~Hector Santini~
Acordo em um sobressalto, pensei ter ouvido batidas fortes ao longe, em seguida ouço um trovão quebrar o silêncio da cidade. Ainda era noite, me deito na cama novamente fitando o único feixe de luz que vinha do banheiro.
Ouço novamente batidas ao longe, tem alguém na porta da igreja. Me levanto e procuro algo para me cobrir, estava apenas com uma calça de moletom preta. Mas que diabos, olho no relógio antigo preso na parede ao lado da minha cama, 3:20 da madrugada. Visto uma camisa branca que estava em meu alcance e vou em direção ao salão da igreja. Alguns raios ainda estouram lá fora e caia uma chuva forte.
Chegando perto da porta de entrada as batidas se repetem. Eu a abro e... a vejo. Ela esta ensopada, os cabelos molhados caem em cachos mais longos sob os ombros, segurava seus braços como se fosse uma menina perdida, seus olhos estavam arregalados, brilhantes. Sua boca abria e fechava sem conseguir formular alguma palavra, seu olhar alternava entre meu rosto e meu peito que estava a mostra, não me dei ao trabalho de abotoar a camisa.
Após alguns segundo nos observando em silêncio a puxo para dentro da igreja e fecho a porta, sem dizer uma palavra ela caminha em direção ao púlpito, sobe alguns degraus e antes de chegar nele, senta-se no chão, olhando para baixo e fica ali.
O que ela está fazendo aqui? Eu ainda parado na porta de entrada, começo a caminhar em sua direção, em passos lentos chego em sua frente e me agacho.
— Lilith, o que aconteceu? Está chovendo, é madrugada. — pergunto tentando arrancar sua resposta e sanar o ministério que crescia ali.
— Padre... e... eu pequei. — seu olhar sobe brevemente para o meu, ela estava com medo, vergonha, tremia como uma criança que fez algo feio e tentava contar para mãe.
— Quer de novo uma cofissão? O que fez de tão grave para não conseguir esperar amanhecer para vir aqui?
— Foi horrível, padre Hector. Não me orgulho dos meus atos, não pude esperar, eu...
— Matou alguém? Se não matou não precisava ter me arrancado do meu belo sono. — vejo ela me encarar e abrir mais ainda seus olhos, tadinha... realmente está assustada.
— Não! Jamais, nunca... teria essa coragem, ou motivos... eu...
— Diga logo Lilith, desabafe.
— Padre, eu... me toq... toquei, eu me deixei ser levada pelo prazer. — após confessar afunda o rosto no meio das mãos, apoiada com os cotovelos nas pernas, como se estivesse esperando sua penitência.
— Você se masturbou? — ah Deus, por que me testas, pai?
— Si... sim. — responde com o rosto coberto ainda, transpirava vergonha.
Me acomodo ao seu lado nas escadas, estávamos muito perto um do outro. Conseguia sentir seu cheiro, misturado com a água da chuva, era doce, mas leve. Me recordava o cheiro de um bolo de baunilha, que fome....
Afasto suas mãos e seguro seu rosto virando para mim, ela reluta em olhar nos meus olhos mas o faz, começo...
— Acha que esse é o maior pecado de todos? O prazer é bom, é satisfatório, não acredita que coisas que nos façam sentir vivo Deus não repreenderia? — ela não responde, simplesmente me fita em silêncio comprimindo os lábios, agora seus olhos não desviavam de mim, estava atenta e surpresa pelas minhas palavras.
— Há tantas coisas que nós pensamos e sentimos, a excitação faz parte da nossa vida desde o nosso nascimento, não podemos negar e arrancar partes de nós mesmos para seguir algum padrã...
— Mas... mas a bíblia...
— Cala boca! Estou falando! — a sinto tremer com meu toque firme em seu rosto, ela fecha aquela boca a sete chaves, que lábios...
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O Pior de Mim
Romance⸸Em uma cidade esquecida na Itália, Lilith vive sua vida no campo sem muitos devaneios. Com apenas um amigo fiel e um padrasto superprotetor, Lilith Bianchi oscila entre a excitação e o tédio, a rotina e o inesperado, já que nunca experimentou plena...