Capítulo: O Despertar do Exército Celestial

6 3 0
                                    

A presença de Aaron ainda era palpável em nossas mentes e corações. Deixamos de sentir seu calor quando nos despedimos de seu túmulo e nos reunimos novamente na entrada do Cemitério Celestial. Ainda tínhamos que concluir nosso propósito naquele sagrado lugar, onde meu coração se quebrou e fez morada junto ao meu amor.

Amaranth estava em cima de uma pedra, seu olhar rasgando os túmulos dos celestiais à frente. Sua expressão era séria; podia ver através de seus olhos a determinação e a concentração. Eu sabia que não seria uma tarefa simples trazer o exército de anjos à vida novamente.

"Confiamos em seu poder, Amaranth."

Avisto Pietra sozinha em um canto, com a cabeça encostada em uma estátua. Parecia estar se culpando ou algo do tipo.

— Pietra! Você está bem? — pergunto a ela, minha voz trêmula.

Pietra, com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, vira-se lentamente e diz:

— Foi tudo culpa minha. Era para eu estar morta no lugar dele. Ele não podia ter feito isso.

Abracei-a com força, sentindo seu corpo tremer em meus braços. Não pude conter as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Afinal de contas, aquela pessoa importava para nós duas e havia sido levada para longe de nós de forma tão cruel e inesperada.

— Ei! Não diga isso — falo, tentando acalmar Pietra. — Ninguém tinha que morrer por ninguém, mas infelizmente aconteceu. Não quero que fique se culpando, dizendo que você deveria ter morrido.

Ela olhou em meus olhos, e pude ver a profundidade de sua dor refletida nos meus. No fundo, ela sabia que eu estava tentando ser forte, mas a verdade é que eu também estava despedaçada por dentro. Queria passar essa força para que ela seguisse em frente, mas era difícil quando eu mesma estava à beira do desespero.

— Vamos usar nossas dores, a falta que ele nos faz — Pietra fala firme, embora sua voz estivesse embargada —, para seguir com nosso propósito e nosso destino.

— É isso mesmo, é assim que se fala — digo, forçando um sorriso através das lágrimas.

Seguimos em direção a Raziel e notamos que Hórus estava parado à sua frente, segurando os itens de Aaron: a esfera de Cerberus e seus colares. Nos aproximamos e Hórus apenas nos saudou com um movimento de cabeça antes de desaparecer no ar.

— Minha cara Pietra — diz Raziel, com uma voz suave e triste —, quero que fique com isso.

Raziel entregou Cerberus para a melhor amiga de Aaron.

— Sei que irá cuidar dele tão bem quanto Aaron. Certamente seria o desejo dele — diz Raziel, sorrindo tristemente.

— Hela! Para você, quero que fique com a proteção dele — Raziel segura firme em minhas mãos —, essa cruz dada pelo avô de Aaron quando ele era criança. Ela é sua agora.

Era difícil conter a emoção. Ter o aconchego dos itens de batalha dele em mãos nos deu mais vontade de seguir em frente. Mesmo não presente além de nossos corações, ele estará presente em nossas batalhas.

— Chegou a hora — grita Amaranth, com uma voz carregada de dor e determinação —, o inferno chegou e o mundo está em perigo.

O inferno começava a se erguer, avançando lentamente em direção à cidade nova. O céu, antes azul e sereno, agora se tingia de um vermelho profundo, como se estivesse sangrando. O ar estava pesado, carregado com um cheiro pungente de morte e sangue, que parecia envolver tudo ao nosso redor.

De repente, uma gargalhada sinistra ecoou à distância, cortando o silêncio de forma assustadora. Era um som que gelava a espinha e fazia o coração bater mais rápido. Raziel, com os olhos arregalados e a expressão grave, murmurou:

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora