VIII

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A cama era muito espaçosa e o lençol muito macio. Foi assim que percebi que não estava em casa, mas meu corpo estava tão confortavelmente acomodado que não ousei me mexer. Acho que fazia muito tempo que não dormia tanto, parece que anos de cansaço saíram de meus ombros. Abro os olhos devagar para me adaptar a pouca claridade que entrava no ambiente. Não reconheço onde estou, a cama de casal era muito maior que a minha, os lençóis tinha tons de cinza, as paredes eram um pouco escuras também, e a decoração era bem básica. Parecia um quarto qualquer, poderia muito bem ser um hotel.

Começo a me esticar na cama, ativando meus músculos, lembrando da noite passada. Sento devagar, passo as mãos pelo rosto e pelo cabelo.

Estávamos na casa de Alexandre depois dele me acompanhar até Babaeski. Meu pai no hospital. Nero sendo um cavalheiro. Coloco os pés no chão e então percebo algumas sacolas de lojas de roupa relativamente caras. Olho ao redor e em cima da poltrona tem uma toalha, sabonete e escova de dentes.

— É claro que ele ia pensar em tudo. — falo sozinha.

Vou para o banho sem pensar duas vezes, tudo que eu não precisava era aparecer fedida com essa roupa de ontem, o homem devia ter centenas de empregados e péssima impressão não era comigo.

O banheiro era maior do que meu quarto e isso me fez rir. Só podia ser delírio da minha cabeça estar tomando banho no quarto de hóspedes de Alexandre Nero, com direito a roupa nova e tudo. E o vestido era lindo, Uma loja de grife local que eu adorava, mas jamais tive a coragem de entrar. Era longo, em um tom amarelo claro e com florzinhas laranjas em todo o comprimento. Era um típico vestido de verão, e eu parecia ter a idade que tinha, ao invés de uma senhora ranzinza.

Saio do quarto e me deparo com um corredor com mais 5 portas além da minha. Logo avisto a escada e por lá me aventuro. A sala de Alexandre não era tão enorme quanto eu imaginei que seria, mas era muito aconchegante. Eu podia ver a sala de jantar no conceito aberto e se fosse naquela direção, provavelmente me daria na cozinha. Eu caminho para a sala e espero. Olho meu celular, vejo que está sem bateria.

— Merda, Naz e Asya devem estar surtando.

— Não estão, consegui o contato das duas. Expliquei que está aqui e... — escuto a voz de Alexandre e me volto para ele.

Vejo como seu olhar percorre todo meu corpo dos pés a cabeça, ele parece impressionado. Eu também, por saber que consigo tirar dele esse tipo de olhar. Ele se aproxima de mim com um sorriso suave.

— Está linda, Giovanna. Bom dia. — a mão dele pega a minha e seus lábios beijam minha pele devagar.

Eu solto um risinho nervoso, devolvo o bom dia.

— Não precisava de roupa nova.

— Não sei você, mas adoro roupa nova. E fico feliz de Omar ter tido um bom olho para essas coisas, me surpreendeu.

— Merece um aumento.

— Já dei. — ele falou direito e sorriu, apontando para a área externa. — Vamos tomar café? Zeynep preparou tudo fresquinho para nós.

Eu o segui até o jardim, e a vista me encantou. Era o Bósforo em toda sua glória, bem do alto, com direito a piscina com borda infinita. Olho para trás para ter ideia da casa e ela era de fato linda demais. Tudo aqui parecia um sonho bem inalcançável, não era atoa que ele era o solteirão mais cobiçado da alta sociedade. Olho para ele a tempo de vê-lo puxar a cadeira para mim, e me pergunto que horas eu acordo de fato, de volta para minha vida e meu apartamento e meu gato.

Ele estava todo bonito. A camisa branca de linho, a calça em jeans escuro, justa na medida certa. O cabelo, a barba.

Porra, eu só podia estar delirando.

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