Abro a porta de casa e Emir entra correndo, puxando a mão da mãe e querendo mostrar tudo, inclusive a vista. Estava escurecendo e a noite de Istambul se iluminava. Vejo como Giovanna vai dominando o território aos poucos, passos curtos, atentos a cada detalhe do meu apartamento. Eu podia ter algum peso sobre meu atual estado financeiramente. Eu não era pobre, longe disso, mas quando ela me conheceu eu podia levá-la ao redor do mundo em um jato.Mostrar meu simples apartamento parecia um abismo muito grande.
— Gostou? — pergunto da cozinha enquanto organizo as coisas para o nosso jantar.
— É muito aconchegante, Nero. Parabéns. Foi fácil conseguir esse lugar depois... do ocorrido?
Sei que ela não queria falar a palavra processo na frente do menino.
— Omar me ajudou, me deu um nome para que eu pudesse alugar.
— Justo, você sempre o ajudou tanto.
— E ele é o meu sócio na empresa, nossos negócios agora são outros.
— Agora você constrói coisas. — ela fala com um sorriso no rosto enquanto larga sua bolsa no sofá, tão de casa.
— Sim, e com contas certas.
— Mama, vem ver meu quarto.
Deixo os dois se afastarem e começo a organizar as coisas na cozinha. Coloco a carne na panela, preparo o arroz, tempero os legumes. Penso na receita de Canan enquanto faço aquele Baklava. Preparo nosso chá turco, deixo tudo pronto para que nosso jantar seja perfeito.
Quando eles voltam do quarto, coloco nossos chás na minha mesa de sempre e sento no sofá ao lado dela, Emir distraído com um dos meus livros de engenharia.
Ela olha para o chá e agradece, aproveitando um gole.
— Achei que fosse me dar algo mais forte. — ela fala sem me olhar, mas seu tom me provoca.
A olho surpreso.
— Quer beber alguma coisa? Bom, eu pensei... Eu não quis assumir nada, mas posso abrir um vinho para nós.
— Pensei que não fosse falar nunca.
Eu levanto do sofá e corro para minha pequena adega na cozinha. Tinha um dos vinhos que eu sabia que ela gostava, nunca com a pretenção de que um dia eu pudesse tê-la na minha sala, mas porque queria ficar com o gosto de sua boca em minha mente.
Entreguei a ela uma taça e sorri. Ela pegou e foi até a janela, Emir a seguir.
— Dá para ver sua antiga cada daqui, mama?
— Não, meu bem. Infelizmente eu não tinha essa vista toda.
— Aqui é muito legal, podemos morar aqui?
Eu posso ouvir a mente de Giovanna explodir, eu tento manter a respiração normal enquanto cozinho, não quero deixar nada queimar, mas não posso negar que lentifiquei meus movimentos para tentar ouvir uma resposta dela.
— Filho... por favor, outra hora conversamos sobre isso, está bem? — ela falar em voz baixa, mas eu escuto muito bem.
— Mas, mama...
— Emir Can Antonelli, fim de papo. — o tom dela e firme e o menino e obediente e de mantém quieto sobre isso.
Eu quebro o clima quando começo a colocar os pratos não mesa e ela corre para me ajudar. Emir deixa o assunto de lado, começa a falar de outras coisas como o dia na piscina. Sentamos a mesa para comer e nos deliciamos com o que eu fiz. Nos últimos anos procurei me aventurar na cozinha. Descobri que era bom nisso e me ajudava a aliviar o estresse do trabalho.
