075

130 8 3
                                    

𝓜iami, Flórida.
Cassie Miller.

anos atrás . . .

𝓞 constrangimento revirava o meu estômago, agora com mais intensidade do que algumas horas atrás, porque Tyler e eu estávamos sozinhos — tecnicamente, é claro.

Eu ainda fico envergonhada com a presença de Tyler, mesmo ele sendo irmã da minha melhor amiga — seja porque ele fez uma piada de duplo sentido ou porque, ainda não me contento com seus sorrisos.

— Trouxe uma coisa para você.

Esparramado na poltrona do cinema, Tyler vasculhou a sacola de doces e tirou algumas barrinhas de Twinx. Quis rir porque havia algo de muito fofo sobre ele ter lembrado do meu chocolate favorito. Enquanto mastigava uma tira de goma ácida. Eu rasguei a embalagem e levei o doce até a boca.

— Obrigada — digo, sorrindo honestamente.

Convencido, ele molhou o lábio inferior e continuou me encarando.

— Pode dizer, vai.

— O quê? — mordi mais um pedaço do chocolate.

— Eu sou demais.

Revirei os olhos, mas não respondi.

Conforme as luzes se apagavam e o filme começava, nossos amigos se acomodaram em seus assentos, deixando Connor e eu meio isolados no canto. Ele parecia tão à vontade, enquanto eu me sentia tensa e nervosa pela proximidade repentina.

Os créditos iniciais começaram a subir na tela enorme e o som trêmulo ecoou pelas caixas de som. Durante o filme, meu coração batia mais rápido do que a trama se desenrolava na tela. Eu tentava me concentrar no que estava acontecendo, mas não conseguia evitar sentir seu calor ao lado de mim. Em um momento de suspense, nossos braços se tocaram sem querer, e senti um arrepio percorrer minha espinha.

Mesmo eu conhecendo ele há um ano, ainda sinto a mesma sensação que senti quando o vi pela primeira vez. Foi um amor à primeira vista que nunca desapareceu. Cada vez que nossos olhares se encontravam, meu coração ainda dava aquele salto, aquela sensação de borboletas no estômago que não se dissipava.

Eu me recostei na poltrona. A grande vantagem de sentar ao fundo era que o volume não tão intenso quanto no meio e era aconchegante.

Tyler me olhou por cima do ombro, os cotovelos apoiados nas coxas incrivelmente grossas. O silêncio pairou por alguns instantes. Era desse tipo de momento que eu queria fugir.

Connor virou para mim, os olhos encontrando os meus no escuro da sala.

— Você está gostando do filme? — ele perguntou, quebrando o silêncio que se formara entre nós.

— Sim, está ótimo — respondi rapidamente, tentando manter a voz calma.

Minha garganta secou e eu me mexi na poltrona, desconfortável. Connor sempre me fez sentir como se estivesse sob a mira de um atirador e eu e eu precisava torcer para que ele não atirasse.

[ . . . ]

Logo após ao cinema, Tyler se ofereceu a me levar em casa. Quando chegamos à frente do prédio em que eu morava, ele perguntou se poderia me acompanhar até a porta do meu apartamento. Pelo visto, a vontade de prolongar aquele momento não era só minha.

Então, entramos no elevador. Apesar de mais relaxados, ainda estávamos tímidos, e digamos que estar com ele, o cara que fazia o meu coração disparar, num espaço fechado minúsculo não facilitava as coisas. Afinal de contas, ainda não tinha rolado nada. De repente, ele me pediu.

— Me dá a sua mão? — feito um cigano lendo a sorte, ele olhou para a minha palma estendida. — Olha, vou te falar uma coisa. Nessa linha aqui tá escrito que hoje você vai encontrar o cara que vai mudar a sua vida.

A única reação que eu consegui ter naquele momento foi sorrir sem graça e proferir duas palavras.

— Então tá.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora