𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.𝓐lguns dias se passaram. Três dias para ser mais específica.
Já havia recebido alta, mas, para isso, não recebi uma mensagem de Connor.
Eu estava acordada quando o despertador tocou naquela manhã. Meu corpo inteiro doía, mas não tinha nada a ver com os três dias em que estive hospitalizada.
Não. Era pior.
Era uma dor que corroía as minhas vísceras e empurrava o meu coração contra as minhas costelas com tanta força que tive medo de a angústia me sufocar, mas não aconteceu. Nem os analgésicos mais fortes foram capazes de me fazer relaxar. Meus músculos estavam tensos e doloridos, como um presságio.
Levantei da cama, tomei banho e vesti as minhas roupas da forma mais robótica possível. Não sabia exatamente se era por medo ou por puro tédio. Andei até a cozinha com dificuldade, arrastando a perna machucada e me forcei a enfiar uma torrada dentro da boca. Adicionei pasta de amendoim, porque assim era bem mais fácil engolir, e saí.
Era feriado, 4 de julho. O dia estava nublado e frio. Muito, muito frio. Peguei o primeiro táxi que encontrei, parado no acostamento, e, em menos de cinco minutos, cheguei à república.
Apoiada no corrimão, forcei minhas pernas doloridas a funcionarem. Subi os degraus, mordendo os lábios para não gemer de dor a cada movimento.
Logan havia me pedido para ir ao dormitório dele pegar uma pasta que ele esqueceu da faculdade.
Então, assim que cheguei, não bati na porta. Simplesmente abri e entrei, tropeçando numa das caixas enormes espalhadas pelo chão. Apoiei a minha mão no sofá para não cair.
— Logan, tem certeza que você...
Suas palavras se perderam quando ele me viu. Connor paralisou no corredor, me olhando dos pés à cabeça como se... Como se realmente não quisesse me ver.
Engoli em seco, me aproximando com passos lentos e um coração disparado - que martelava e doía.
— Oi — sussurrei, a voz tão fraca que quase desapareceu no ar.
— Cassie...
Ele sequer parecia o mesmo Tyler. Havia um corte na sua testa coberto por um curativo sutil. Meu coração doeu.
Senti uma nuvem de tristeza e angústia me consumindo como uma fumaça, e pisquei várias vezes para não chorar.
Não agora, pensei. Não diante dele.
— Você está bem? — perguntei, segurando as lágrimas na garganta, lutando contra a tempestade de emoções que ameaçava me afogar. A vulnerabilidade me deixava exposta, e eu temia que, se me deixasse levar, não conseguiria voltar.
Tyler não disse nada. Só balançou a cabeça em afirmação e suspirou.
Cacete. Engolindo em seco, tomei fôlego.
— Por que você não foi me visitar? Por que você... Não respondeu as minhas mensagens? — comecei, tentando controlar a onda de nervosismo. — Você sequer me ligou para perguntar se eu estava bem.
Sentei no sofá porque minha perna doía, ardia. Minha bolsa ficou logo ao lado da minha coxa.
Suas mãos se arrastaram pelo seu rosto, esfregando a barba por fazer. Se eu não o conhecesse tão bem, provavelmente não reconheceria os sinais de cansaço no seu rosto. As olheiras fundas e o desleixo com a própria aparência — e mesmo assim ele continuava lindo, uma beleza agonizante que eu não conseguia ignorar.Rodeando a mesinha de centro, ele sentou-se bem na minha frente.
— Você estava mesmo ocupado esse tempo todo? — eu tentava convencer mais a mim mesma do que realmente saber.
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ℳeu ℰclipse , dark boy
Fiksi Remaja❛ 𝗻𝗼𝘄 you're 𝗷𝘂𝘀𝘁 somebady that 𝗶 used 𝘁𝗼 know. ❜ Destruidor na pista e na cama, Tyler Connor é um piloto de racha acostumado a ter adrenalina correndo em suas veias, faz jus à toda fama de cafajeste que carrega. Mas tudo se...