Que porra era essa?Eu olho para Alexandre como se ele estivesse cinco cabeças. Olho para Hakam, esse homem que acabei de conhecer e que parecia interessado em fazer uma parceria com o Ataturk para trazer uma exposição de Paris, e ele está apenas sorrindo. Alexandre parecia nervoso, mas não naquele tipo que vai bater em alguém, mas sim na versão passivo agressivo que eu nunca tinha visto.
Esse devia ser o Alexandre empresário.
Hakam estica a mão.
— Nero! Que coincidência, é realmente um prazer conhecê-la.
Eles apertam as mãos e eu fecho os olhos. E o que mais me intriga foi eu não ter me afastado de Alexandre. Eu tento dar um passo para o lado, mas a mão dele estava firme em minha cintura. Forço um sorriso.
— Noivos, senhorita Antonelli... deve estar super feliz.
— As vezes eu me pego pensando... uma loucura mesmo, não é? — eu entro nessa discórdia.
Inferno, Alexandre Nero era meu verdadeiro inferno.
— Eu acho que ela até esquece as vezes. — escuto Alexandre falar e o olho pronto para matá-lo.
— Foi tão recente.
Alexandre volta a olhar para Hakam quase como se o desafiasse. Ele o olha como se fosse uma diversão.
— Não sabia que se conheciam. — falo para tentar quebrar o gelo.
— Fizemos alguns negócios juntos. — Hakam responde com um sorriso e eu sinto Alexandre tremer do meu lado. — Bom, obrigada por me passar o número do curador, vou tentar entrar em contato com ele, e com certeza vou querer você para organizar tudo.
— Bom, se já estivermos casados é bem provável que vamos estar viajando bastante. — Alexandre falou, apertando mais minha cintura , eu tinha certeza que deixaria marcas.
Quando Hakam saiu pelas portas do Ataturk, eu empurrei Alexandre com força.
— Que porra foi essa que acabou de fazer?
— Vejo minha noiva conversando com um cara estranho, o que quer que eu faça?
— Primeiro: eu não sou sua noiva, não aceitei nada ontem. Segundo: pelo visto ele não era tão estranho, vocês se conheciam o suficiente até para você mentir para ele. O que pensa que está fazendo?
— Será que a gente pode conversar? A gente precisa conversar...
Eu olho ao redor, vejo como tudo está calmo. Olho novamente para ele, lembro de ontem a noite. Lembro de seu rosto, lembro do anel, lembro de sua mão em minha bunda, e era claro que a esse ponto eu não negaria nada.
Pedi para ele me seguir.
Caminho com ele até a área administrativa, agora eu tinha uma sala minúscula onde ficava avaliando algumas obras. Preferia trabalhar perto de Kemal, mas quando ele não vinha, gostava de ficar nesse casulo que Naz por vezes chamava de cativeiro.
Nero entra e olha ao redor. O espaço é pequeno, não tem muito o que olhar. Fico perto da porta fechada, espero o que ele tem para falar.
Ele me olha de maneira quente. Tenta se aproximar e eu levando a mão, ordenando em silêncio que ele fique onde está.
Me obedece, para. Tira a caixinha do anel do bolso e coloca na minha mesa. Era como se ele tivesse tirado um elefante e colocado bem ali. Minha respiração começa a descompassar.
Eu sonhei com aquele anel. Era lindo.
— Eu falei sério ontem. — ele diz simplesmente.
— Você sumiu, Alexandre. Como você quer que eu acredite nisso? De poucos dias que a gente se conhece, você já sumiu 7, as contas não estão boas para você.
— Acredita em mim quando eu digo que não parei de pensar em você um segundo sequer. Que foi o suficiente para a minha decisão.
— E você acha que é para mim? Tem tanta coisa que eu quero fazer, que eu preciso conhecer em você, com você... eu não vou casar para pedir um divórcio depois.
— Eu quero te dar todas as chances do mundo para você fazer tudo que tem vontade. Eu nunca vou te impedir de nada, eu juro.
— Quando a esmola é grande...
— Giovanna, por favor. Quero algo sério com você.
— O que, vai me dizer que vai pedir permissão para o meu pai também? Ou pior, vai tomar café com sal?
— Faço isso 50 vezes se me disser que também me quer.
Eu o encaro, mudo meu equilíbrio de um pé para o outro. Existia algo no olhar dele que me fazia querer entrar nessa loucura, e se eu fosse uma mulher desesperada por casar, certamente aceitaria. Minha mãe, porém, me educou para o mundo. É claro que ela falava de amor, mas também sempre me ensinou sobre independência e todas as coisas que uma mulher deveria conquistar antes de ter um marido.
— Eu não sei como você faz na sua idade, mas a gente costuma namorar primeiro. — eu falo, menos arredia do que antes.
— Eu diria que sou um homem mais tradicional. Podemos namorar, mas na minha cabeça sempre será minha noiva e futura esposa. Dê o nome que quiser.
— Alexandre...
Ele se aproxima de mim porque a essa altura eu sou uma coitada. Toca meus braços com todo o respeito, respeito esse que não vi dentro de seu carro ontem. O encaro, minha alma se move de encontro a dele.
— Me dê essa chance. O mundo vai ser seu, eu vou ser o homem mais devoto que você já conheceu.
Me aceita, Giovanna. Pelo amor de Deus, me aceita, ou você vai cair nas garras de Hakam do pior jeito possível.
Me odeie o quanto quiser, mas me deixa te salvar enquanto posso.
Ela estende a mão para mim.
— Namorados primeiro, e então você fala com meu tio Kemal quando eu disser que tudo bem. É uma chance só, Alexandre.
Eu ignoro sua mão, a puxo pela cintura e lhe dou um beijo forte. Minha língua invade sua boca e eu tento a empurrar contra a mesa. Giovanna é esperta, e do mesmo jeito que corresponde com vontade, me limita. Se afasta de mim ofegante, eu sinto que é só mais um beijo e eu a teria em cima dessa mesa minúscula que mal caberia sua bunda.
— Namorados se controlam, esqueça. Eu ainda quero entender seu sumiço, vamos nos encontrar no carrinho do Terk mais tarde.
— Por que não na sua casa? — testo minha sorte.
— Meu sexto sentido não falha, não vamos ficar sozinhos tão cedo até eu ter certeza de algumas coisas.
Eu respiro fundo, mentalizando todas as papeladas que eu precisava analisar para ver se meu pau parava de ficar duro.
— Você me fez o homem mais feliz do mundo só de me dar essa chance, Giovanna.
— Estou me arriscando a fazer mais do que olhar, Alexandre. Não me decepcione.
