniente e ela, definitivamente, não deveria estar ali.
Entrei na cozinha e passei pela sua frente, com os sentidos alterados ao servir um copo com whisky quente, sem gelo. Encostei o corpo no balcão de mármore branco, encarando a movimentação das pessoas através da janela de vidro. Cassie me reconheceu no instante que botou os olhos em mim — ou melhor, nas minhas costas.

Pelo reflexo na janela, vi quando ela arrastou os pés preguiçosamente em direção à saída, tentando não ser notada.
Lembrei das manhãs de sábado, quando eu precisava sair às pressas pela sua janela antes que fôssemos pegos pelos seus pais — eles me odiavam pra cacete.
A nostalgia fez meu estômago revirar.

E também lembrei de como ela me deixou.

— Fugir assim sempre foi a sua especialidade, não é? — limpei a garganta e Cassie paralisou.

Dei as costas para a janela e, finalmente, eu a vi, de perto, depois dos cinco anos mais dolorosos da minha vida. Os olhos azulados, meio dourados, encontraram os meus.

Cassie permaneceu em silêncio, abraçando o próprio corpo enquanto encarava o chão. Eu sentiria pena dela, se não estivesse tão puto.
As frases saíram sem que eu pudesse me ligar e, honestamente, estava pouco me fodendo para filtrar as minhas palavras. Não depois do que ela fez comigo.

— Mas não esquenta — emendei. — Já me acostumei em assistir você fugindo e, se é isso que quer fazer, vá em frente — estendi o copo em direção à saída. - Isso já não me afeta mais.

Não me importei quando ela recuou como esse tivesse levado um tapa.

— Eu sinto muito — disse, pálida.

— É bom que sinta — murmurei, dando um passo na sua direção.

Pousei o copo de vidro na mesa e o empurrei para longe.
Miller inspirou fortemente, tensionando os ombros magros evitando olhar nos meus olhos.

E então, essa foi a minha deixa.

Tomei o meu caminho em direção à festa, mais irritado do que nunca e procurei meu celular no sofá violentamente.
Maya e uma garota — Jenni? Brianna? Não sei — estavam enlaçadas em um beijo muito mais erótico do que o local permitia, mas nem isso foi capaz de mudar a minha decisão.

Sentei novamente no sofá e meus olhos se encontraram com os delas, como se fosse a porra de um ímã — que sempre me atrai intensamente.

Ela tinha acabado de sair da cozinha, estava sem as suas amigas do lado. Não consegui tirar meus olhos dos delas, aqueles olhos que me fitam intensamente.

Aqueles olhos.
Aqueles malditos olhos.
Que me levam do céu ao inferno.
Minha alma clama por tuas orbes esverdeadas assim como a esmeralda.

Que porra, precisava sair dali.

Guardei o aparelho no bolso, sentindo minha mandíbula ja doer com o aperto doloroso.

— Ei Connor — o Logan me chama com uma bolinha de ping pong na mão.

— Vamos jogar, minha vida — olho pro seu lado, o Mason, segurando uma garrafa de Vodka.

Mas não estava com cabeça pra isso, não agora.

— Valeu — só aceno, fazendo eles automaticamente franzir o cenho, confusos.

E saí.

Acendi um baseado na esperança de que fosse acalmar os nós no meu peito e a tensão nos meus ombros, mas nada aconteceu.

Esse era o efeito de Cassie Miller na porra da minha vida.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora