𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.logo a seguir, cenas de violência paterna e abuso psicológico, se não se sentir confortável lendo, pula para o próximo cap.
— 𝓔u não acredito que você esta defendendo esse moleque! — Oliver gritou, sua voz rasgando o ar.
A tensão na sala de estar era palpável. Eu estava paralisada no meio do cômodo, de braços cruzados, tentando manter a calma, enquanto papai andava de um lado para o outro freneticamente, passando as mãos pelos cabelos.
— Você está exagerando — minha mãe tentou intervir. — Eles apenas se gostam, isso é normal nessa idade. Lembra de como nós éramos? — ela tentou apelar para a memória compartilhada, mas sabia que estava não adiantaria. Meu pai odeia o Tyler.
— Não, Elena! Não vou permitir que nossa filha se envolva com ele. Quem sabe o que ele pode querer dela? — Oliver deu um soco na parede, a força do impacto foi seguido por uma rachadura, e pedaços de gesso caíram no chão.
Dei um passo para trás, assustada.
— Oliver... Por favor! Não vamos resolver isso com violência.
— Violência? Você acha que isso é violência? — ele se virou para mamãe com uma expressão de raiva pura. — Isso é proteção!
— Ela precisa de compreensão e amor, não de gritos! — Elena berrou. Seu peito subindo e descendo com respirações rápidas.
Eu não conseguia chorar, meu corpo estava paralisado. Portanto, o que estava demorando para chegar, aconteceu. Papai pegou uma mesa e a virou com um estrondo, os itens que estavam em cima caindo e se espatifando no chão.
— Eu não vou deixar isso acontecer! Nunca! — enfatizou, me trazendo arrepios por todo corpo. — Ela precisa entender que há limites. E você também! — ele avançou na direção da mamãe, a raiva visível em cada passo.
— Por favor, parem! — gritei. O medo claro em minha voz. — Ele é um bom garoto, papai. Você nem sequer deu a chance de conhecê-lo — retruquei, sentindo minha voz tremer e minha garganta fechar.
— Um bom garoto Cassie?! — ele rosnou, agarrando-me pelo braço com força. — Bom garoto?! — e sem aviso, ele me lançou em direção à mesa de vidro, meu corpo colidindo com o móvel com um estrondo.
O impacto foi brutal. Os gritos da minha mãe. O som dos vidros se espatifando e aderindo em minha pele. A sensação foi como se pequenas lâminas cortantes estivessem me perfurando, cada fragmento de vidro abrindo lacerações que pareciam se arrastar lentamente sobre o meu corpo.
O contato com o vidro quebrado foi um choque frio e cortante, e eu gritei com a dor intensa que me atravessou. O sangue começou a escorrer, misturando-se com os fragmentos de vidro e criando uma cena ainda mais horrível.
As feridas estavam ardendo, e o vidro em pedaços parecia ter deixado um rastro de dor crua e pulsante, como se minha pele estivesse em chamas. Mas, o que mais me doeu foi o silêncio. O silêncio profundo e devastador do meu pai, que não trouxe um pedido de desculpas, nem um gesto de arrependimento genuíno.
— Papai... — minha voz saiu quebrada e cheia de dor, quase um sussurro, mas ressoava como um grito angustiado diante da sala silenciosa. — Por quê? — eu não conseguia entender o que estava acontecendo, a imagem do pai que eu amava agora misturada com o terror e a violência.
Eu olhei para ele, meus pensamentos tumultuados, e as memórias das feridas passadas vieram à tona.
— Eu perdoei todas as queimaduras de cigarro, as surras com o cinto, aquele dia em que caí da escada e me machuquei. — eu comecei a dizer, a voz tremendo com a dor e a tristeza. — Eu suportei tudo isso papai. Porque acreditava que éramos uma família, que havia amor e que, de alguma forma, essas coisas poderiam ser superadas.
Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu tentava reunir a força para falar.
— Mas isso...? Isso é diferente.
As feridas estavam ardendo, e o vidro em pedaços parecia ter deixado um rastro de dor crua e pulsante. Cada vez que eu tentava me mover, a dor aguda me fazia estremecer, e o frio do vidro quebrado aumentava a sensação de desconforto.
— Isso não vai sair daqui.
Foi a única coisa que ele disse antes de andar até seu escritório, a voz fria e cortante reverberando na sala como um eco implacável.
Enquanto ele se afastava, me deixou ali, com o colo de minha mãe como única fonte de consolo e proteção. Minha mãe — ainda com lágrimas nos olhos — tentava me ajudar, mas parecia tão perdida quanto eu. Seu rosto estava marcado pela tristeza e pela impotência. Ela se abaixou ao meu lado, tentando limpar o sangue e os pedaços de vidro, os olhos fixos no vazio.
— Ele... ele disse que isso não vai sair daqui, mamãe — minha voz era fraca e quebrada, as palavras saindo com dificuldade. — Ele se preocupa mais com seu emprego do que com nossa família... Eu nunca pensei que ele pudesse me machucar assim.
Minha mãe não respondeu, sua expressão estava embaçada pela tristeza e pelo desespero. Ela levantou os olhos para olhar para o papai, que agora estava na porta do escritório, como se estivesse fugindo da cena que ele mesmo havia causado. Ele não se virou para olhar para nós, apenas passou pela porta e a fechou com um som abafado.
Depois que ele bate a porta, eu me viro e encaro o chão. Fico olhando por tanto tempo, que parece que estou num transe. É estranho como a vida pode mudar por completo no intervalo entre o momento que a gente acorda e a hora que vai dormir.
— Vamos, Sisi. — ela murmurou, tentando levantar-me com cuidado, mas eu sentia como se cada movimento fosse um sofrimento adicional. — Vamos curar essas feridas.
O silêncio do meu genitor era uma sentença que parecia impossível de ser enfrentada, um reflexo sombrio de uma realidade que agora parecia irreparável.
kiss, tori
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ℳeu ℰclipse , dark boy
Teen Fiction❛ 𝗻𝗼𝘄 you're 𝗷𝘂𝘀𝘁 somebady that 𝗶 used 𝘁𝗼 know. ❜ Destruidor na pista e na cama, Tyler Connor é um piloto de racha acostumado a ter adrenalina correndo em suas veias, faz jus à toda fama de cafajeste que carrega. Mas tudo se...