Caí de joelhos ao lado do corpo inerte de Aaron, o mundo desmoronando ao meu redor. A cena parecia irreal, como se eu estivesse presa em um pesadelo cruel. Aaron, meu amado, com quem descobri o significado do amor e da conexão verdadeira, agora se afastava de mim como uma brisa triste e fria.
O destino, implacável em sua ironia, nos trouxe algo tão precioso em meio a tantas adversidades. Aaron era a luz que coloria minha vida, e agora essa luz se extinguia abruptamente. Seus olhos não mais encontrariam os meus, seu sorriso não mais aqueceria meu coração.
Ele se sacrificara para salvar Pietra, sua melhor amiga. Admirável, sim, mas eu não conseguia evitar a dor avassaladora. Nossos planos para o futuro, nossos sonhos compartilhados, tudo desmoronava junto com ele. Como seguir adiante sem a sua presença? Como encontrar sentido em um mundo que agora parecia vazio e sombrio?
Talvez, com o tempo, eu aprendesse a carregar essa ausência. Talvez as lembranças se transformassem em saudade, e a saudade, em carinho. Mas, por enquanto, eu me permitiria chorar, sentir a dor profunda e honrar a memória de Aaron.
A vida, cruel e bela, continuaria seu curso, e eu, mesmo com o coração partido, seguiria em frente. Porque amar alguém é também aceitar a dor da perda, sabendo que o amor vale cada lágrima.
Todos estavam desolados, buscando consolo uns nos outros. Raziel permanecia de pé, o olhar perdido no céu. Ele se aproximou de mim e disse:
- Minha querida Hela, a morte não é o fim, mas sim um novo começo. Somos egoístas ao não aceitar a perda, mas Deus sabe o que faz.
Aquelas palavras trouxeram pouco alívio, como uma brisa gélida que apenas aumentava o frio em meu peito. As lágrimas não podiam ser contidas. O céu, pesado e choroso, começou a derramar sua tristeza sobre nós. Gotas de despedida caíam como lâminas afiadas, cortando minha alma em pedaços.
Aaron, meu amado, jazia ali, imóvel. Seu sorriso, que costumava iluminar meus dias, agora era apenas uma lembrança distante. A chuva gelada misturava-se ao amargor das lágrimas em meu rosto, tornando-as ainda mais tristes e insuportáveis.
- Chegou a hora! - Diz Pietra. - Aurelius nos disse que há um lugar para Aaron.
Eu concordo, balançando a cabeça, sendo incapaz de conter a dor que esmaga meu coração.
- Também sentirei falta dele. Aaron era meu melhor amigo; eu o amava com todo o meu coração. Sinto muito pelo que aconteceu.
- Tudo bem, minha querida – Respondo a Pietra. – Aaron não seria quem era se não fizesse o que fez.
Nos abraçamos, choramos copiosamente. A tristeza que carregamos é avassaladora, e o vazio em nossos peitos parece insuperável.
O cenário era sombrio e solene. Máximo, com os olhos marejados, ergueu o corpo gélido de Aaron em seus braços robustos. Os outros guerreiros seguiam atrás, formando um cortejo fúnebre silencioso. A dor era palpável, pesando sobre todos, até mesmo sobre o mais duro entre eles, cujas lágrimas traíam sua fortaleza.
Eu respirei fundo, tentando conter o choro que ameaçava me dominar. As palavras da triste "Canção das Rosas Negras" escaparam de meus lábios trêmulos. Bel, o bardo, acompanhava-me com seu instrumento mágico, as notas ecoando como um lamento ancestral.
(Verso 1)
No jardim da dor, onde as rosas negras florescem,
Caminho solitário, coração partido, o amor desvanece.
Seus perfumes sombrios, memórias que me enlaçam,
A cada passo, a saudade aumenta, a esperança se desfaz.(Refrão)
Rosas negras, pétalas de tristeza,
Cobrem o solo onde outrora dançamos com destreza.
O vazio é meu companheiro, a solidão me abraça,
E o vento sussurra segredos de um amor que se despedaça.(Verso 2)
As espinhas das rosas cravam fundo na alma,
Lembranças afloram, lágrimas como chuva calma.
Onde está você agora? No silêncio, na escuridão?
O amor que se foi, deixou-me perdido, sem direção.(Refrão)
Rosas negras, pétalas de tristeza,
Cobrem o solo onde outrora dançamos com destreza.
O vazio é meu companheiro, a solidão me abraça,
E o vento sussurra segredos de um amor que se despedaça.(Ponte)
Talvez eu devesse ter regado essas rosas com lágrimas,
Talvez elas tivessem florescido de novo, apesar das mágoas.
Mas o tempo é implacável, e o jardim da dor é vasto,
Agora, só me restam as lembranças e o perfume do passado.(Refrão)
Rosas negras, pétalas de tristeza,
Cobrem o solo onde outrora dançamos com destreza.
O vazio é meu companheiro, a solidão me abraça,
E o vento sussurra segredos de um amor que se despedaça.(Final)
No jardim da dor, entre rosas negras, caminho devagar,
Aprendendo a aceitar a perda, a enfrentar o luto sem hesitar.
E talvez, quem sabe, um dia, essas pétalas escuras se transformem,
Em lembranças suaves, em saudades que não mais me consomem.O vento sussurrava entre as árvores, como se também lamentasse a perda. Os guerreiros da luz, com olhos cansados e corações pesados, marchavam em silêncio. Aurelius nos liderava, caminhava à frente, sua expressão marcada pela tristeza profunda.
O local escolhido para o descanso final de Aaron era um pequeno bosque, onde a luz do sol mal conseguia penetrar. O solo úmido e macio parecia acolher a dor de todos ali presentes. Cada passo era como carregar uma montanha de saudade.
Máximo colocou Aaron no chão. Pietra e eu, segurávamos seu corpo nos braços. O peso era insuportável, mas não ousávamos deixá-lo. As lágrimas escorriam por nossos rostos. Pietra, ao meu lado, apoiava-me, compartilhando o fardo da perda.
Os outros guerreiros formavam um círculo ao redor. Seus olhares encontravam-se, comunicando uma tristeza que palavras não podiam expressar. Cada um tinha sua própria história com Aaron, suas próprias lembranças e cicatrizes.
Raziel parou diante de uma árvore centenária. Suas mãos enrugadas tocaram o tronco, como se buscasse consolo na natureza. Ele olhou para o céu, onde nuvens escuras se acumulavam.
- Aaron - murmurou ele - Você foi um guerreiro valente, um amigo leal. Descanse em paz.
Pietra abaixou o corpo de Aaron com cuidado, depositando-o no solo. A terra o receberia, abraçando-o como uma mãe que acolhe seu filho. Os outros guerreiros se ajoelharam, suas cabeças baixas. O vento carregava suas preces silenciosas.
E assim, naquele lugar sagrado, Aaron encontrou seu descanso. Todos nós ficamos ali por um tempo, compartilhando a dor e a saudade. O mundo parecia mais vazio sem ele, mas sabíamos que sua luz continuaria a brilhar em cada coração, guiando-nos nas batalhas que ainda viriam.
- Que a terra seja leve sobre você, Aaron. E que os ventos levem sua memória para além das estrelas. – foi tudo que pude dizer, apesar de tudo que sentia.
E assim, entre lágrimas que pareciam conter todo o peso do mundo e uma melodia que ecoava como um lamento profundo, despedíamo-nos de Aaron. Sua luz havia se apagado, mas sua memória permaneceria viva, como uma ferida aberta, em nossos corações dilacerados pela saudade insuportável.
Fim Do Capitulo 44
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Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da Luz
General FictionEste livro narra a saga de um jovem, Aaron, escolhido pelo próprio Deus para prosseguir com as batalhas celestiais. Ele é encarregado de combater as forças das trevas, onde o Demônio busca romper as correntes que unem três mundos: o Céu, o Inferno e...