O Pior de Mim

28 - Outra Realidade

Tudo doía, minha cabeça latejava e uma claridade fazia incomodar meus olhos. Sinto algo em meu braço e acostumando um pouco a visão com o ambiente, vejo que era um acesso com soro, mas não estava em um hospital.

Giro a cabeça tentando fitar todo... o quarto, era um quarto. Enorme, a cama parecia ter duas vezes o tamanho da minha, seus lençóis eram em um azul claro coberto por margaridas. As paredes eram brancas com rodapés em madeira azuis também. Um vaso com margaridas repousava na mesa ao lado da cama. Um grosso carpete claro cobria todo o chão, enquanto no teto pendia um lustre em... cristais? Nunca estive em um lugar tão decorado e detalhado. Era lindo. Me levanto cambaleando, tudo ainda girava um pouco, caminho até a janela enorme oval, me aproximando vejo que era uma porta em vidro que dava para uma sacada.

A vista me deixou sem palavras, estava em uma montanha, muito alto. Lá embaixo podia ver uma vegetação densa indo de encontro ao mar. Parecia um castelo, uma fortaleza!

Me viro e vasculho mais o quarto, caberiam três quitinetes que aluguei aqui dentro.

— Onde estou? O que aquele... cara fez comigo? – me perguntava enquanto chegava perto de uma porta branca com sua madeira esculpida, todos os detalhes eram em branco, azul claro e dourado. O quarto de uma princesa, a abro e vejo o banheiro. Uma banheira enorme ocupava o lado esquerdo, após uma pia em mármore bege com um espelho indo do teto ao chão. A parede ao lado da hidro era feita de vidro, dando toda a visão do mar e das montanhas.

Atordoada dou meia volta e invisto contra a outra porta, ao outro lado da cama. Era um closet, com várias roupas... parecidas com as minhas. Vestidos de todas as cores, do jeito que eu gostava. Calçados, bolsas, blusas, casacos... outro lustre pendia no teto do closet um pouco menor.

Questionamentos surgiam em mim, mas não senti medo, não sei o que estava havendo comigo, talvez já estivesse acostumado e aceitado que minha vida não seria mais normal. Talvez se estivesse acordado em um cativeiro igual a última vez meu peito explodiria agora.

Passo pelas margaridas, cheiro e fecho os olhos. Caminho para uma porta dupla, a maior que tinha no quarto, deve ser a saída. Indo em sua direção noto uma estante enorme embutida na parede, vários e vários livros... Lembro do meu vício, lembro como eu lia para esquecer que mamãe já não estava mais comigo e vejo que esse hobby foi me deixando aos poucos com tanta insanidade que andara acontecendo.

Passo a mão pelos livros todos em edição de luxo, capas duras e trabalhadas, meu coração palpita e por um segundo esqueço que fui sequestrada e estava em um lugar totalmente diferente. Vários exemplares de fantasia, romance, católicos e... Psicologia.

— Não é possível, só pode ta de brincadeira. – Afirmo vendo que quem me trouxe para cá, sabia demais da minha vida, e tudo estava relacionado a mim.

Retorno o objetivo de chegar na porta de saída, giro as maçanetas douras e estava trancado.

— Novidade! – Bufo e vou em direção a sacada, tentar ver algo que fizesse me localizar ou... gritar! Sinto meu braço repuxar onde estava o acesso do soro. — Mas que merda! – porque colocaram aquilo em mim? Passo a mão no pescoço em cima do local onde senti a picada. — Me chaparam mais uma vez, você está premiada Lilith!

Chego na sacada e tento ver a mansão por fora, parecia uma igreja antiga com aquelas construções elaboradas e esculpidas. Suas paredes brancas sumiam na minha visão para cada lado, era muito grande. Ao redor só avistava montanhas rochosas e água.

Junto todo o ar que está em meus pulmões e grito por socorro, mesmo vendo que não teria uma alma viva naquele lugar fora da mansão, mas pra quem ta ferrada igual eu, toda tentativa é válida.