31 - A Fuga

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~Padre Hector Santini~

Estava mais tranquilo, tudo estava melhor desde que ela chegou. Mesmo sendo uma teimosa que torra minha paciência, ter ela sob minha segurança e minhas mãos me deixava em paz.

As escolhas que ela tomou, Nicolau... o ódio que ardia dentro de mim eu precisava matar, precisei esconder a sete chaves. No momento que vi o que estava fazendo, pelo seu celular que clonei, tive vontade de invadir aquela casa e matá-lo. Crucificaria Lilith e a puniria com todos os açoites que tenho. Mas... isso só a afastaria mais de mim, então por isso tenho que esconder o rancor e a mágoa que ela fez brotar.

Se soubesse que cedi em não matar Nicolau apenas... porque a amo mais que tudo, sua confiança me soterraria, inverteríamos os papéis e ela estaria no poder, teria autoridade sobre mim. Demonstrar meus sentimentos nesse nível me deixaria fraco.

Não quero e não irei mais sentir sua pele, seu cheiro de perto, seu gosto... Rejeitarei Lilith por toda minha vida se assim conseguir, mas viverá sob meus olhos pelo resto da dela também.

A discrição foi a maior batalha que tive que enfrentar hoje mais cedo quando entrou em meu escritório. Seu vestido realçava o tom da sua pele, seu cabelo mais comprido brilhava e exalava o perfume que trocaria por todo o oxigênio do mundo se fosse possível. Seus seios enormes me chamavam a cada subida que seu peito dava. Eu estava louco por ela.

Minha obsessão por Lilith só crescia a cada minuto, e mesmo contra sua vontade, tentei juntar tudo que gostava, suas roupas, seus cremes, seus livros... Quero que continue estudando para que encontre seu lugar no mundo, no meu mundo.

Saio de meus pensamentos quando noto que Benjamin ainda falava. A distração vem sendo minha inimiga de um tempo para cá, e a culpada agora estava sob o mesmo teto que eu.

—... a carga chegará em duas semanas. – Conversávamos sobre as últimas encomendas de armas, desliguei deste comércio mas teria que cumprir os últimos pedidos. Um passo em falso e tudo iria por água a baixo e uma guerra se iniciaria.

— Certo, assegure-se que ninguém esteja nos ameaçando diretamente, boatos podem correr, mas uma ameaça declarada não pode ser deixada de lado.

— Sim, senhor. – Benjamin se levantava para sair e o interrompo.

— Benjamin? Como foi com Lilith? Está sendo insuportável e teimosa?

— Não senhor, ao contrário, tem suas dúvidas mas é uma boa moça...

— Sim, ela é. Confiei a você o que tenho de mais importante, Benjamin, espero que não me decepcione, deixe suas mãos longe dela.

— Jamais, senhor, irei fazer algo que a desrespeite, e você também.

Aceno com a cabeça enquanto alisava minha barba, estava contente que tudo estava nos trilhos, mas cansava também. Quando retornei da reunião que tive com a seita, corri para um banho, tirei a batina que pesava e vesti uma roupa social mais confortável. Calça preta e camisa branca, o básico me agradava.

Benjamin fica tenso quando verifica as notificações do celular, seu olhar encontra o meu e os segundos que passei sem resposta me agoniaram, qualquer possibilidade de risco me fazia pensar nela.

— Senhor, Lilith está dando trabalho para os soldados lá fora. – Quando termina sua frase ouço gritos, dos quais conhecia muito bem.

Levanto-me em um salto e Benjamin me acompanha, chegando perto da janela, olho para o jardim e lá estava ela, correndo feito uma gazela tentando driblar os soldados. Obvio que eram bem treinados e a derrubariam em um segundo, mas não queriam a machucar, fui especifico quando dei as ordens referente a Lilith.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora