Eu corro para a sala. Eu escuto aquela palavra e corro para a sala. Quando chego no corredor em que consigo ver a porta, sinto meu coração errar umas batidas. Chego a tempo de ver o astronauta tirando o capacete. Alexandre se revela com uma expressão simpática. Meu olhar corre entre Canan, Kemal e Emir. Consigo ver Canan tocando o ombro de meu tio para que ele mantivesse a calma.
— Sr. Nero? — Emir parece confuso.
Ele dá um passo para trás. Meu pequeno menino está tão confuso, e eu sigo travada no lugar, não faço ideia de como agir nesse momento. Nada teria me preparado para isso.
Alexandre se ajoelha na frente de Emir.
— Sou eu, querido. Seu pai. Você pediu e eu vim da lua.
Emir Can dificilmente fugia de algo, mas acho que as emoções dentro dele estavam tão confusas que ele preferiu escutar seu instinto de fuga. Ele olhou ao redor da sala até me achar, e então saiu correndo, subindo as escadas com pressa.
Um silêncio ensurdecedor se instaurou na sala até Kemal começar a falar.
— O que este homem está fazendo aqui? O que faz aqui? Já não basta o que fez com minha filha no passado? Agora veio atormentar meu neto?
— Sr. Kemal, eu entendo sua raiva, mas vim com a melhor intenção, e... — Alexandre parecia um adolescente inseguro. — Não é minha intenção causar problemas, mas sou o pai de Emir e ele queria me conhecer.
Fecho meus olhos, fico de costas para aquilo tudo. Uma lágrima escorre por meu rosto sem que eu pudesse controlar.
— Eu vou falar com Emir. — digo rapidamente antes de subir as escadas.
Não quero ouvir a voz de Alexandre e nem os questionamentos justos de meu tio. Bato suavemente na porta de Emir e entro devagar. O encontro olhando para as estrelas que ficavam grudadas em seu teto, daquelas que brilhavam no escuro. Deito ao lado dele no chão.
— Filho, eu...
— Sr. Nero é mesmo meu pai, mamãe?
A única coisa que eu devia era honestidade, olhei para ele, que seria olhando para o teto.
— Sim, meu bem.
— Ele disse que morava na Turquia, e não na lua.
— Emir, existem coisas que você só vai entender quando for mais velho... mesmo que eu te explique hoje, não sei se vai entender.
— Ele não quis me conhecer quando eu nasci?
— Seu pai quis proteger nós dois. Por isso ele precisou ficar longe.
Emir ficou quieto e eu me perguntava quão confusa devia estar a cabecinha dele.
— Você quer ir na sala? Quer falar com o Sr. Nero?
— Não. — ele respondeu sério.
— Tudo bem, então vou pedir para ele voltar outro dia, está bem?
— Tudo bem.
Eu retorno para a sala com o coração partido, em passos quase tortuosos, me deparo com Nero sentado no sofá, a cabeça entre as mãos, enquanto Kemal o encarava de um outro canto. Canan entrava com uma bandeja e dois chás.
— Acho que vocês precisam conversar sobre o que acontece agora. — Canan me fala ao perceber minha expressão.
Nero parece acordar de um estado de hipnose, se levanta rapidamente. Ele já tinha tirado a fantasia, agora ela estava em um canto do sofá e ele vestia sua calça jeans escura e uma camisa preta. Eu o encaro e então olho para Kemal.