4 - Luxúria

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~ Padre Hector Santini~

Sábado corrido, primeiro dia ministrando nesta igreja, se é que pode-se chamar de uma igreja, é pequena, as tábuas rangem e cabem menos pessoas aqui do que em uma Van.

Mas a quantidade de fiéis nesta cidade pequena é impressionante. Buscam um alento no colo de Deus, buscam esconder todos os pecados e crimes perante a bíblia. Novamente escolherei a dedo quais irão conhecer a sua verdadeira face, a que todos negam que possuem e colocam o diabo como culpado. Hipócritas.

Pelo menos algo acalmou meu coração na missa mais cedo, ou agitou ele. Ainda estou tentando entender o que aquela menina tinha. Quando a vi no meio daquele povo, simplesmente tive que juntar todas as minhas forças para continuar a pregação. Parecia um anjo, como Lucifer foi, sentada perto daquela janela com os raios de sol pegando em sua pele, reluzia a cor do pecado, aquele cabelo cachedo... o vestido branco marcando todas as suas curvas.

Se eu não estivesse bem posicionado com a minha batina todos iriam ver o novo padre de pau duro aos pés de cristo crucificado. Trágico se não fosse cômico.

A sua confissão... arrancaria aquela divisória e cometeria todas as piores coisas com ela lá dentro, mas não, tenho que me controlar, preciso enterrar esses pensamentos, só em lembrar sinto ele pulsar dentro da cueca. Lilith, a primeira mulher a pisar na terra, e a minha possível perdição em Santa Luzia.

Tentando afastar todo esse fogo que habita em mim, após ver ela, entro embaixo da ducha fria e deixo a água cair sob meus ombros, enquanto isso observo o pequeno banheiro, com uma pia simples, um vaso do seu lado direito e após o box onde agora eu estava, até me tornar padre já estive em instalações piores... do lado de fora do banheiro ficam meus aposentos, uma cama de casal de ferro antigo, com adornos circulares na cabeceira. Ao lado da cama um pequeno armário em madeira rústica e uma escrivaninha com a cruz pendurada logo em cima na parede onde se escora. Qualquer hora poderia queimar a madeira embaixo do meus pés se Deus decidisse me punir pelos meu atos e pensamentos.

~Lilith Bianchi ~

— "Alô? ... Ah, sim! Dona Camila, sou eu sim, Victor... Precisa de mim? .... Voltei da missa a pouco, então sim estarei livre hoje... Claro, alguns minutos e estarei ai.... Tchau"

Chegamos em casa. Victor atendia uma ligação, da vizinha nova pelo o que entendi... isso vai dar em algo, e tomara que dê! Talvez assim meu padrasto sairia um pouco mais me deixando livre e tirando o foco de mim.

Enquanto ainda estava no celular fui tirando meus tênis e indo em direção a geladeira para pegar uma água, gelada, muito gelada, precisava disso, o mal estar e a indisposição que estava sentindo me sufocavam. Me sentia fervendo e escorriam umas gotas de suor por minha testa, talvez fosse ficar doente. Ou talvez...- Para Lilith, esquece isso! - repito para mim enquanto me escorava no balcão da cozinha e tomava todo o líquido transparente do copo.

— Vou ter que sair Lili, o trabalho me chama. Está tudo bem? Está estranha desde que fomos a igreja. - pergunta Victor cruzados os braços em minha frente.

— Sim eu estou bem, talvez o calor, talvez não tenha comido muito bem. Mas não se preocupe, Camila precisa de você. - digo com um leve sorriso malicioso nos lábios para que ele entendesse minha ironia.

Desde que mamãe faleceu não vi Victor com nenhuma mulher, ele era novo, bonito, precisava continuar vivendo, mas ocorreu ao contrário, só o via em cima de mim monitorando.

— Não sei porque se importa tanto que eu arranje outra pessoa, eu tenho você, me basta e não preciso de mais ninguém.- Me engasgo com a água que tinha acabado de servir novamente, toda atrapalhada molho todo meu vestido branco, não sei qual analogia Victor fez, mas acredito que não entendeu o que eu quis dizer.

— Victor, eu sei, somos nós dois agora, nossa família diminuiu e estaremos aqui um para o outro, mas você precisa de uma namorada, esposa...- Paro de falar quando noto que está petrificado em minha frente, olhando para... onde? Meu rosto que não era.

— Seu vestido, molhou... ficou transparente, Lilith. - Victor diz sem tirar os olhos dos meus peitos que notei que estavam aparecendo após molhar tudo.

— Merda, que vergonha, vou subir.... - Digo e saio em direção as escadas. Chego em meu quarto e fecho a porta, caminho em direção a minha cama me atirando nela. Fico fitando o teto branco com algumas estrelinhas florescentes coladas nele. Me perco ali até encaixar em minha mente o que acabou de acontecer, sou uma desastrada, que vergonha.

Ouço a porta lá embaixo bater sinalizado que Victor já foi. — Preciso de um banho.- Pego meu celular na mesinha de cabeceira, que coitado, só uso ele para ouvir músicas e trocar algumas mensagens com Nico. Entro no banheiro tiro minha roupa — Vamos ver... essa é ótima - abri a ducha para ir enchendo a banheira enquanto escolhia uma música para tentar relaxar depois dessa manhã .... — One of the girls, óbviooo- deixo o celular em cima da pia quando começava a tocar a melhor música do planeta, entro na banheira e me afundo na água quentinha. Dou um suspiro e o rosto dele vem em minha mente de novo... Aquele olhar, eu não entendi o que aconteceu, porque fiquei tão... idiota comigo mesma, não conseguindo falar ou respirar.

O cheiro dele, era forte, parecia menta com pimenta, uma loucura eu sei, mas era um cheiro quente e fresco ao mesmo tempo. Meu Deus, onde estou com a cabeça, em sua casa meu Pai, o seu servo, um padre! Os pecados que estou cometendo, pensando essas coisas, lembrando dele de um jeito que não é puro obviamente.

A sua voz rouca. Sinto meu corpo arrepiar quando lembro daquela voz grave, o olhar que me deu durante a pregação. Quando me dou por conta, estou com as mãos em meio as minhas pernas, tocando aquele ponto sensível que pulsava como nunca, meu corpo tremia e transpirava dentro da água daquela banheira, meu corpo implora e pedia Hector.

Quanto mais lembrava dele mais meus movimentos circulares se intensificavam, mais minhas pernas começavam a tremer e sentia a eletricidade percorrer meu corpo. A sua boca era grande, desenhada, esculpida, deveria ser quente, sua língua... Lembro da batina que ficava justa em seu corpo. A imaginação toma forma querendo adivinhar o que escondia embaixo daquele pano negro. Seu maxilar marcado com a barba serrada, a sensação dela roçando em meu pescoço seria delirante. Sinto-me pulsar com os dedos entre meus lábios maiores.

— Porra! Hector... Aahh - deixo meus braços afundarem ao lado do meu corpo, estava em completo transe após chegar ao meu ápice... O que eu fiz? Meu coração batia forte e só lembro do nome que gritei, eu bati uma pensando em um padre?! O que acabei de fazer?! O que Deus pensaria de mim? Me sinto suja, me sinto... culpada.

Era a segunda vez que fazia essas coisas, masturbação sempre foi uma reprovação em minha mente, um ato sujo e pecaminoso que só abrange o prazer próprio.

Termino meu banho com a cabeça explodindo de tanto pensar no que fiz. Saio da banheira e me seco, vou em direção ao meu closet e escolho uma calça de moletom cinza e uma regata rosa bebê, estou muito atordoada então pego qualquer roupa. Procuro minha bíblia, ajoelho-me em frente minha cama e começo a oração das penitências que o padre me condenou e suplico o perdão de Deus perante meus atos, não me reconhecia e tive certeza que demônios nos atentam e nos provam em certos momentos, fui fraca, deixei ser levada pela luxuria.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora