36 - A Mascara

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Já se passaram cinco dias desde que iniciamos as reformas. Até hoje, ainda estava sem noticias de Hector. Questionei Benjamin e Maltilde se sabiam quanto tempo ele levaria, mas disseram que suas saídas nunca tinham um prazo correto de volta, levava alguns dias, semanas ou meses.

Pelo menos me envolver com a decoração da mansão não deixou me corroer de ansiedade, imaginando o que o padre estaria fazendo com os seus fiéis, mesmo que no fundo saiba a resposta. Ficar tanto tempo longe dele? Parecia impossível agora, mesmo tendo ido embora quando descobri tudo... agora, meu cérebro entendeu que viveríamos juntos, meu coração o quer por perto.

— Mais para esquerda, por favor. - A mansão virou um caos, mas agora estávamos finalizando. Aponto para o rapaz que posicionava o novo quadro na sala principal.

Benjamin foi de um auxilio exemplar, na verdade, acredito que eu tenha sido o auxilio e ele que executou tudo. Uma grande equipe apareceu na propriedade um dia após dizer que colocaria a ideia em pratica.

Reunimos todas as estátuas e quadros que me davam arrepio e retiramos dali, pedi para que fossem leiloados e o valor doado para alguma instituição, e a ideia de criar uma grande biblioteca em Santa Luzia também viria deste dinheiro.

O papel de parede foi trocado junto com a pintura em alguns lugares. Dependendo do cômodo, alguns ficaram em tons bege e cinza. Nos corredores, um azul piscina nas paredes contrastava com o lambri de madeira branco que ia até sua metade. Os tapetes foram trocados por mais claros e flores e plantas pendiam em alguns lugares. As janelas foram pintadas de branco também enquanto novos quadros com pinturas mais delicadas foram colocados no lugar.

Não alterei o quarto de Hector, seu escritório e vários outros quartos, banheiros e salas que haviam ali, somente lugares que eu frequentava mais. Na reforma, me vi fitando uma porta simples, a mais simples de todas, sua madeira era básica sem nenhum adorno como as outras. Estava trancada. Questionei Benjamin sobre o que tinha naquela sala, mas o mesmo negou a entrada e disse que era pessoal de Hector.

Não vou mentir que minha curiosidade gritou e pensei até em jeitos de arrombar, mas farei isso depois de hoje quando toda a equipe tiver ido embora.

— Bom... deu um trabalho e tanto, mas tem ótimo gosto Lilith. - Benjamin fitava a sala principal depois de finalizada.

— Obrigada... agora está mais aceitável e aconchegante aqui.

— Realmente, um toque feminino sempre faz falta. - O mesmo me fita e lança um sorriso, retribuo e aproveitando a oportunidade, questiono.

— Benjamin... meu celular, ou qualquer outro, poderia me dar um, não é? - Suas sobrancelhas se unem enquanto sua boca comprime.

— Não posso, você sabe, nós dois estaríamos em risco. - Bufo colocando as mãos na cintura e olhando para o gramado em frente a casa.

— Mas... você pode tentar pedir ao Sr. Santini, deve haver algum feitiço em você que o fez se apaixonar.

— Pedir... Pedir! Não tenho que pedir nada para ninguém, eu mesma vou dar um jeito de comprar um, não me deu dinheiro? Então gasto com o que quiser.

— Está certa... o problema é conseguir ir comprar. - Um sorriso malicioso brota em seus lábios, reviro os olhos para ele e saio a passos.

Nesses dias que passaram, nossa amizade se fortificou. Estava entendendo seu temperamento assim como ele o meu. Éramos bem parecidos em algumas questões, mas ao contrário de mim e de Hector, Benjamin se mantinha calmo enquanto eu pirava com a decoração que não estava como imaginei.

Paro no meio do caminho e grito.

— Se souber algo de Hector, me avise, SE NÃO FOR INCOMODO. - Gesticulo para que me entendesse, recebendo um aceno com a cabeça.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora