47 - Um Convite

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~Padre Hector Santini~

Se eu soubesse que a felicidade me visitaria todos os dias acordando do lado dela, já teria a prendido a mim a muito tempo atrás.

Lilith respirava tão calma que nem parecia que dormia e sim apenas que estava exposta em minha cama como a obra de arte mais valiosa e inédita do mundo, que apenas eu possuía.

Evitei por tanto tempo ceder e aflorar esse meu lado, mas apenas a possibilidade de perde-la, em saber que tem pessoas tentando nos afastar, ligou em mim um interruptor gritando um sinal de alerta, não a deixaria ir.

Ela se mexe na cama vindo mais próxima de mim, sua mão pousa em meu peito e fito o anel de noivado. Dou um sorriso comparando coisas que para mim são fáceis fazer, e sou taxado como lunático ou posso ser preso, mas, pedir Lilith em casamento foi uma das mais difíceis em minha vida.

Tentarei afastar todo esse lixo que habita na minha cabeça, para não afasta-la mais ou a manter com medo da nossa relação, aqui não é mais seguro e o único lugar que posso garantir que fique bem é junto a mim.

— Hummmm.

— Bom dia, devota.

— Bom dia, padre.—  Sua voz sai arrastada pelo sono, logo seus olhos de jabuticaba se abrem piscando algumas vezes.

Levo meus lábios a sua testa depositando um beijo demorado ali, inalo seu cheiro me deixando tonto de tão gostoso que era. Sinto suas mãos rodearem meu abdômen resultando em um choque pelo corpo, talvez 4 rounds na beira da praia não tenha sido suficiente para mim.

— Olha onde passa essas mãos...— Digo a ela, mas antes que entenda o que quer fazer, seus dedos me empurram e a vejo saltar da cama.

— Oh? Ta bem?

Lilith, corre com a mão na boca e outra no estômago, entra no banheiro trancando a porta em seguida, pulo da cama também indo bater na madeira que nos separava.

— Lilith, me responde! Vou arrombar essa porta.— Sentia minha pele formigar por não entender o que acontecia com ela.

— Eu... to bem!

— Não está, correu feito uma louca ai pra dentro, abra.

Ouço gorfadas misturadas com tosse, bufo por sua teimosia e meto o pé na porta, como se fosse papel ela se quebra me dando a visão de Lilith ajoelhada na frente do vaso.

— Porra Hector!

— Eu te avisei, agora me diz, o que está sentindo?

— Precisava ter feito isso com a porta?— Sua boca estava sem cor, suas mãos tremiam indicando que estava fraca e nada bem.

— FODA-SE A PORTA LILITH!— Deixo a raiva transbordar.

— Ta! Eu to bem! Só me deu um embrulho no estômago!

— Mas desde quando você tem isso?

— Desde alguns dias, acho que comi algo pesado demais, preciso ir ao médico.

— Ele virá até aqui, e um da minha confiança.— A vejo revirar os olhos e logo outra ânsia vem.

— Sai... daqui!— Grita tentando tampar o rosto.

— Claro que não.— Seguro seus cabelos tentando ajudar.

Ficamos alguns minutos assim mas nada foi para dentro do sanitário. A ajudo levantar e começamos a fazer nossa higiene pessoal, a observava escovando os dentes e a cada investida da escova era uma careta, aquilo não estava normal.

— Lilith?

— Hum?

— Tem tomado seus remédios?

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora