Capítulo: A Chamada do Infinito

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A sensação era estranha! Eu via o mundo se afastando, via meus amigos cada vez mais distantes. Olhando para frente, era capaz de ver a Morte Celestial conduzindo a jornada para o outro lado. Eu ainda não entendia bem, não aceitava que havia morrido. Não queria partir e deixar meus amigos na hora que mais precisavam de mim.

O mundo visto de cima por essa perspectiva era lindo demais. O mundo cósmico era cheio de cores e vidas diferentes do que éramos acostumados a ver e saber. O único lado bonito que até o momento sentia e via era esse. Os planetas eram incrivelmente perfeitos. Olhando para tudo isso, percebia a grandeza de Deus, o Criador.

— Gostando da vista? — perguntou a Morte.

— Gosto do que vejo, não nego. Mas confesso que não queria estar aqui — respondi.

— Aceite seu destino, Aaron — ela disse sorrindo. — A vida não acaba quando morremos, e sim começamos a viver.

Confesso que nada pude entender do que ela falou. Naquele momento, não me interessavam as frases dela tentando me convencer a aceitar que morri. Apenas pensava em arrumar um modo de retornar para os Guerreiros da Luz e ajudar a combater o miserável do Lúcifer.

— Como sei que minha missão na Terra acabou? — perguntei, olhando para ela.

— Aaron, sua missão acaba quando o Pai chama para morar ao lado dele — a Celestial falou.

— Então quer dizer que acabou minha parte na Terra mesmo? — perguntei, triste.

— Entenda que não posso dizer mais nada — ela disse, brava.

— Ainda falta muito? — perguntei.

— O tempo que for preciso — ela falou baixinho.

A angústia me consumia. Agora eu percebia por que muitos que morrem não aceitam que morreram. Querem continuar perto de seus familiares ou amigos, até mesmo se tornam espíritos que não abandonam suas casas, por serem apegados ao bem material.

Naquele momento, fechei meus olhos, apenas sentindo o som do espaço. Comecei a ver cada um de meus amigos. Principalmente, sentia o peso no coração de Pietra. Não, minha melhor amiga, eu não quero que tu carregues o peso de pensar que morri por tua culpa. Eu sei que faria o mesmo por mim ou qualquer outro de nós.

Raziel, sempre com o olhar nas alturas, aparentando não pensar, mas sei que sua cabeça está nos céus tentando achar uma saída.

Amaranth, Meridith, Máximo, Bel, Sundmoor e Blair. Não tenho como descrever a gratidão que sinto por Deus ter colocado cada um de vocês em minha vida. Pena que o destino me tirou antes do tempo de perto de cada um. Queria poder conviver além da Guerra dos Mundos ao lado de vocês.

Padre Leonhard, no fundo eu sabia que tu escondias algo a mais do que dizia. Além de seu segredo, tu ainda guardavas algo. Mas entendo que Deus lhe deu a tarefa de não dizer nada sobre o que viria acontecer.

Hela, meu grande amor, a pessoa que esperei a vida toda encontrar. Aquele pedaço que sentia que ainda me faltava se completava quando olhei em seus olhos pela primeira vez. Naquele momento, senti que era amor e não um devaneio qualquer. Tua beleza vai além do que os olhos podem enxergar. Espero que um dia, não nesta vida, porque para mim acabou, mas que em outras tu ainda sejas minha metade, e lá possamos viver o amor que gostaríamos de ter vivido.

Sinto muito a cada um de vocês por essa obra do destino.

Enquanto eu flutuava no espaço, a Morte Celestial permaneceu em silêncio, respeitando meu momento de reflexão. Eu sabia que minha jornada estava apenas começando e que, de alguma forma, encontraria um caminho de volta para ajudar meus amigos. Afinal, o amor e a amizade transcendem até mesmo a morte.

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora