"E um dos Seus sinais é que Ele criou para vocês, a partir de vocês, companheiros para que neles encontrem tranquilidade; e Ele colocou entre vocês carinho e misericórdia. Na verdade, nisso há sinais para um povo que pensa."
وَمِنْ ءَايَـٰتِهِۦٓ أَنْ خَلَقَ لَكُم مِّنْ أَنفُسِكُمْ أَزْوَٰجًۭا لِّتَسْكُنُوٓا۟ إِلَيْهَا وَجَعَلَ بَيْنَكُم مَّوَدَّةًۭ وَرَحْمَةً ۚ إِنَّ فِى ذَٰلِكَ لَـَٔايَـٰتٍۢ لِّقَوْمٍۢ يَتَفَكَّرُونَ
Alcorão 30:21
Raiva.
Meu sentimento se resumia a raiva, eu tinha certeza que poderia cometer uma loucura agora. Como esse homem tinha coragem de aparecer no dia mais importante da minha vida? Como ele poderia ter coragem de me lembrar o que isso tudo estava custando? Coloco o telefone no bolso. Me aproximo dele, ele poderia morrer só do ódio que emanava do meu corpo.
— O que está fazendo aqui, Hakam?
Ele olhou para mim e depois para a porta da casa. Sorriu.
— Vim trazer um documento para a exposição que quero patrocinar. — ele levanta a pasta de papel pardo. — Mas acho que cheguei em um dia de comemorações?
— Hakam...
— Tomou coragem, Alexandre? — ele provoca. — Eu estava quase voltando atrás e pegando ela para mim, você sabe... Giovanna é linda para ficar sozinha.
— Cala a boca, você não fala mais o nome dela, entendeu? Esqueça! — esbravejo, quase um rosnar.
— Não se esqueça do nosso acordo, Alexandre. Izmir não é tão longe daqui.
Respiro fundo.
— Pode saber onde o pai dela está, mas não vai tentar nada, eu te conheço. Teria o matado da outra vez, não só espancado. Vai pegar essa pasta e ir embora, não tem exposição nenhuma, não quero que chegue perto deles, entendeu?
Meu dedo é firme em seu rosto, mas quando escuto o barulho na porta, rapidamente me afasto.
— Nero! Venha, vamos brindar agora! — a voz de Giovanna é animada, mas logo muda o tom ao perceber que não estou sozinho. — Sr. Hakam? O que... o que faz aqui?
— Eu vim apenas entregar os papéis da exposição para o Sr. Kemal. Mas conversando com Alexandre, sinto que cheguei na hora errada.
— Bom, na verdade sim, nós estávamos em uma comemoração familiar. — ela fala com um sorriso, mas tão firme que eu sinto um orgulho invadir meu peito.
Isso, meu bem.
Não deixe esse homem chegar perto de você.
Hakam sorri e balança a cabeça.
— Não se preocupe, eu passo no Ataturk outro dia para deixa esses papéis. Felicidades nas comemorações da família. — ele sorri contido e se afasta, descendo as escadas até a calçada, entrando em seu carro.
Eu só me contento quando vejo o veículo ir para longe, só então sinto a mão de Giovanna em meu braço. A encontro me observando preocupada, a ruga entre suas sobrancelhas como um ponto de interrogação em sua mente.
— Aconteceu alguma coisa? Parece nervoso.
Respiro fundo, toco sua mão.
— Não quis te falar no outro dia, mas... Hakam não é uma boa pessoa.
— O que? Pensei que fossem amigos.
— Ele faz maus negócios, é trapaceiro, e eu não gosto desse método de fazer dinheiro. — engulo seco, os espinhos descendo por minha garganta. — Não quero que me veja como um ciumento, mas iria preferir se não se aproximasse dele. Nem você, nem sua família.
