Capítulo: Visões de Pietra

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Mesmo na escuridão do inconsciente, eu sentia a presença opressora de tudo ao meu redor. As vozes sussurravam como ventos frios, cada palavra uma adaga afiada que cortava a minha alma, revelando a terrível realidade do meu estado. Eu desejava que nada disso tivesse acontecido, que eu não tivesse sido o obstáculo em nossa jornada.

Agora, olhando para trás, percebo que poderia ter sido mais cautelosa ao enfrentar Infernus. Mas a tranquilidade e a serenidade me levaram a enfrentar o inimaginável, e agora estou aqui, jogada em uma cama fria, um fardo para os outros. Cada respiração é um lembrete do meu fracasso, cada batida do meu coração, um eco da minha derrota. A escuridão me envolve, e tudo o que posso fazer é esperar, imersa na tristeza e na desolação.

Ouvi falar da jornada perigosa que meus companheiros teriam que enfrentar, uma viagem até os distantes Jardins do Éden em busca da Flor que poderia ser a chave para o meu tratamento. Cada palavra, cada detalhe, pesava como uma pedra no meu coração. A pior parte não era o medo por mim, mas a angústia de saber que eles poderiam não retornar desses caminhos sombrios e desconhecidos.

A culpa me consumia, uma sombra fria e implacável que se aprofundava a cada pensamento deles enfrentando perigos inimagináveis, tudo por minha causa. Eu podia quase ver suas silhuetas desaparecendo na escuridão, cada passo os levando mais longe, cada momento aumentando a possibilidade de que eu nunca mais os veria. E tudo isso, toda essa dor e sofrimento, era por minha causa. A tristeza era uma companheira constante, um lembrete cruel do peso das minhas ações.

O que restava agora era um fio tênue de esperança, um sussurro suave na escuridão que insistia em dizer que eles iriam conseguir. Eu tinha que acreditar que, apesar de tudo, eles retornariam sãos e salvos, sem ferimentos, sem marcas da batalha que estavam prestes a enfrentar. A tristeza ainda estava lá, uma companheira constante, mas agora misturada com uma aceitação resignada. Eu tinha que acreditar que, no final, nada de ruim aconteceria a eles. Que eles voltariam para mim, ilesos, vitoriosos. E que, apesar da escuridão que nos cercava, ainda haveria luz no fim do túnel. Ainda haveria esperança. Ainda haveria nós.

Sinto-me exausta, um cansaço que parece se infiltrar em cada fibra do meu ser. O sono é uma constante, um véu pesado que ameaça me envolver a cada momento. E então, há o peso no peito, uma marca indelével que cresce e me consome, uma dor aguda que se intensifica a cada hora que passa. Agora, sinto que estou à beira de um sono mais profundo, um abismo escuro que ameaça me engolir. A voz de Leonhard, antes tão clara e reconfortante, agora é apenas um eco distante. Suas preces, antes tão fervorosas, agora são apenas sussurros inaudíveis na escuridão.

"Sinto-me presa em um vórtice de caos, onde a luz é escassa e a escuridão é avassaladora. As vozes gritam em desespero, um coro de almas atormentadas que ecoa nas profundezas do meu ser. O som do choro e da destruição preenche o ar, uma sinfonia de desespero que reverbera em cada canto deste lugar desconhecido.

Ouço o rugido de criaturas desconhecidas, um som primal que faz o sangue gelar nas veias. O estalar de chicotes corta o silêncio, um lembrete cruel da brutalidade que permeia este lugar. Onde estou? Que lugar é esse que parece ser feito de pesadelos e medo? Sinto-me perdida, uma estranha em um mundo que não compreendo. A única certeza que tenho é a escuridão que me envolve, um manto de tristeza e desespero que parece nunca acabar.

Quando me dou conta, estou de pé. Abro os olhos lentamente, e o que vejo é um cenário de pura destruição. A cidade que uma vez conheci agora está em ruínas, o fogo dança nas sombras, pintando tudo com um brilho sinistro. O caos reina, um espetáculo terrível de desespero e perda. Corpos jazem por todos os lados, vítimas de uma violência inimaginável. O sangue mancha o chão, um lembrete cruel da batalha que aqui ocorreu. O cheiro é insuportável, um odor de morte e medo que impregna o ar. Tampo o nariz, tentando bloquear o cheiro, mas é impossível escapar completamente.

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora