XVIII

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Naz, Asya e eu riamos e fofocávamos na cozinha enquanto terminávamos de colocar os petiscos na bandeja. Elas não queriam perder esse momento por nada, ver o senhor Kemal no papel de sogro devia ser algo marcando demais para não estar presente.

— Será que o Nero vai aguentar as piadas do tio? — Asya perguntou, comendo um damasco sem ninguém ver.

— Difícil vai ser dizer se o Nero não vai ser pior, pela idade... — Naz provocou e Giovanna a cutucou.

— Para! Desse jeito parece que estou namorando um idoso.

— Você mesmo diz que ele se coloca como um.

— É porque eu sou nova.

— Poucos anos! — Asya opinou.

— 10 anos, Asya. — a ruiva lembrou.

— Vocês estão me fazendo repensar. — eu falo baixinho, fecho os olhos para não entregar minha mentira. 

— Não! Não, não, não! Nada de repensar! — Naz falou rapidamente, me puxando pelos braços, e eu deixei a risada sair de minha boca. 

Elas começam a resmungar sem parar, como duas irmãs irritadas, e eu me deixo rir mais ainda. 

— Meninas, meninas! Vamos! O que estão fazendo na cozinha? — a voz de Canan entrou no ambiente como uma mãe, batendo palmas para afastar as crianças de perto da comida. 

Naz e Asya ficam de um lado do balcão e eu fico do outro, todas com um olhar travesso. Canan pegou a bandeja e checou se estava tudo certo. Ela nos olha e balança a cabeça em negação. 

— Daqui a pouco o convidado chega e não tem nada na sala, vamos. 

Eu observo Canan passar para sala e suspiro feliz, quando olho para as meninas, elas me olham quase emocionadas. 

— O que foi? 

— Você está radiante, Giovanna. — Asya falou com um sorriso. — Seus olhos brilham só com a menção de Alexandre, você está apaixonada por ele, não é? 

Eu não nego, mas não respondo. Eu estava pensando em casar com ele, é óbvio, mas existiam outras coisas que poderiam compor um casamento, tal como respeito, companheirismo, honestidade, e tudo isso eu sentia que teria com ele, e então aquele amor duradouro que vemos nos casais mais antigos seriam construídos. Para mim a ideia do avassalador, de ser a primeira vista, nunca atraiu. Fogo de palha apaga no primeiro balde de água fria. 

Mas eu não podia negar. Meu coração já tremia, descompassava, a menor presença dele. 

Inevitavelmente me lembrei da nossa noite ontem, e de todas as outras que vieram depois da noite no ateliê. 

Um sorriso brota em meus lábios. 

Eu acho que era óbvio, eu estava completamente apaixonada por ele, e o sentimento não me assustada tanto quanto eu achava eu assustaria. 

— Bom, eu estou querendo casar, então... 

Asya e Naz vieram correndo até mim, me abraçando com força, me balançando de um lado para o outro. 

— Meninas! Mais uma bagunça na minha cozinha! — Canan falou novamente, se aproximando de nós para dar fim na bagunça. 



Eu paro o carro, arrumo a gravata. Estou nervoso para caralho, fazem anos que não conheço os pais de ninguém, todas as mulheres que me envolvi significavam tão pouco que nunca sequer chegamos nesse cenário. Giovanna não, ela era diferente para além de todos os acordos e problemas, no mundo ideal, se estivéssemos juntos de maneira natural, eu iria querer conhecer os pais dela. Ou tios. Olho no espelho do carro, arrumo o cabelo de novo, desligo o veículo e pego as flores no banco do motorista, além do vinho na sacola de couro. 

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