30 - A Mansão

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Quase uma hora se passa sem que eu movesse um músculo. Hector simplesmente me bombardeia com tudo, sua vida, seus desejos, seu amor... seu dinheiro. E mesmo incrédula, mesmo vendo o quanto minha vida mudara de um dia para o outro, Lilith Bianchi a mais nova bilionária, a frase que pulava de um lado para o outro em meus pensamentos era... Não tocarei mais em você.

Eu... me odiava, o odiava, ou tentava. Agia como se eu fosse uma boneca em suas mãos, mas a pior parte de mim, gostava. A falta dos seus toques gritavam, me repreendiam por não o agarrar, por não o sentir pulsando dentro de mim.

Uma nova vida que me deu a força, mesmo tentando ser o mais cruel possível, me deu tudo o que qualquer mulher gostaria, estabilidade, riquezas... mas tudo isso eu abriria mão, se a recompensa fosse tê-lo para mim sem toda essa merda junto, todos esses segredos, essa crueldade que lhe excitava, apenas o amor que não queria que ardesse.

Talvez meu ego foi ferido quando senti sua rejeição. Quando soube de Nico, algo deve ter quebrado dentro dele. Mas que se seja! Me quebrou em mil pedaços também. Mas eu sabia que estava ali, e o pecado que cometi em ver que não me desejava, gritava por atenção.

Lentamente me levanto da cadeira, minha barriga protestava implorando por comida, caminho observando mais os detalhes da sala. Parecia mais um escritório, tudo aqui era muito grande, espaçoso. O chão era recoberto também pelo tapete vermelho com dourado. Suas paredes eram em cinza chumbo e alguns quadros as decoravam. Uma armadura antiga adornava um canto da sala, dois lustres negros pendiam do teto oval.

Abro a porta por qual entrei e dou de cara com Benjamin, aguardava como um segurança com os braços cruzados.

– Olá, senhorita Lilith, o que deseja?

– Nã-não me chame assim... porque está aqui? Seu chefe o encarregou de me vigiar? – Não queria parecer grossa, mas aquela situação já estava demais para mim.

– A senhorita é minha chefe também. Fiquei encarregado de lhe ajudar e auxiliar na sua nova casa. – Sua chefe? Meu Deus... nunca liderei nada, nunca mandei em ninguém e não seria agora que faria isso.

– Não sou sua chefe e... por favor só me chame de Lilith. – Benjamin acena com a cabeça enquanto me fitava aguardando alguma coisa. Seu olhar não transparecia que fosse uma pessoa ruim, comparado a Hector, até me sentiria confortável em sua companhia. – Quero ir embora. – Peço tentando fazer uma expressão de determinação, mesmo que no fundo soubesse que seria negado.

– Não posso lhe ajudar com isso, Lilith.

– Merda! Então... por favor, estou com fome, onde fica a cozinha? Quero preparar algo que eu possa comer.

– Como quiser, por aqui.

Benjamin segue em minha frente e o acompanho. Chegamos novamente da encruzilhada de corredores mas desta vez descemos as escadas. O que achei que fosse o térreo, era mais um andar com salas, corredores e mais portas, todos com janelas enormes e decoração sofisticada, caminhamos mais um pouco e descemos outra escada, em mármore branco com corrimão esculpidos.

Um enorme salão se apresenta em nossa frente, deveria ser a entrada. Dos dois lados conjuntos de sofás e poltronas beges e pretas se dispunham, mesas, estantes com livros, bebidas, quadros, estátuas decoravam o lugar. Quanto mais caminhava por aquela mansão mais meu queixo caía. Tudo aquilo era... meu. Não aceitava isso, acostumada e criada em um simples chalé de madeira em uma cidade pequena, fez minha mente capotar.

Nos dirigimos a esquerda e passando pela parede com uma grande porta oval, adentro a cozinha. Seu piso era branco e brilhava de tão limpo, uma ilha em pedra branca ocupava seu centro. Armários em tom creme ocupavam a maior parte das paredes. O único lugar em que a decoração era minimalista e cirúrgica.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora