7 - O Perigo Retorna

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~Padre Hector Santini ~

Após fechar a porta da igreja, fico ali, parado, tentando controlar minha respiração e a vontade de arrastar ela para meu quarto e nunca mais deixar sair.

Penso no que fiz, e percebo que foi impensado, mesmo que fosse minha vontade, e a verdade em minhas palavras, me coloquei em risco. Lilith poderia estar, logo que amanhecesse, com o xerife e sua trupe aqui em frente a igreja me acusando das piores coisas possíveis.

Ouço os passos dela se afastando da porta, indo embora. Agora sim, me viro e vou em direção ao meu banheiro, preciso de um banho, preciso me esfriar.

Tirando minha roupa, vou recordando como ela reagiu a mim, sua confissão... vendo os registros dos moradores da cidade, já deveria saber que ela seria uma pedra em meu caminho. Nos vimos apenas uma vez, na missa de ontem cedo e aconteceu tudo tão rápido, como se uma áurea magnética puxasse meu olhar para ela, sentada naquele banco. Me empenhei no primeiro dia que cheguei aqui em questionar mais quem era ela, descobri em uma conversa descontraída com o xerife Filipe onde Lilith trabalhava e, sem pretensão alguma, claro, resolvi conhecer a praça que fica em frente a lanchonete Cantina Del Santo.

Ela chegou, pedalando, usava um vestido amarelo com pequenas margaridas estampadas, seu cabelo estava preso ao contrário do dia da missa, talvez isso que me fez travar o olhar nela quando a achei dentro daquela igreja. Sua pele brilhava, o vestido marcava sua bunda de um jeito que só me fazia explodir de curiosidade.

Entro embaixo do chuveiro e relaxo, fui inconsequente, mesmo que de santo eu não tenha nada e seja o padre mais desviado que ela conheceu, teria que manter as aparências por mais tempo. Mas ela batendo em minha porta durante a madrugada não vai me ajudar em nada, e não ajudou. Pude sentir seu calor, seu cheiro, o seu prazer. Saber que ela pensou em mim e que sentiu a mesma vontade que eu me fez agir sem razão.

Preciso focar, ou Lilith irá arruinar meus planos.

~ Lilith Bianchi ~

Acordo com os raios de sol pegando em meu rosto, após alguns segundos noto que dormi no chão, em frente a porta do meu quarto. Eram tantos pensamentos, tantos sentimentos, que me deixei ficar ali até pegar no sono. Ainda estou com as roupas úmidas,- Santo Deus, preciso de um banho.- me levanto um pouco tonta, com uma dor de cabeça horrível depois de chorar tanto. Que horas devem ser? Pelo menos a chuva parou e deu lugar para um domingo ensolarado.

Quando terminei meu banho, ia começar a me enxugar e ouço meu celular tocar, vou atender e era Nico:

— Oi princesa, bom dia! Como está? – pergunta Nico, todo entusiasmado como sempre.

— Oi Nico, eu estou... bem, e você?

— Humm, o que aconteceu Lili? Sabe que eu te conheço.

— Hã, não quero ficar em casa hoje...

— Calmaaa, te liguei para isso, hahaha, o convite quem faz sou eu. O que irá fazer hoje? Quer ir no nosso lugar? – Nico e eu gostávamos de ir em uma fazenda abandonada que tinha aqui na cidade. Abandonada por ter um dono mas ninguém morava nela.

— Claro, perfeito, vamos sim. Irei me vestir e nos encontramos na praça.

— Ok. Te espero lá.

Desligo a chamada e vou ao closet, realmente ficar aqui sozinha com o turbilhão de coisas que aconteceram ontem a noite não iria me ajudar em nada. Depois de muito pensar escolho uma saia longa branca e uma blusinha ombro a ombro azul claro, calço uma sandália baixinha, finalizo meu cabelo com um óleo reparador e deixo ele solto. Creme e perfume, ok. Coloco a mão na maçaneta do quarto e lembro que talvez Victor esteja em casa, e o que eu menos quero é ver ele.
— Bora Lilith, precisa mudar sua vida, se não vai morrer cedo.— digo a mim e abro a porta.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora