XIV

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Arkana bakarak yürüme düşersen tutamam
Başını yasla göğsüme severken bitti masal

Não ande olhando para trás, não poderei te pegar se você cair.
A história termina enquanto você encosta a cabeça no meu peito e me ama.






Já era tarde quando terminamos de ajudar Canan na cozinha. Eu termino de guardar a última louça, distraída, quando sinto a presença dela na cozinha. Era impossível não sentir a presença de Canan, ela era uma mulher forte, uma das maiores que já conheci. Tenho certeza que ela teria se dado muito bem com a minha mãe. Eu deixo o pano de prato dobrado na pia e sorrio para ela.

— A comida estava uma delícia, muito obrigada.

— O que não fazemos por você, querida? — ela me fala com carinho, tocando meu rosto.

— Sempre me mimando.

— Porque você merece, mesmo que ache o contrário. Me diga, o que está te afligindo?

Eu desvio o olhar, procuro qualquer outra coisa para arrumar, mas não tem, e me vejo tendo que encarar os olhos incisivos de Canan. Por vezes me pergunto se minha mãe não colocou essa mulher em minha vida para fazer seu trabalho. Ela fazia muito bem, diga-se de passagem.

— Foi só um homem. Coisa besta, tia.

— Não parece ser besta, mexeu bastante com você.

Se visse o homem, entenderia. Parece idiota ainda pensar em Alexandre, mas não posso deixar de me perguntar o que aconteceu. Estava tudo bem, nossa manhã foi maravilhosa, nossa ida a Babaeski foi tranquila, a volta também, e de repente tudo mudou na água para o vinho. Vinho amargo e ruim.

— Foi só pelo contexto, tia. Sabe aquele homem que promete o mundo? Então, sua sorte é que encontrou o tio Kemal bem cedo.

— Não se iluda, querida. Seu tio foi uma pedra no meu sapato por muito tempo, sempre se achando demais, me dando sinais confusos.

Eu sorrio com essa informação inédita, ele sempre falava o contrário.

— É sério? Parece até que foram feitos sob medida um para o outro.

— As vezes a peça sob medida vem com defeito, temos que lixar um cantinho aqui e ali até ser o encaixe perfeito.

— Bom, não tive nem a chance de ver onde precisava lixar, acho que essa não era minha peça.

Canan sorri para mim, beija meu rosto.

— Quem sabe, querida.

Naz e Asya dividem o taxi comigo, mas eu não quero ir para casa ainda. Queria um tempo sozinha, queria pensar um pouco. Peço para elas me deixarem na praça de Duatepe, que de lá eu iria para casa em outro taxi. Elas até reclamam a princípio, mas entendem que eu precisava desse tempo, principalmente depois da foto que Naz me mostrou.

Desço do carro pedindo para elas não se preocuparem e que eu avisaria quando chegasse em casa. A praça não está vazia, ainda está cedo. Eu vou me aproximando de uma mesa de piquenique, me sento nela, deixo minha bolsa de lado. Olho para a ponte Fatih Sultan e deixo minha mente vagar.

Olhar evita decepção.

É, eu provavelmente já estava prevendo. Devia ter só olhado para o impossível ao invés de acreditar nele.

Resolvo caminhar um pouco mais, mudar de ponto. Vou passando entre os bancos, ouvindo as pessoas passando por mim, animadas, românticas, prontas para viver, até que me aproximo de um dos pontos de vista para o Bósforo e travo. Eu reconheceria aquela silhueta em qualquer lugar do mundo, aquele cabelo e aquela barba maldita. Ele não me viu, eu poderia muito bem virar e sair, e é isso que decido fazer.

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