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𝓜iami, Flórida.
Tyler Connor.

[ . . . ]

— 𝓙á é a segunda vez que você danifica esse carro no mês — Rodriguez diz, apoiado no capô aberto do meu veículo — E ainda nem chegamos à metade do mês — fala, me olhando com descontentamento.

Cruzo as pernas.

— Sabe como é, né — eu digo de maneira descontraída — Acidentes acontecem — coloco meu melhor sorriso no rosto.

— Foi um acidente ou você estava correndo da polícia de novo? — Rodriguez pergunta enquanto se endireita e cruza os braços.

Fiz uma careta.

Rodriguez é meu mecânico há quatro anos. Ele trabalha tão bem que nunca me atrevi a trocá-lo.

— Para de ser intrometido e conserta o merda da Lamborghini — passo as mãos pelo cabelo, frustrado.

— Pedindo com tanto carinho assim, como eu não consertaria — o cara com dreads revira os olhos e olha para dentro do capô do meu carro — Este modelo é de 2014, por que não troca por um mais recente? — volta o olhar para mim.

Eu me levanto da cadeira em que estou sentado e me aproximo dele.

— Gosto de modelos mais antigos — dou de ombros, brincando com a corrente no meu pescoço.

— Há quanto tempo você corre mesmo? — questiona, pegando uma chave de fenda em cima da sua bancada de ferramentas.

— Desde os meus dezessete anos — respondo, pensativo.

— E nesse tempo todo, quantas vezes sua Lamborghini sofreu danos?

Fecho o olho direito e faço uma rápida conta mental.

— Hmm... Vinte vezes? — respondo desinteressado.

Rodriguez deixa cair a chave de fenda e fecha os olhos, apoiando as mãos sobre a cabeça enquanto dá alguns passos para trás.

— Puta merda! — Rodriguez xinga, fechando os olhos — Você só pode estar brincando comigo — nega com a cabeça, sorrindo.

— É, mas não estou.

Bem que eu gostaria de estar tirando uma com a cara dele.

— Se isso for verdade, eu não sei como este carro ainda está funcionando — ele fala, abaixando-se para pegar a chave de fenda.

— Sorte, talvez? — rio sarcasticamente.

— Milagre, eu diria — cruza os braços sobre o macacão cinza que está usando — Cuido da sua Lamborghini há quatro anos e só nesse período você já teve seis "acidentes" — fala a última palavra com sarcasmo na voz.

Eu abro os braços, frustrado.

— O que caralho você quer que eu faça? — olho para ele — Não tenho culpa de ser perseguido pela polícia — reviro os olhos.

— Eles não te perseguiriam se você não dirigisse acima de 340 km por hora. Por hora, porra — Rodriguez se irrita — Está querendo se matar? — me analisa com seus olhos verdes.

A pergunta dele me faz refletir e eu olho para o capô do meu carro pensativo. Nunca parei para pensar nisso, mas há muito tempo que não me sinto vivo.

Recupero minha expressão indiferente e cruzo os braços.

— Cala a boca antes que eu te dedure para sua irmã — Aperto os olhos na direção dele.

Rodriguez vende maconha — principalmente para mim — escondido da própria irmã, pois ela detesta esse tipo de coisa.

— Você não teria coragem — ele sorri — Maya namora alguém que fuma maconha, vai entender — ergo a sobrancelha enrugando o nariz.

— Ela está namorando sozinha, não é? — ironizo e ele dá de ombros — Pare com esses papos senão corto seu pau e jogo fora —ameaço já irritado.

— Você ensaia em casa para falar tanta bobagem ou é tudo improvisado? — suspira sarcasticamente.

Eu reviro os olhos e sorrio negando com a cabeça, fazendo-o rir também.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora