XL

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Não machuque nosso filho.

Nosso filho.

Foi o que ela disse. Giovanna confirmou. O menino era meu filho.

Emir Can Antonelli Nero.

Tinha que ter sido assim.

Não sei se é o efeito do álcool ainda na minha cabeça. Eu sinto uma dor forte no peito. Tiro minha mão de seu braço e dou dois passos para trás como se ela fosse fogo. Uma vez ela me disse que meu amor por ela me mataria. Quando nos casamos. ela disse que ficaria e isso me sufocaria.

Eu acho que nada se compara a isso aqui.

Me apoio contra a parede da galeria. Olho ao redor, sinto o ar faltar. Ainda está cedo, poucas pessoas passam pela rua e quem nos olhasse não faria ideia de que meu chão se desfazia.

Sinto meu rosto molhar.

Nada parecia afetar Giovanna.

— Emir é meu filho...

— Engula suas lágrimas como eu fiz com as minhas quando me expulsou daquele hospital. Da sua vida.

Ela aproveita que estou em foco algum para tirar as chaves da galeria da bolsa e abrir a porta. Eu vejo ela entrar e limpo minhas lágrimas. Eu a sigo, mesmo que cambaleando, a sigo até sua sala. Ela parece tão cansada quando senta na cadeira de sua mesa. Me olha com tédio enquanto eu estou desesperado.

— Por que... por que não me falou nada? Por que não falou para Omar?

— Porque eu queria olhar nos seus olhos para te dar essa notícia. Eu ia te contar em Bodrum, mas nós nunca chegamos lá.

— Essa era sua surpresa.

— Infelizmente a sua foi maior, o divórcio superou tudo.

— Você não tinha direito de me esconder um filho.

Ela solta uma risada.

— Direito? Alexandre, você quer falar de direito? Eu não vou me alongar nos meus motivos.

— E você sabe porque eu fiz o que fiz! Você ia morrer na mão do Hakam! E se não morresse, ia acabar sujando seu nome quando eu fui preso!

Ela se levantou da cadeira irritada.

— E eu passaria por tudo isso do seu lado! Eu era sua esposa, Alexandre! Que inferno! Você não se arrepende de nada!

— Não. — eu balanço minha cabeça firme. — Agora mesmo, sabendo o que eu sei, eu não me arrependo mesmo.

Ela me olha por um tempo.

— Eu fiquei sabendo que Hakam não foi preso, e nem morto. Isso quer dizer que vai mandar meu filho corre perigo de acordo com a sua lógica.

Eu engulo seco.

— Me deixa ver o Emir. Me deixa passar mais um tempo com ele. — eu peço completamente perdido. — Eu sou... eu sou o pai dele, eu preciso abraçar ele, preciso beijar...

— Não. Você não vai fazer com ele o que fez comigo. Não vai fazer ele amar você para então sumir.

— Prefere que ele pense que estou na lua.

— Honestamente? Prefiro. Muito melhor do que explicar que o pai dele existe, mas que não quer ter contato com ele. Não acha?

Acho.

Acho, porque no final das contas Giovanna está certa. Hakam ainda estava solto, ainda era uma bandido, e se descobrisse que eu tinha um filho, usaria disso para me atingir como fez com Giovanna.

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