42 - Doloroso

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Minha cabeça pulsa com a dor, mantenho meus olhos fechados por algum tempo esperando que a enxaqueca passasse, mas em vão.

As memórias se atropelam me trazendo aquele sentimento de angústia e tristeza, me remexo na cama abrindo os olhos devagar e dou de cara com um par de olhos verdes que me observavam pacíficos.

A luz débil da lua atravessava as janelas iluminando seu cabelo loiro, o fito por um tempo até entender que eu havia dormindo em seu abraço.

— Benjamin... que horas são? — Pergunto me afastando na cama para que pudesse o olhar melhor.

— Deve ser 10 da noite, não tenho certeza.

— Eu... dormi muito?

— Sim, o calmante que te dei é bom.

— E você ficou aqui?

— Sim.

— Me vendo dormir? — Levanto uma sobrancelha assimilando o que tinha acontecido.

— Sim, algum problema?

— Por que?

— Porque eu quis... dormindo você parece uma gatinha ronronando.

Encaro os olhos de Benjamin que brilhavam com diversão, um sorriso escapa por meus lábios e por alguns segundos esqueci o terror que tinha se formado em minha volta hoje.

Sento devagar na cama enquanto o segurança continuava deitado com a cabeça escorada na cabeceira, levo a mão a minha testa sentindo latejar, uma boa quantidade de remédio e silêncio me ajudaria com essa dor.

Coloco os pés para fora da cama deixando a pouca luz iluminar uma de minhas mãos, a que usei para quebrar o copo na cara daquela... traíra. Um pouco de sangue havia secado nos pequenos cortes, precisava de um banho.

Me levanto sentindo o roupão escorregar por meu corpo, o seguro antes que passasse da minha cintura.

— Meu Deus... nem lembrava que ainda estava de biquíni.

— Bom... não era você que habitava esse corpo a horas atrás, talvez tenha sido possuída.—  Os olhos de Benjamin se cravam nos meus seios, descem lentamente até minha barriga e antes que chegue entre o V das minhas pernas puxo o roupão tapando o corpo.

O vejo piscar e puxar um travesseiro para o seu colo.

— E- eu.... já vou sair, te dar privacidade agora que já esta mais calma. — Seu quadril se remexe na cama enquanto pressionava o travesseiro em cima da cintura.

— Hã... tudo bem, vou tomar um banho.— Troco o peso dos pés esperando que se levantasse e saísse, mas o mesmo me encara comprimindo os lábios.

— Pode ir, já vou sair, só... entre no banheiro, por favor.

Semicerro os olhos tentando entender qual era sua dificuldade, mas seus olhos verdes me perfuram enquanto seus dedos pressionavam a fronha da almofada. Dou de ombros e caminho até o banheiro trancando a porta em seguida.

Logo ouço os passos do segurança, após a porta do quarto batendo indicando que estava sozinha. Apoio a testa contra a porta respirando e tentando afastar toda a fraqueza e mágoa que pulavam em meu peito. Nunca esqueceria desse aniversário, e os próximos não seriam mais como antes.

Abro a torneira enchendo a banheira, quando um brilho em cima da pia chama minha atenção. Havia deixado o celular ali depois de várias tentativas falhas de tirar alguma foto minha.

O rosto de Nicolau invade minhas memórias e algo aquece meu coração, agora seria a hora de ligar para o meu amigo. Desejei por todo tempo que estou aqui poder conversar com ele, mas horas se passaram e não tive coragem de efetuar a ligação. O que eu diria? Qual explicação daria de tudo isso?

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora