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𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.

𝓒onnor sinaliza para que eu escolha alguma música. Coloco uma do Death Cab e ele abre um grande sorriso, que ilumina o sol. Com o som calmo soprando no ar ao nosso redor, fecho os olhos, encaro o vento, com minha trança solta chicoteando atrás de mim. Pela primeira vez em dias, estou completamente feliz. Sem hesitação e sem nenhuma dúvida.
 
— Sou a mulher mais inteligente do mundo por sugerir isto.

— Gostaria de discutir só por discutir, mas não consigo — Connor responde, me lançando um olhar que me faz duvidar se ele está falando sério ou só provocando.

Meu coração dá uma cambalhota inquieta, percebendo que, pela primeira vez em meses, talvez anos, estou feliz. E, incrivelmente, é com Tyler, do lado dele, que isso esta acontecendo.

— Isso deve ser difícil para você.

Tyler ri.

— Mas é divertido discutir com você — ele diz. Não é um soco, percebo. É um elogio.

— Pare com isso — digo. Ele olha para mim e de volta para o caminho.

— Parar com o quê? — ele me olha de novo, com uma expressão de falsa inocência.

— Ser legal.

Quando ele torna a me olhar para ver se estou brincando, não consigo deixar de sorrir. Tyler Connor está fazendo algo estranho com minhas emoções.

— Sabe, para alguém que me odeia, você aceitou bem rápido vir comigo.

— Fique quieto.

Ele solta seu maior riso. É um som que nunca ouvi, e é um Tyler que faz muito tempo que não vejo. Cabeça inclinada para trás e os olhos enrugados de alegria. Ele parece tão feliz quanto eu.

[ . . . ]

E, milagrosamente, passamos horas sem discutir nenhuma vez. Mandei mensagem para Jane avisando que ele apareceu, e que estava comigo.

Cantamos Death Cab a viagem inteira e paramos para comer tacos à beira da estrada perto de uma baia verde-azulada e cristalina, juncada de corais. No momento, tenho quase quarenta fotos de Tyler no meu celular. Infelizmente, nenhuma delas pode ser usada para chantagem, porque ele está incrível em todas.

Tyler estica o braço, apontando para a tela do meu celular quando navego até uma foto dele. Está sorrindo tanto que eu poderia contar seus dentes, o vento batendo tão forte que pressiona sua camiseta contra o peito. Atrás dele, a água irrompe majestosamente da fenda até quase trinta metros de altura.

— Você deveria emoldurar esta para pôr em seu quarto — ele sugere, como se fosse a coisa mais natural mundo.

Olho por cima do ombro, sem saber se ele está brincando. Sua expressão enigmática não esclarece as coisas para mim.

— É... Acho que não. — inclino a cabeça. — Ela parece estranhamente obscena.

— Estava ventando! — ele protesta, claramente pensando que estou me referindo ao fato de que todo o contorno de seu peitoral está visível sob a camiseta branca.

— Estava falando da enorme ejaculação atrás de você.

O silêncio que segue é palpável, e eu olho para ele de relance, surpresa pela falta de uma resposta imediata. Tyler parece estar mordendo a língua, como se estivesse tentando decidir se aquilo foi um flerte mal disfarçado. Então, parece desistir da ideia, e dá a última mordida no seu taco.

Suspiro, deslizando para a próxima foto. Uma que de tirou de mim em frente à uma pedra. Tyler espia por cima do meu ombro de novo e sinto que ambos ficamos paralisados. De fato, é uma foto muito boa de mim.

Meu cabelo está para cima, mas solto da trança. Meu sorriso está enorme, não pareço a pessimista que sou. Pareço totalmente apaixonada pelo dia. E — inferno —, com o vento colando minha camiseta, meus peitos ficaram incríveis.

— Mande essa para mim? — ele pede baixinho.

— Claro — eu a envio e ouço o barulho de mitigação do seu celular. — Não faça com que eu me arrependa disso.

— O que vamos fazer hoje à noite? — ele pergunta, desviando do assunto.

— Devemos mesmo forçar a barra? — pergunto. — Estamos juntos há... — pego o braço de Tyler para dar uma olhada no relógio. — Uma hora seguida. Há hematomas, mas ainda não houve deramamento de sangue acho que devemos parar enquanto é tempo.

— O que isso quer dizer?

— Eu volto para casa, e fico no meu quarto vendo Netflix. E você perambula pela cidade para conferir suas horcruxes escondidas.

— Você sabe que para criar uma horcrux você tem de ter matado alguém, não sabe? — ele questiona.

Fico olhando para o mesmo, odiando a vibração que agita meu peito por ele entender a referência a Harry Potter. Sabia que Tyler curtia ler livros, mas gostar dos mesmos tipos de livros que eu? Isso faz minhas entranhas derreter.

— Você acabou de tornar minha piada muito sombria, Connor.

Ele amassa a embalagem do taco.

— Você sabe o que eu quero fazer?

— Ah... Sei, sim. Você quer falar pra sua irmã e amigos que você está vivo!

— Eu quero beber. Sei que gosta de coquetéis, Cassie Miller, e eu nunca vi você embriagada. Tomar algumas bebidas pode ser divertido, não?

— Parece perigoso — hesito.

— Perigoso? Como se fôssemos acabar nus ou mortos? — minha resposta o faz rir.

Ouvi-lo dizer isso é como levar um soco, porque é exatamente o que eu quis dizer com perigoso, mas a ideia de acabar morta não me assusta tanto quanto a primeira alternativa.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora