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𝓜iami, Flórida.
Tyler Connor

𝓟oucas coisas conseguiam, de fato, me tirar do sério: erros amadores na corrida, os jogos de chantagem do meu pai, minha irmã — ironia, ou não — e, principalmente, a sensação de estar sendo deixado de fora de alguma coisa.

Por várias vezes naquela semana pensei estar à beira de um colapso nervoso.
Não conseguia entender os comentários nada sutis de Logan e a repreensão rigorosa de Rafe e Mason.
Carter era um mestre na arte de falar merda, mas tudo parecia mais ameaçador. E isso me dava nos nervos.

A casa fedia a cerveja, suor e maconha e o calor era quase insuportável. Em situações normais eu estaria me divertindo feito um louco. Mas, cacete, eu estava desgastado.
Não sabia exatamente o quê, mas havia algo diterente.

Eu estava esparramado no sofá, segurando um copo de whisky com uma mão enquanto a outra repousava sobre a coxa quase nua da garota sentada no meu colo. Os caras ao nosso redor tinham engatado em uma conversa sobre os motores dos carros, mas não dei a menor atenção. Me sentia aéreo, mesmo sem colocar um mísero baseado entre os lábios.

— O que você acha de nós levarmos essa comemoração lá para a minha casa? — Maya Lewis se curvou sobre mim, exibindo os seios de 5 mil dólares bem na minha cara.

Tudo na forma como ela se esticava para me dar um beijo no canto da boca exalava segundas intenções. Com um sorriso preguiçoso, balancei a cabeça. Talvez uma noite inteira de sexo me deixasse mais focado.

— Posso conseguir mais uma pessoa para fazer parte da nossa festinha se preferir — sugeriu, remexendo a bolsa da Yves Saint Laurent.

Merda. A calça jeans havia começado a ficar mais apertada.

— Agora sim estamos conversando — forcei o seu quadril contra o meu ao passo que ela retocava o batom vermelho escuro, encarando a si mesma em um espelho redondo.

Eu e Lewis tínhamos um caso de alguns meses — Oito? Seis? Quatro?
Eu não tinha a menor ideia — e apesar de ser algo escancarado, não era sério.
Na verdade, estava longe de ser sério. Era uma amizade com benefícios mútuos e, para ser honesto, eu adorava isso.

— Vou ir atrás de alguém — ela piscou, erguendo os lábios em um sorriso malicioso e então sumiu no meio da multidão.

— Mason apostou que o Chase ganha do Logan na corrida de semana que vem, mas eu duvido muito — a voz de Rafe atraiu a minha atenção e eu voltei a me concentrar na conversa.

— A propósito, cadê o Mason? — interrompi, depois de tomar um longo gole da Jack Daniel's Apple em meu copo.

Ele deu de ombros.

— Deve estar agarrando a Jane no segundo andar — respondeu para, em seguida, voltar a tagarelar.

Mason e Jane ficam a mais ou menos quatro meses. Não ligo muito, pois minha irmã já é maior de idade e sabe muito bem o que faz.
Porém, também não ligo de quebrar a cara do Mason se ele fazer minha irmã caçula chorar, pode ter certeza, que não vou ter dó nenhuma.

Num gesto automático, ergui os olhos para a escadaria e isso foi o suficiente para que meu coração desce um salto, e eu parasse de respirar.
Meu cérebro demorou para assimilar o que via, porque ele não processava aquelas informações. Senti um aperto no peito e quase deixei o copo de vidro se espatifar no chão.

A enxurrada de lembranças veio a mente.

A música, as risadas e as conversas que preenchiam o ambiente desapareceram quando eu a vi, quando eu a reconheci.

Então, tudo fez sentido: as piadas internas entre os garotos, o silêncio repentino quando eu me aproximava e a súbita mudança de assunto quando Logan começava com as piadas estúpidas.

Era sobre ela.
Cassie Miller.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora