Capítulo: Início De Uma Nova Vida

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Como todos os dias, abro meus olhos e me pergunto: qual é o propósito da minha existência? O que um homem de 31 anos, sem nada nem ninguém na vida, poderia oferecer? Como eu poderia fazer a diferença? Não consigo ver como tudo pode melhorar. Um homem mal-humorado e sarcástico, sem vontade de ver, conversar ou ajudar alguém. Enfim, aqui estou.

Depois de alguns minutos, levanto-me e caminho até a janela emperrada do quarto. Luto para abri-la. Coloco minha cabeça para fora e olho ao meu redor. E lamento tudo o que vejo. Pessoas que não respeitam nada nem ninguém. Penso no motivo de tudo estar tão revirado dessa maneira.

Quando volto a mim, reparo em uma figura estranha a uns 10 metros do apartamento. Uma sombra que parece me observar, adicionando um toque de mistério e melancolia à minha existência solitária.

Meus olhos se fixam nele, uma figura misteriosa que me observa. Vestindo uma sobretudo, chapéu puxado para baixo e um cigarro pendendo dos lábios. Ele exala um ar de cansaço, como se carregasse o peso dos anos em seus ombros. Quando tento buscar mais detalhes, sou interrompido por um estrondo repentino. Uma colisão de carro violenta ocorre a alguns metros de distância.

Desvio minha atenção para o acidente, mas quando volto a olhar para a figura, ela desapareceu. Me pergunto se ele era real ou se minha mente perturbada imaginou tal criatura. Seja o que for, não está mais me observando.

Desço as escadas e ligo a cafeteira, usando o pó de café de ontem, ou de algum dia que já não me lembro. Olho para a televisão, mas não me dou ao trabalho de ligá-la. Já tenho desgraças suficientes ao meu redor, não preciso de mais.

De repente, Ícaro, meu gato de estimação, surge pulando. Ele é violento e só aparece quando não há mais ratos para caçar. Abro a porta e vejo o céu cinza, tão cinza quanto as cinzas de um cigarro. A poluição é terrível, mesmo para alguém acostumado a viver neste cinzeiro que chamamos de cidade.

Me aproximo da garagem e abro a porta. Meu velho carro preto está lá, a pintura desgastada. É uma visão decadente, mas é isso ou enfrentar a fila do ônibus. Nem sei o que é pior. Entro no carro e sigo meu caminho.

Logo à frente, o trânsito está parado. Lembro-me da terrível colisão de algum tempo atrás. A vida segue, indiferente ao caos.

Respirei fundo, murmurando para mim mesmo, "Não deveria ter saído daquela maldita cama". Mal sabia eu que o que estava por vir mudaria completamente o curso da minha patética existência. Notei que à minha frente, aquele mesmo velho de aparência estranha continuava a me observar. Pensei comigo mesmo, "Chega, é a segunda vez hoje. Preciso perguntar o que esse cretino quer comigo". Então gritei,

- Ei, você! O que quer de mim?" Mas não obtive resposta.

Foi então que saltei do meu velho carro para perseguir o velho. Corri, mas parecia impossível alcançá-lo. Apesar de sua idade e aparência cansada, ele corria como um jovem em busca de sua primeira aventura amorosa. Quando menos esperava, ele se jogou por uma porta de um prédio abandonado, repleto de mendigos drogados. Parei e me perguntei se valia a pena continuar. Talvez não tivesse nada a ver comigo, talvez fosse coisa da minha mente doente. Mas decidi que não deixaria isso para outra vez. Era agora ou nunca.

Respirei fundo e mergulhei para dentro. Perdi-o de vista. "Que droga", pensei. Então, lá na frente, surgiu uma fresta de luz quase apagada. Fui em sua direção sem pensar que poderia ser uma armadilha ou qualquer outra coisa. Ao me aproximar, comecei a sentir um forte odor. Um cheiro familiar. Quando forcei meus olhos a se ajustarem à escuridão, vi a cor vermelha. Sangue? Segui o rastro que levava para dentro do cômodo mal iluminado, e o cheiro foi ficando cada vez mais forte.

Em meio à escuridão, ouvi um rugido. Um som gutural e aterrorizante que nunca antes havia penetrado meus ouvidos. Era de arrepiar, um som que fazia o sangue gelar nas veias e um mal-estar me invadia, como uma névoa fria e densa.

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora