Em meio ao caos que se espalhava pelas Terras Sombrias, o medo se tornou uma constante na vida dos habitantes. O Nevoeiro Sombrio trouxe consigo não apenas criaturas de pesadelos, mas também sussurros de antigas profecias que falavam do retorno dos dragões, seres de poder inimaginável e destruição indescritível.
Flamífero Sombrio, o dragão ancestral, era uma lenda viva que agora assombrava a realidade de todos. Seu surgimento não foi um acaso; foi um presságio de tempos ainda mais sombrios. As Montanhas Negras, antes um refúgio de beleza e mistério, tornaram-se sua morada e prisão para aqueles que ousavam desafiar suas trilhas.
A Necromante, uma figura tão temida quanto reverenciada, era a única que parecia ter algum controle sobre o dragão. Dizia-se que ela tinha um segredo, havia feito um pacto com as próprias sombras para obter tal poder. Seu domínio sobre a morte era incontestável, e Flamífero Sombrio era seu executor, seu guardião implacável.
O pacto entre a Necromante e Flamífero Sombrio é um mistério envolto em sombras e sussurros antigos. Diz a lenda que a Necromante, era uma estudiosa das artes ocultas que buscava o poder supremo sobre a vida e a morte. Em sua busca incessante, ela descobriu um antigo Grimório que continha o conhecimento proibido dos dragões ancestrais.
Flamífero Sombrio, o dragão que dormia nas profundezas das Montanhas Negras, era guardião de um poder que transcende os limites terrenos. A Necromante, com sua ambição e astúcia, conseguiu despertá-lo através de um ritual arcano que exigia um sacrifício de imensa magnitude. Em troca da liberdade do dragão, ela ofereceu sua própria alma, mas com uma condição: enquanto ela vivesse, Flamífero Sombrio estaria ligado à sua vontade.
O pacto foi selado com sangue e sombras. A Necromante ganhou o controle sobre o dragão e, com ele, um poder quase divino. No entanto, esse poder veio com um preço: a eternidade solitária nas Terras Sombrias, governando sobre fantasmas e criaturas corrompidas pelo Nevoeiro Sombrio.
A verdadeira natureza do pacto é conhecida apenas pela Necromante e pelo próprio Flamífero Sombrio. Alguns dizem que há uma cláusula secreta, uma maneira de quebrar o vínculo sem destruir ambos. Mas esses são apenas rumores, sussurros de esperança em um mundo onde o medo domina.
Os poucos que retornaram das Terras Sombrias falavam de visões horripilantes: almas penadas vagando sem descanso, criaturas distorcidas pelo Nevoeiro Sombrio e o som das asas do dragão ecoando como trovões distantes. Aqueles que voltaram nunca foram os mesmos; algo em seus olhos havia mudado, como se parte deles tivesse ficado para trás, perdida nas sombras.
Os habitantes das Terras Sombrias veem a relação entre a Necromante e Flamífero Sombrio com uma mistura de temor e fascínio. Para eles, a Necromante é uma figura ambígua; por um lado, ela é a soberana que impõe ordem ao caos do Nevoeiro Sombrio, mantendo as criaturas mais perigosas à distância. Por outro, ela é a mestra de horrores inomináveis, cujo poder sobre a morte é um lembrete constante de sua própria mortalidade.
Flamífero Sombrio é visto como o executor da vontade da Necromante, uma força da natureza que personifica o poder e o medo. A presença do dragão nas Montanhas Negras é tanto uma bênção quanto uma maldição; ele protege as Terras Sombrias de invasores externos, mas também impede que os habitantes deixem suas terras malditas.
Apesar do medo que sentem, os habitantes nutrem um respeito relutante pela Necromante e seu dragão. Eles entendem que o pacto entre os dois é o que mantém um equilíbrio precário em seu mundo sombrio. Alguns até veneram a Necromante como uma divindade sombria, oferecendo-lhe tributos na esperança de ganhar sua proteção ou pelo menos evitar sua ira.
No fundo, os habitantes das Terras Sombrias sabem que são peões em um jogo de poderes além de sua compreensão. Eles vivem suas vidas com cautela, sempre conscientes de que a paz é temporária e que a verdadeira natureza do pacto pode trazer consequências imprevisíveis para todos eles.
Uma única pessoa jura por todos os seus antepassados que já viu a Necromante vagando por outros lados das terras sombrias.
"Há muitos anos, antes do Nevoeiro Sombrio se tornar uma presença constante nas Terras Sombrias, uma moradora local, chamada Elara, teve um encontro inesperado que desafiaria as histórias contadas ao redor das fogueiras. Elara era uma jovem curiosa e destemida, com olhos que brilhavam com o desejo de descobrir os segredos do mundo.
Em uma tarde enevoada, enquanto explorava as florestas próximas às Montanhas Negras, Elara avistou uma figura solitária entre as árvores. Era uma mulher de beleza etérea, com cachos avermelhados que caíam sobre os ombros como chamas suaves. Seu rosto era adornado por sardas que pareciam dançar com a luz filtrada pelas folhas. Seus olhos, de um verde profundo, tinham um brilho penetrante que parecia enxergar diretamente na alma de Elara.
A jovem moradora ficou paralisada, não pelo medo, mas pela surpresa. A mulher diante dela não correspondia às descrições temíveis da Necromante que ouvira desde criança. Não havia sinais da idade ou da corrupção que as histórias sugeriam; em vez disso, ela emanava uma aura de poder e graça.
A Necromante percebeu a presença de Elara e, com um sorriso enigmático, aproximou-se.
- "Não tenha medo - disse ela com uma voz que carregava o peso dos séculos, mas também a suavidade de uma brisa. - As histórias que contam sobre mim são sombras distorcidas da verdade.
Elara, reunindo coragem, perguntou quem ela realmente era. A Necromante respondeu:
-Sou alguém que buscou o conhecimento proibido e encontrou a imortalidade. Sou guardiã destas terras e senhora do dragão que voa alto acima das nuvens negras.
A conversa entre Elara e a Necromante continuou por algum tempo, e embora muitos detalhes permaneçam um segredo entre elas, Elara voltou para sua aldeia com uma nova compreensão. A Necromante era mais do que as lendas diziam; ela era um ser complexo, cuja aparência jovial escondia séculos de sabedoria e poder.
Desde aquele dia, Elara passou a ver as Terras Sombrias sob uma nova luz. Ela sabia que havia beleza no meio do medo e que até mesmo os seres mais temidos podiam ter camadas inesperadas de profundidade e humanidade."
E com o passar dos tempos a Necromante e Flamífero Sombrio tornaram-se símbolos do medo que se espalhava pelas terras. Histórias eram contadas em sussurros sobre o poder da Necromante em comandar os mortos e sobre o fogo sombrio que Flamífero exalava, capaz de consumir não apenas corpos, mas também almas. Uns dizem ser inverdades outros acredita com toda certeza do mundo.
As Terras Sombrias permaneceram isoladas, um reino onde o medo reinava soberano e onde poucos se atreviam a entrar. Aqueles que viviam à sombra das Montanhas Negras sabiam que a paz era um presente frágil, concedido pela vontade caprichosa da Necromante e pela presença ameaçadora do dragão ancestral.
No fim das contas, o medo que todos esses rumores, verdades e inverdades que permeiam, era uma proteção imbatível. Pois poucos se atreviam a se aventurar nas Terras Sombrias, o que garantia a paz que no lugar reinava.
Fim Do Capitulo 26
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da Luz
General FictionEste livro narra a saga de um jovem, Aaron, escolhido pelo próprio Deus para prosseguir com as batalhas celestiais. Ele é encarregado de combater as forças das trevas, onde o Demônio busca romper as correntes que unem três mundos: o Céu, o Inferno e...