Eu olhava de um lado para o outro. Olhava para o relógio no meu pulso, chegava. Respirava fundo, andava de um lado para o outro. Era lógico que era normal noivas atrasarem, essa tradição ocidental ela quis seguir. É claro que sim. Passo a mão na nuca, olho para o mar, olho para o prédio.— Se não se acalmar vai acabar infartando antes de colocar a aliança no dedo. — escuro Omar falar ao meu lado.
— Eu sinto que vou infartar em qualquer um desses cenários. Ela está demorando demais, cadê ela?
— Calma, deve estar com Kemal conversando, essas coisas de "pai e filha", sabe que para ela é diferente.
Olho para o prédio de novo, para a saída onde ela deveria passar. As amigas já estavam aqui, minha mãe, Canan... o que mais ela poderia estar esperando lá dentro?
— Omar, eu vou lá. Preciso falar com ela.
— Homem, espere aqui, ou vão pensar que está fugindo.
— E se ela tiver desistido? Se estiver com medo, eu preciso falar com ela. Dizer que estou aqui.
Antes que Omar me convencesse do contrário, peço licença ao juiz de paz, invento que vou ao banheiro. Ele entende dado o nervosismo. Passo pelas pessoas sorrindo, sinalizando para minha mãe que vou rapidamente ao banheiro, escondo meu pânico.
É quando entro na ala reservada que meu coração para.
Hakam desce as escadas fechando o paletó. Ele sorri assim que me vê, mas eu não consigo esboçar reação nenhuma. Ele se aproxima de mim e pega minha mão, me cumprimentando com um sorriso de orelha a orelha.
— Parabéns pelo casamento, Alexandre. Muitas felicidades mesmo.
Eu sinto que morri bem aqui.
Giovanna estava sentada no sofá. Tinha o braço apoiado no encosto, a cabeça apoiada na mão. Olhava para o nada, sua mente quase em combustão para tentar raciocinar o que tinha acabado de ser dito na sua frente. Ela sentia náusea, mas não conseguia vomitar, sentia ódio, mas não conseguia chorar. Seu corpo estava em um estado de choque tão grande que sentia o sangue parar em suas veias e artérias, tudo parou.
Hakam tinha a palavra dele e muitas provas. Imagens de segurança de quando Alexandre foi até sua casa. conversas com seu pai, valores de empréstimos. Tudo.
Alexandre não era uma coincidência, estava longe de ser um destino.
A primeira lágrima caiu de raiva, um fervor que ia subindo em seu peito.
A porta do ambiente abriu com força. Ela não precisava virar o rosto para saber quem era. O cheiro dele dominava o ambiente e ela sentia que poderia vomitar agora mesmo.
Ouviu ele fechar a porta devagar. Foi se aproximando na mesma velocidade. Quando ele parou na sua frente, quieto, Giovanna o olhou.
Um olhar simples, um olhar desacreditado, desconfiado, raivoso, decepcionado. Muitas coisas cabiam naquele olhar. Eram muitos em meio ao nada que se construía ao redor dela.
Ele tinha o desespero. Ela conseguia sentir que por dentro o corpo dele estava tão em choque quanto o dela.
Alexandre caiu de joelhos na frente dela. O poder do olhar escuro de Giovanna foi o suficiente para colocá-lo no chão. Ela o seguiu com os olhos, observou ele se aproximar devagar, entregando toda a culpa. Quando sentiu a mão dele tocar seu joelho, não conseguiu mais olhá-lo.