— Quando é seu dia de folga, Matilde?
— Amanhã, sexta- feira, mocinha.
— Precisamos sair. Quero fazer algumas compras para distrair e conhecer a cidade, sou uma prisioneira aqui. – Minha pele ardia contra o sol, estava deitada na beira da piscina após me refrescar, Matilde, como sempre, com seu uniforme embaixo de um guarda sol ao meu lado.
— Posso ver com o Sr. Santini, e Benjamin faria questão de nos acompanhar. – Reviro meus olhos levantando o óculos de sol a encarando.
— Se Hector se importasse comigo não estaria a quase duas semanas me ignorando, não precisa saber onde vou...
Mal o vi depois da noite que quase secou minha fonte. Hector era frio quando queria, e desde aquela madrugada, não nos falamos mais. Nossos encontros nos corredores da mansão eram raros, mas quando aconteciam, ninguém encarava ninguém, e nenhuma palavra era proferida.
Meu coração apertava quando o via, quando sentia seu cheiro, mas o mesmo fingia que eu nem estava ali. Certo dia o encontrei jantando sozinho na cozinha, me servi da comida e sentei junto a ele na ilha, o mesmo juntou seu prato e saiu a passo para o quarto.
Não o questionaria mais, não pularia mais em sua frente pedindo para que me notasse. Sua bipolaridade embrulhava meu estômago e mesmo sua presença fazendo arrepiar todos os fios de cabelo do meu corpo, o ignorava do mesmo jeito.
— Tu- tudo bem, se a senhorita quer assim.
— Por favor, somos eu, você e Benjamin... as únicas pessoas que não me deixam enlouquecer aqui, então se distraia comigo pelo menos um dia. – Vejo Matilde concordar com a cabeça e retorno a repousar na toalha no chão.
Uma sombra chama minha atenção e abro os olhos novamente. Sofia trouxe suco natural de abacaxi que havia pedido.
— Aqui, senhorita, espero que goste.
— Você é uma boa iniciante na cozinha, já lhe disse isso.– Retribuo um sorriso agradecendo. Logo Sofia se retira apressada.
No pouco tempo que conheci Sofia, ou tentei conhecer, notei que era muito reservada. Várias vezes tentei puxar assunto mas a mesma não rendia a conversa, se retirando logo depois. De inicio acreditei que fosse apenas tímida, mas algo em seu olhar me intrigava.
— Acho que você assusta a menina.– Matilde ri vendo Sofia se afastar.
— Eu? Assustar alguém? Tento ser amiga de todos aqui, mas parece que sempre tem uma barreira entre mim e qualquer pessoa... Não entendo o comportamento da Sofia.
— Não vou negar que ela é um mistério, não tem familiares e chegou a pouco tempo aqui na cidade, logo começou a trabalhar aqui... mas, pelo menos seu serviço é bem feito.
— Entendo... ela é linda, deveria estar agenciando como modelo.
Não queria deixar o ciúmes ou paranoias tomar conta da minha cabeça, não queria deixar o pensamento doentio de Hector se enraizar mais em mim, mas, as poucas vezes que via Sofia tentar conversar ou sorrir, era com ele... o padre! Meu rosto esquenta só em pensar em tal possibilidade, mas nem atenção estava recebendo, então não retribuiria a mesma intensidade nisso.
Retiro os óculos e pulo na piscina novamente, precisava afastar essas ideias com o frio da água. Aprendi a nadar com Benjamin semana passada, foi difícil faze-lo entrar aqui mas nunca conseguiria tomar banho nessas piscinas pois todas são muito fundas.
Dou alguns mergulhos e quando retorno para a margem, fito o segurança que havia chegado, também usava um óculos de sol e se postava com os braços cruzando ao lado de Matilde. Em vez do paletó ostentava uma camisa polo branca.
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O Pior de Mim
Romance⸸Em uma cidade esquecida na Itália, Lilith vive sua vida no campo sem muitos devaneios. Com apenas um amigo fiel e um padrasto superprotetor, Lilith Bianchi oscila entre a excitação e o tédio, a rotina e o inesperado, já que nunca experimentou plena...