𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.— 𝓒omo assim isso não é um chapéu? — Tyler tira a cabeça da curva do meu pescoço, em segunda aponta para imagem do livro, com uma expressão de puro espanto.
— Isso é uma jiboia que engoliu um elefante — digo, como se fosse óbvio.
— Não é possível. Você está me zoando. Não tem como, isso é um chapéu mal desenhado.
— 'Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem entender melhor. Elas têm sempre necessidade de explicações...' — leio em voz alta, tentando manter a compostura, enquanto o garoto finge uma expressão de grande concentração.
Ele suspira, jogando a cabeça para trás dramaticamente.
— Acho que eu sou uma dessas pessoas grandes, então. Porque, sinceramente, isso ainda parece um chapéu pra mim.
— Você sabe que o problema não é o desenho, né? É a sua falta de imaginação — provoco, sorrindo de canto.
— Falta de imaginação? — ele ergue uma sobrancelha. — A minha imaginação é fantástica, obrigada. Se eu te falar o que eu estou imaginando agora... — ele me analisa com um sorriso malicioso nos lábios.
— Nojento! — faço careta. Dou risada, enquanto ele se inclina novamente, dessa vez encostando a cabeça no meu ombro.
Passo os dedos pelos seus cabelos, sentindo a leveza do momento enquanto continuo a leitura. Depois de algum tempo, percebo que a respiração dele fica pesada e tranquila. Fecho o livro, encostando-me junto a ele, aproveitando a quietude.
[ . . . ]
Quando acordo, o quarto está mergulhado em uma luz suave de fim de tarde. O relógio no canto indica que deve ser umas quatro da manhã. Vejo Connor entrando no quarto, com uma toalha na cintura e outra secando os cabelos. Ele para ao meu lado, um sorriso de lado no rosto.
— Acordou, minha donzela adormecida? — ele se senta ao meu lado, ainda esfregando a toalha na cabeça.
— Nem pra você eu sou uma donzela — brinco, piscando para ele.
Ele ri, jogando a toalha de lado, e nossos olhos se encontram. Ele levanta a mão, acariciando a lateral da minha cabeça com um toque suave.
— Queria que você ficasse assim na minha cama todas as noites. Quero tomar banho com você e cozinhar com você e ver televisão com você e ir ao mercado discutindo se a gente realmente precisa de mais molho de tomate. — ele sorri, dessa vez mais suave. — Eu quero tudo com você. Detesto que tenhamos que fingir que ainda não sabemos que vamos passar o resto da vida juntos.
É impressionante a rapidez com que o coração consegue dobrar de velocidade. Deslizo meus dedos em seus lábios, sentindo a textura quente e macia.
— Não estamos fingindo. A partir de agora, vamos mesmo passar o resto da vida juntos.
— Quanto tempo vamos precisamos esperar antes de começar?
— Pelo jeito, já começamos — observo.
Antes que eu pudesse responder com algo ainda mais elaborado ou profundo, nossos lábios se encontram.
Meu cérebro desligou ao mesmo tempo que meus dedos se enterravam no seu pescoço, e... Caralho. Connor me beijava com tanta intensidade, incendiando meus lábios enquanto as mãos se fechavam em volta da minha cintura e me apertavam de encontro ao seu corpo.
Ele me beijou como um homem desesperado de sede, arrancando-me uma série de ofegos entrecortados. Seus dentes capturaram meu lábio inferior ao se afastar, apenas para voltar em busca de mais. Um turbilhão de emoções eclodiu dentro de mim.
Ele voltou, ele voltou para mim.
Fiquei me dizendo isso sem parar, mesmo enquanto subia as mãos pelo peito dele e o envolvia pelo pescoço. Quando as mãos dele escorregaram por baixo da minha camiseta foi como se ele estivesse me tocando lá no fundo, aquecendo cada célula, preenchendo cada recanto escuro dentro de mim com o calor de sua própria pele.
Tocá-lo e beijá-lo daquele jeito era como sucumbir a uma nova febre. Eu estava pegando fogo. Meu corpo queimava. O mundo inteiro queimava. Gemi de encontro à boca dele.
De repente, um 'pop' ressoa pelo quarto, seguido de um 'crack'. Nós nos afastamos, os dois respirando com dificuldade, e então sentimos o cheiro familiar de plástico queimado. Connor se vira rapidamente, e vejo pequenas colunas de fumaça subindo de algum lugar próximo à cama.
— Será que a gente conseguiu incendiar o quarto só com esse beijo? — ele pergunta, ainda sem fôlego, mas com um sorriso brincalhão.
— Se a gente tivesse esse poder, já estaríamos em todas as manchetes do país — brinco, ainda tentando regular minha respiração.
— 'Casal incendeia quarto após beijo apaixonado' — ele imita um tom de apresentador de notícias. — 'Perícia localiza a causa: pura química.'
Eu dou risada, empurrando seu ombro.
— Ah, claro, porque química é o que mais define a gente, né?
— Vamos ver o que foi que a gente incendiou dessa vez? — ele estende a mão para mim.
— Dessa vez? — pergunto, erguendo uma sobrancelha enquanto aceito sua mão e me levanto. — Quantas vezes mais você já causou incêndios sem eu saber?
Ele dá de ombros enquanto me puxa para mais perto, os olhos brilhando de diversão.
— Você sabe, quando você tem uma personalidade inflamável como a minha, acidentes acontecem.
Rindo, seguimos juntos até a cozinha. O cheiro de plástico queimado fica mais forte conforme nos aproximamos. Quando chegamos lá, a visão é, no mínimo, hilária.
Em cima do fogão, uma cafeteira antiga estava derretida. O plástico deformado havia escorrido pela lateral, e uma fina camada de fumaça ainda escapava de algum lugar.
— Ah, ótimo — digo, cruzando os braços e olhando para ele. — Agora, além de incinerarmos o quarto, também matamos a cafeteira.
— A gente realmente não pode ser deixado sem supervisão.
— Quem colocou isso no fogo, afinal? — eu pergunto.
Ele levanta a mão, admitindo a culpa, como se fosse uma criança pega no flagra.
— Eu. Quer dizer, eu achei que precisava de café pra manter a sanidade... mas, aparentemente, a gente não precisa mais — ele segura o riso. — Se eu soubesse que o café estava em risco, teria vindo salvar o dia mais cedo. — Connor se aproxima do fogão, analisando a cafeteira derretida. — R.I.P. à minha cafeteira.
kiss, tori
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ℳeu ℰclipse , dark boy
Teen Fiction❛ 𝗻𝗼𝘄 you're 𝗷𝘂𝘀𝘁 somebady that 𝗶 used 𝘁𝗼 know. ❜ Destruidor na pista e na cama, Tyler Connor é um piloto de racha acostumado a ter adrenalina correndo em suas veias, faz jus à toda fama de cafajeste que carrega. Mas tudo se...