Capítulo: Santa Igreja e Novos Amigos

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Enquanto caminhávamos em direção à Cidade Antiga, Raziel começou a me contar sobre a esfera que eu havia obtido de Belzebu.

- O que é essa esfera que você pegou de mim, que eu peguei do demônio lá de baixo? Perguntei, surpreso e curioso.

- Trata-se de uma invocação poderosa, explicou Raziel, um tipo de guardião que irá interferir na batalha ao ser convocado. Ele tem o poder de encerrar o combate com um único golpe, ou enfraquecer seu oponente. Tudo vai depender da força de quem ou o que você estará enfrentando.

Ele me advertiu para ter cuidado ao usar a esfera.

- Use-a com total responsabilidade. Lembre-se de que você matou seu antigo dono, e ele ainda pode querer vingança.

- Vingança? Isso está cada vez mais escabroso. -Falo Assimilando essa nova informação.

- No entanto, tem um lado bom nisso tudo. Caso a esfera goste de você, continuou Raziel impassível. - Você terá um excelente cãozinho do Inferno para protegê-lo.

Eu não sabia se deveria ficar feliz ou triste com isso. Era como se tivessem me dado algo com uma mão e tirado com a outra.

- Como vou saber se a esfera quer me matar ou se me perdoou? Perguntei, sentindo um frio na espinha.

- Quem sabe? Respondeu Raziel, enigmaticamente.

- Ninguém nunca colocou as mãos nela, apenas seu antigo dono poderia responder a essa pergunta. Mas agora ele está no além. Quem terá a honra de descobrir isso será você, meu caro amigo.

E assim, com um misto de surpresa e medo, continuei minha jornada, sem saber o que o futuro me reservava.

- Confesso que sei pouco sobre a Ponte das Lamentações, essa estrutura majestosa que liga as duas cidades. Acredito que ela seja um marco significativo para todos que viveram naquela região e que, eventualmente, se mudaram para o outro lado.

- Aaron meu amigo, Ponte das Lamentações recebeu esse nome dos moradores que não conseguiam aceitar a morte de Luzia e de seus filhos e filhas, que ela considerava como tal. Eles vinham quase todas as noites para visitar o local, um ritual de luto e recordação. Essa ponte marca a divisa entre a cidade nova e a velha cidade. Dizem que o corpo de Luzia foi lançado nas águas correntes do rio que flui por ali, transformando o local em uma espécie de túmulo aquático. Foi uma perda trágica, um dia que será sempre lembrado com tristeza e pesar.

- Você esteve lá? Conheceu Luzia?

- Você me pergunta se eu a conheci? Sim, meu caro Aaron, eu estive lá. Eu era apenas um visitante na cidade quando soube do que estava acontecendo e fui enviado para tentar ajudar. Infelizmente, tudo deu errado porque eu não tinha forças suficientes para lutar sozinho aquela batalha. Eu convenci Luzia a dizer ao povo para abandonar a cidade e juntos erguer algo novo e forte para todos.

- Eu realmente sinto muito por tudo isso, e por você perder alguém tão bom assim.

- O passado deveria ficar no passado, mas sempre nas piores oportunidades eles renascem, assim como uma Fênix. E assim, carregamos as cicatrizes do passado conosco, lembranças dolorosas de uma época que nunca mais voltará, mas que moldou quem somos hoje.

Assim que chegamos na ponte, nossos olhos se depararam com a visão da cidade antiga, envolta em um nevoeiro eterno. A cena era ao mesmo tempo trágica e arrepiante. Tudo parecia morto, como se a vida tivesse abandonado aquele lugar há muito tempo.

No entanto, em meio à desolação, havia um único sinal de vida. Ao longe, podíamos avistar uma floresta negra. Apesar de parecer impossível, dada a desolação ao redor, a floresta era linda e vibrante. Era como se a própria natureza estivesse desafiando a morte, insistindo em florescer mesmo em meio à destruição.

Aaron 3 Mundos - Guerreiros Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora