59 - A Sua Ira

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~Lilith Bianchi~

— Como é?!

— Isso mesmo que você ouviu.— Me ergo saindo do seu abraço, sento no sofá e o vejo fazer o mesmo.

— Traiu como?! Do que tá falando, Lilith? Desembucha!— Encolho o corpo com seus gritos, as íris de Hector já estavam escuras feito um falcão.

Sinto meu peito apertar, pois imaginei que isso aconteceria, e no fundo, sendo a porra de uma menina ingênua, não queria que isso resultasse no pior, mesmo sabendo que Benjamin abriu nossas covas.

— Eu... o encontrei quando estava indo para capela mais cedo. Me disse que iria embora...

Hector se levanta em um salto e corre para pegar sua calça, a veste em segundos e segue em passos firmes para porta do escritório gritando sob o ombro me fitando.

— Onde esse filho da puta está?!

Vou em sua direção cobrindo o corpo com as mãos, estava nua e já tremia com o frio e toda a tensão, lágrimas começavam a rolar por meu rosto me fazendo engasgar com as palavras.

— Ele... já foi, eu...— O padre para abruptamente e se vira para mim, chega tão perto colando seus olhos nos meus que fica quase impossível respirar.

— Como assim ele já foi?! POR QUE NÃO ACIONOU A SEGURANÇA?!

— Eu-eu... não sei!

— MAS QUE MERDA VOCÊ TEM NA CABEÇA, PORRA?!

Fecho os olhos sentindo seu hálito quente arranhar meu rosto, Hector estava fora de sí, e como de costume, em segundos sua personalidade mudará para alguém muito pior.

— EU NÃO SOUBE O QUE FAZER! Ele... me contou tudo! Não esperava isso dele!

Hector esbanja uma expressão de lunático, seu peito se movimenta agitado ostentando veias saltadas nele que iam até os braços e pescoço enquanto sua pele adquire um tom vermelho de raiva.

Fico petrificada em sua frente segurando o corpo nu, vejo seus dedos se afundarem nos cabelos os trazendo para trás, logo descansa uma mão na cintura enquanto começa a caminhar de um lado para o outro.

— O que ele fez? Me fala, tudo!— Sua voz sai ríspida.

— Está aliado com uma ou mais máfias que não aceitaram o fim do tráfico, disse que prometeu a Francesco que manteria seu império, mas...— Seus olhos perfuravam toda minha pele, respiro fundo para não gaguejar e continuo.—... eu apareci, e falou que isso estragou com tudo, pois você transferiu a herança para mim e no fim, ele se apaixonou convivendo comigo, não conseguindo te matar e pegar nossas posses! Mas... quem ele estava ajudando não irá parar até conseguir.

Hector caminha e em segundos está plantado em minha frente segurando meus ombros como se eu fosse uma boneca, me forçando a encara-lo.

— POR QUE NÃO ME DISSE ISSO ANTES?! TEM NOÇÃO DO QUE FEZ DEIXANDO ELE IR EMBORA?!

— Eu fiquei em choque, Hector! Só precisei de você antes de conseguir contar!

— Trepar comigo é mais importante que a nossa vida?! NÃO FODE, PORRA!

Me liberto do seu aperto quando sinto seus dedos machucarem meus ombros, busco com os olhos marejados pelo pijama que despi a tempos atrás, mas fracasso estando desnorteada com tudo isso.

O vejo andar até a mesa de vidro e apanha a garrafa de whisky bebendo longos goles do gargalo, depois seu braço pende descansando ao lado do corpo e seu rosto se torce confirmando que o líquido queimara sua garganta.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora