Sacrifícios - XXXIV

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O tempo no lugar seguro fluía de maneira diferente, mas Kent e Dan sabiam quando estava quase na hora de acordar. Um silêncio melancólico se instalou entre eles, enquanto o brilho das estrelas começava a diminuir e a textura da água do lago se tornava mais estática. Era como se o mundo estivesse desacelerando para se despedir deles.

- Acho que está chegando a hora, não é? - Dan perguntou, seu tom de voz carregado de tristeza.

- Sim, mas tudo bem. Nós vamos nos encontrar de novo - Kent disse, tentando soar positivo, mesmo que seu coração estivesse pesado com a ideia de acordar e retornar à realidade.

Dan segurou a mão de Kent com força, como se não quisesse soltar. Ele sabia que, assim que acordasse, teria que lidar com os desafios do mundo real. Crisley, Benjamin, Alain, e todos os outros elementos de uma vida perigosa e imprevisível. Mas o que importava era que sempre haveria um lugar seguro para onde eles poderiam retornar, mesmo que apenas em seus sonhos.

- Eu gostaria de ficar aqui para sempre - Dan disse, quase como um sussurro.

- Eu também - Kent respondeu, apertando a mão de Dan. - Mas não se esqueça, nosso tempo juntos nunca é desperdiçado. Cada momento aqui nos dá forças para continuar lá fora. E eu estarei esperando por você toda vez que precisar.

Dan sorriu, embora a tristeza ainda estivesse presente em seus olhos. Ele sabia que Kent estava certo, mas isso não tornava a despedida mais fácil.

- Quando você vai voltar? - Dan perguntou, tentando não demonstrar sua preocupação.

- Assim que puder. Vou me certificar de que nada me impeça de voltar para você - Kent respondeu, garantindo a Dan que seu compromisso era sólido. - Vou te encontrar aqui de novo, prometo.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas apreciando a presença um do outro. Era um momento de paz antes da tempestade, um lembrete de que, mesmo em meio ao caos, sempre haveria um lugar para o amor e a conexão.

- Até logo, Dan - Kent disse, beijando a testa de Dan com carinho.

- Até logo, Kent - Dan respondeu, fechando os olhos e deixando-se levar pela sensação de paz que aquela despedida trazia.

À medida que a luz ao redor deles diminuía, eles sabiam que logo estariam de volta ao mundo real, com suas lutas e desafios. Mas cada despedida era apenas um lembrete de que eles sempre se reencontrariam, não importa quão longe estivessem um do outro. Afinal, o amor entre eles era o que os mantinha firmes, mesmo nos momentos mais sombrios.

Eles chegam na saída e veem Eve presa por uma corrente mágica e logo ao lado veem Alain...

Alain está ao lado de Eve, observando-a com uma expressão de triunfo. A corrente mágica que a prende brilha com um tom iridescente, oscilando como uma chama. O ambiente ao redor é sombrio, iluminado apenas pelo brilho da corrente e algumas tochas espalhadas pelo local. Theo e Dante param abruptamente ao ver a cena, com Theo segurando o braço de Dante para evitar que ele avance impulsivamente.

- Se aproximem devagar e nada de movimentos bruscos - diz Alain, sua voz ecoando pelas paredes úmidas da saída. - Sei que estão preocupados com a amiga de vocês, mas não precisam se preocupar. Desde que façam exatamente o que eu digo, ela não será ferida.

Dante sente a raiva subir, mas controla-se. A espada que ele pegou mais cedo parece pesada em sua mão, mas ele sabe que uma ação precipitada poderia colocar Eve em maior perigo. Theo, por sua vez, mantém-se calmo, seus olhos estudando cada movimento de Alain, procurando uma fraqueza ou uma abertura para uma possível intervenção.

- O que você quer, Alain? - pergunta Theo, mantendo a voz firme, mas tentando não provocar mais o vilão.

- Quero um acordo - responde Alain com um sorriso cínico. - Vocês me dão a localização do Corvo de Prata, e eu deixo Eve ir. Se não, bem... vocês conhecem minha reputação.

Sombras do Abismo: O Corvo PrateadoOnde histórias criam vida. Descubra agora