Capítulo: O Despertar da Esperança

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A cena era de uma perfeição e beleza assustadoras. Os anjos enfileirados caminhavam ao nosso lado, uma visão divina e, ao mesmo tempo, aterrorizante. Sabíamos que estávamos marchando para a batalha contra o Inferno, rumo ao anjo da luz caída. Mesmo com tudo que fizemos até aqui e tudo que enfrentamos até o momento, era inevitável pensar que poderíamos fracassar e que as trevas venceriam a batalha.

Nesse momento, eu pensava nas visões que Pietra teve quando estava doente sob os poderes de Infernus. O medo era constante, medo de tomarmos as decisões erradas e pôr fim a tudo. Perdemos Aaron, e isso ainda nos deixava com um lamento e tristeza profundos. Ele mantinha a esperança do grupo, a força e a coragem. Era estranho andar sem ver o seu sorriso ao meu lado.

"Meu amor, por que teve de ser arrancado bruscamente de nossas vidas? Por que Deus teve de levar você de mim?"

Eu caminhava ao lado de Pietra e Raziel, liderávamos o exército de anjos. Logo atrás, vinham os demais. O silêncio era palpável, quase ninguém dizia nada. O luto ainda estava em cada um de nós, cada um à sua maneira, todos pela mesma perda.

Blair avançou e ficou ao lado de Pietra. Era notável que a garota via Pietra como uma irmã mais velha. O modo como as duas interagiam juntas, Blair sendo a mais nova e convivendo menos tempo conosco e com Aaron, tentava dar um pouco de paz ao coração da amiga.

Bel andava com a cabeça vaga, o Bardo parecia estar apenas ali de corpo, sua mente estava perdida. Tocava seu instrumento com notas tensas e preocupantes. A cada nota suada, parecia haver um peso imenso sobre nossa caminhada.

Meridith e Máximo andavam em silêncio. Aquela energia e amor que havia no ar quando os dois estavam juntos deixou de existir. Agora, apenas seguiam rumo ao centro do combate, esperando o fim, com a vitória ou a derrota. Daria tudo para que eles dois ficassem alegres como antes.

Amaranth era a única que mantinha os olhos firmes e frios. Segurava seu dragão nas mãos e dava passos decididos. Não sei como ela se manteve ao nosso lado. Aaron e Amaranth tinham um acordo, e com a morte dele, o acordo se quebrou.

Sundmoor andava sozinho, falando em uma linguagem diferente da nossa. Eu entendia o que dizia, mas preferi respeitar seu momento. Afinal de contas, nenhum de nós teve um momento bom após o ocorrido.

Foi quando avistei duas crianças, dois anjos. Apareceram do nada, caminhando ao meu lado, com olhares tristes. Olhei para os demais, na esperança de que mais alguém os visse ali, mas, estranhamente, pareciam invisíveis aos olhos do grupo.

— Quem são vocês dois? — pergunto às crianças.

A menininha menor, com olhos grandes e brilhantes, respondeu timidamente:

— Hela, eu sinto muito! Me chamo Lorena.

O menino maior, com lágrimas escorrendo pelo rosto, apenas chorava em silêncio. Era possível ver que seu rosto estava molhado e seus olhos vermelhos de tanto chorar.

— Me chamo Rael. Juntos éramos anjos que ajudavam Aaron.

Aquilo cortou meu coração. Ver as duas crianças que ajudavam Aaron se lamentando pela sua morte e sofrendo junto comigo era insuportável. Eu me ajoelhei ao lado deles, tentando encontrar palavras de consolo.

— Ei, vocês dois, não precisam chorar — disse, tentando confortá-los. — Ele está em um lugar melhor agora.

Lorena, enxugando as lágrimas com as costas da mão, assentiu.

— Sim, nós sabemos. Vimos ele de longe — disse ela, com a voz trêmula.

— Como puderam vê-lo? — perguntei, abismada.

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora