45 - Ceifador

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Já se aproximava das 3 horas da madrugada, meu coração tamborilava enquanto minhas unhas já foram todas devoradas. Tentar entender a conexão de todas aquelas fotos e o mapa mal feito me esgotou, mas uma fagulha de luz no fim do túnel havia surgido, alguém estava com más intenções.

Coloquei a meia maçã de lado enquanto tentava engolir o último pedaço, tudo que rolava pela minha boca parecia areia, esse mal estar estava longe de acabar. Bufo juntando todas aquelas fotos de cima da cama, vou até o closet e procuro um lugar bem escondido para guardar, infelizmente não poderia confiar em ninguém.

Volto para o quarto pegando o copo de água, bebo metade e fico parada fitando algum ponto do chão esperando que o sono surgisse, quando sinto meu corpo gelar por ver a maçaneta da porta girando. Alguém estava tentando entrar.

Dou alguns passos para trás e fico em silêncio, achar esses papeis no quarto de Sofia e entender que algo maior acontecia me deixou totalmente medrosa, ou melhor, a paranoia já se fazia presente.

Novamente a maçaneta torna a se mexer, agradeço mentalmente por sempre deixar a porta trancada, enrolo meu corpo com os braços e fito o display que ficava do lado da porta, poderia chamar Benjamin, poderia acionar a segurança, mas fico petrificada no mesmo lugar.

Se fosse o segurança ou Matilde já teriam dito algo, e por que viriam ao meu quarto durante a madrugada? Não tentariam abrir a porta, bateriam para que eu atendesse!

Suspiro quando se passa mais de um minuto e quem estava do outro lado, talvez desistiu de entrar. Dou passos lentos em direção ao display para tentar acionar as câmeras dos corredores e ver quem estava ali, quando estou de frente para a porta, barulho de chaves fazem meu coração acelerar.

Uma tentativa, ouço um clique e logo a porta se abre, parada em sua frente arregalo os olhos e seguro minha respiração.

— Se escondendo de mim, minha deusa?

Fito seu peito com o crucifixo dourado, vestia uma camisa preta com apenas os últimos botões abotoados, um jeans também preto e estava descalço, seu cabelo estava molhado como se recém tivesse saido do banho, seu cheiro misturado com sabonete me invade, fecho os olhos tentando processar o misto de sensações e alertas que meu corpo dava com a sua presença.

— O-o que... está fazendo aqui? – Respiro pausadamente não conseguindo falar direito, enterrava meus dedos na palma da mão.

— Venha comigo.

— Hector. Não.

O vejo passar os dedos entre seus fios, bufa guardando o molho de chaves no bolso e após se escora da porta cruzando os braços.

— Você não tem ideia da saudade que estou daquele quarto vermelho, esquentar essa tua bunda é o que eu mais quero, tá me devendo uma.

— Não te devo nada! Ao contrário de você...

— Pode me ouvir pelo menos uma vez e vir comigo?

— Como abriu minha porta?

— Acha que vou deixar se trancar em qualquer lugar? Tenho a chave de todos os lugares daqui.

— Psicopata!

— Cala boca Lilith, as vezes esqueço como você é irritante.

— Então o que quer aqui? Já me machucou o bastante, agora é só sumir da minha vida.

— Estou aqui porque te amo, esse é meu castigo.

Antes que respondesse, suas mãos se prendem em meu braço, logo sou puxada pelos corredores, seu aperto era firme e qualquer tentativa de escape seria em vão, sinto meu rosto esquentar pela raiva.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora