55 - Escolhas Erradas

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Quatro dias para o casamento...

Havia acordado com as conversas e barulho dos passos da equipe que nos acompanhava agora. Caminho pelos corredores esfregando os olhos tentando me alertar, desvio de algumas mulheres que carregavam ingredientes do buffet.

Não havia movido um músculo para esse casamento, dois dias que não via Hector desde o surto... se alguém estava organizando isso era ele, eu nem fazia questão, já que até agora ainda renega seu filho.

Para que tantas pessoas? Por que tantas comidas, decorações e tudo mais? Quem Hector convidaria? Nem família temos, o casal de órfãos, a masoquista e o psicopata.

Bufo desviando do arranjo de flores que um moço carregava, margaridas, óbvio... ele sabia do que eu gostava, só não sabia como parar de ser um babaca e segurar essa barra comigo!

Passo pela frente do seu escritório que está com a porta entreaberta, curvo as sobrancelhas e me remexo no lugar. Ele poderia estar lá, posso enfrenta-lo, assumir que nenhum de nós quer esse casamento já que tudo está a ponto de ruir.

Procurei por Hector depois de demolir o seu quartinho pessoal, deve ter posto fogo no quadro que fez de mim, mas não o encontrei, nem minhas mensagens respondeu. Depois de tudo, engoli a raiva e mandei ele para o inferno mentalmente, não correria mais atrás.

Quando noto, estou de frente para porta, se ele estivesse ali, não perderia tempo de resolver todas as pendências, mesmo que fosse cancelando esse casamento.

Empurro a porta e procuro pelo homem que já conhecia, adentro a sala e fito a mesa de vidro, mas o que encontro não é quem eu esperava.

Seus olhos verdes se prendem aos meus, fecho a expressão e começo a dar passos para sair dali, não quero nem ouvir a voz de Benjamin.

— Lilith?— Meu corpo continua andando, tentando escapar do discurso.

— Lilith, é importante.

Sua voz se suaviza, como se isso adiantasse algo, mas se o assunto era importante, precisava ouvir. Viro o corpo e começo a caminhar em direção a mesa, puxo uma cadeira e me sento em sua frente.

Benjamin me observa calado por longos segundos, cruzo os braços já ficando sem paciência, fito papeis em cima do vidro onde ele mexia junto com um tablet.

— Fala logo, o que foi?!— Pergunto,  ríspida.

— Tem falado com Hector? O viu  nesses dias?

— Isso importa? Pensei que nem estaria mais aqui depois das coisas que disse!

— Também pensei que estaria morto, disse e mesmo assim voltei para lidar com as consequências...— Benjamin pega o tablet e empurra em minha direção, vejo a tela brilhar com números enormes e o nome de Paolo em destaque.—... Paolo fez uma encomenda de armamento, ontem, fui atrás de Hector para mostrar.

— Onde ele estava? — O interrompo tentando achar o paradeiro do príncipe.

— No quarto dele, mas não me atendeu, nem para enfiar uma bala na minha cabeça.

Benjamin suspiro descansando seu corpo para trás, fito seus olhos que ostentavam olheiras enormes, estava cansado como eu. Continuo em silêncio para que continuasse.

— Não tivemos tempo de conversar sobre a festa na casa do Carbone, nem sobre o que conversaram e sobre as coisas que vi.

— E o que quer dizer com isso? Por que Paolo faria uma encomenda sendo que Hector acabou com o negócio?

— Isso que precisamos entender,  é um número extravagante de armas, e ainda fez questão de destacar outras máfias que também querem certa quantidade.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora