094

113 10 6
                                    

𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.

[ . . . ]

𝓤ma coisa aprendi na vida. Uma pessoa não pode fugir para encontrar sua essência. A sua essência o acompanhará, não importa aonde você vá. O problema é que se você estiver em fuga, então estará ocupado demais para desembainhar a espada e enfrentar os inimigos.

Algumas vezes, o seu inimigo será você mesmo. Outras vezes, serão aqueles com poder para feri-lo. Tire os seus calçados e pare de correr. Com os pés descalços no chão, lute pelo que deseja.

Fugi dos meus sentimentos por Tyler como quem foge de uma dieta na frente de uma pizzaria. Acreditei que se me distanciasse dele o suficiente, meus sentimentos desapareceriam como mágica. Eu devia ter parado e enfrentado a mim mesma tempos atrás, mas, em vez disso, escolhi o caminho da covardia... e da pizza. Mas, ei, a pizza nunca me decepcionou.

Jane não encontrou Tyler. Ninguém conseguiu encontrá-lo. Ele desligou o celular e sumiu. Minha melhor amiga me ligou histérica no dia 29 de maio, preocupada com o mesmo. Ela sabia que ele iria tirar um tempo para o mesmo, ele sempre fez isso. Mas agora, era diferente.

As palavras dela ainda ecoam na minha cabeça, aumentando a sensação de pavor que me assola. A última vez que vi Jane tão nervosa foi quando o salão de beleza dela fechou sem avisar. Ela sempre foi a mais sensata de nós duas, a que mantinha a calma mesmo nas piores situações, mas naquela ligação, sua voz estava trêmula. Isso me abalou profundamente, porque se Jane estava assim, isso significava que as coisas estavam realmente ruins.

Antes de Tyler desaparecer, ele deu um colar solitário para ela, com um amuleto infinito banhado a ouro. Parecia um presente doce, mas ao mesmo tempo, mas havia algo naquele gesto que parecia tão final, tão definitivo, como um adeus disfarçado de carinho.

E então, diante de tudo isso, o dilema que tenho evitado me encara de frente, não posso mais correr. Connor não está aqui para que eu me esconda dele ou dos meus sentimentos, e agora, preciso lidar com o que realmente sinto. Preciso parar de fugir, tirar os sapatos e plantar meus pés firmemente no chão. E então, lutar. Não só pelo que desejo, mas também pelo que é certo.

[ . . . ]

O silêncio da madrugada é quebrado por um som leve na janela do meu quarto. Estou deitada, mas bem longe de dormir, com a cabeça cheia das coisas que aconteceram nas últimas semanas. Logan saiu da minha casa faz algum tempo, e desde então, só fico encarando o teto, tentando controlar a ansiedade que parece me sufocar. Então, ouço o barulho de novo, um som suave, quase como se alguém estivesse jogando uma pedrinha na janela.

Levanto-me devagar, com o coração batendo rápido, e olho para a janela. E lá está ele. O garoto problema, usando aquele moletom velho e surrado, o capuz puxado sobre a cabeça, e... com um olho roxo? Ele está ali, como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se não tivesse desaparecido por cinco semanas e deixado todo mundo preocupado.

Meu coração parece parar por um segundo, a incredulidade me dominando. Pisquei, tentando entender se era um sonho ou alguma alucinação, causada pelo excesso de café, mas não. Ele está mesmo ali, me encarando com uma intensidade que faz o ar ficar mais pesado.

Levanto-me devagar e caminho até a janela, abrindo-a sem dizer nada. O vento gelado da madrugada invade o quarto, mas eu mal noto. Tyler me observa de perto, seus olhos exaustos, e levanta a mão devagar, acenando como se nada tivesse acontecido, como se tudo estivesse normal, como se fosse a cena mais casual do mundo.

Ele não diz nada de imediato, e o silêncio entre nós é tão denso que quase posso ouvir o "drama" tocando ao fundo.

— Tyler... — digo, finalmente, minha voz quase não sai. — Você tá bem? — foi a única coisa que consegui perguntar.

Ele inclina a cabeça, um sorrisinho brincando nos lábios, como se todo o peso das últimas semanas não estivesse sobre seus ombros. Ou talvez ele tenha esquecido onde deixou as chaves de casa.

— Oi, coração solitário — ele diz, numa suavidade que ignora totalmente a preocupação na minha voz. — Quer jantar? Tô morrendo de fome.

Eu pisquei, atônita. Ele só pode estar brincando. Sério, ele desaparece por cinco semanas, aparece do nada, machucado, e quer jantar? Acho que ele deve ter perdido mais do que só as chaves.

— Jantar? Tyler, você sumiu por cinco semanas! Todo mundo estava preocupado, e você aparece aqui como se nada tivesse acontecido, machucado, e me chama pra jantar? — tento manter a calma, mas estou entre chorar e rir da cara dele.

Tyler dá de ombros, com uma expressão despreocupada, como se tivesse apenas tirado umas férias prolongadas e esquecido de avisar.

— É, eu sei que parece estranho. Mas, sério, só quero um pouco de normalidade agora. A gente pode só... jantar e esquecer o resto por um tempo?

Eu o encarei, dividida entre a raiva e o alívio, entre a necessidade de respostas e a vontade de simplesmente estar perto dele. Eu queria gritar, exigir saber onde ele esteve, o que aconteceu, por que ele tinha aquele olho roxo. Mas, ao mesmo tempo, a simples presença dele ali, na minha frente, parecia ser uma resposta a todas as preces que fiz nas últimas semanas.

— Tyler... — começo, com a voz vacilando. Mas, ao ver a expressão cansada e ao mesmo tempo esperançosa no rosto dele, suspiro, sentindo o cansaço me vencer. — Tudo bem. Vamos jantar. Mas você me deve uma explicação. Uma completa explicação.

Ele assentiu.

— Eu sei. E você vai ter todas as respostas, Cass. Eu prometo pra você.

para agradecer as 4 mil
leituras, fiz um capitulo de
mil palavras! amo vocês
kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora