O Pior de Mim

57 - Judas

Três dias para o casamento...•Madrugada•

Me remexo na cama vendo que dormir seria impossível, confiro as horas e já eram 2:34 da madrugada. Bufo tentando esvaziar a mente mas todas suas palavras ainda estavam queimando aqui.

Ir embora... me deixar!

Entendo, super entendo e sofri junto quando soube o que aconteceu, todas as coisas horrendas que passou, mas... por que eu e o bebê temos que pagar por isso também? Após Hector finalizar sua história, colocou um ponto final nisso dizendo que não teria volta, e mesmo que fosse contra minha vontade, nos casariamos, garantindo meu futuro, nosso.

Garantir como? Se não terei ele ao meu lado, o que era um sonho se tornou um pesadelo, seu filho virá ao mundo e eu terei que ampara-lo, sem o pai. Começo a chorar de novo renegando tudo o que acontecia.

Ao amanhecer teria que ir a consulta com a dra. Caterine, iniciar o pré natal e acompanhar cada passo, pelo menos o sangramento havia parado. Sento na cama fitando a noite pela janela, o frio se fazia mais presente mas o céu estava estrelado, precisava... de ar.

Me enrolo em uma coberta e saio caminhando pelos corredores, a cada passo encarava uma decoração diferente, qual a necessidade de decorar toda a mansão para um casamento? O questionei do por quê de tantas coisas se não teríamos convidados, mas Hector decide tudo sozinho, inclusive me deixar.

Disse que famílias com peso em seus nomes viriam, algumas máfias aliadas também, e outras nem tanto, para que todos soubessem e presenciassem que Lilith Bianchi será esposa de Hector Santini, o padre desviado que todos conheciam.

Chego na sala principal e empurro a porta pesada, sinto a brisa me rodear e aperto a coberta em volta do corpo, desço para o gramado e caminho sem rumo, tentando esvaziar essa ansiedade de algum jeito.

Sem notar, me direcionava para a capela de mamãe, com tantas coisas acontecendo, como sempre, não a visitei tão frequentemente. Limpo outro lágrima com as costas da mão e sigo firme para vê-la. O pátio estava silencioso, ao contrário das manhãs e tardes que várias pessoas corriam para todos os lados para que essa união acontecesse.

Sorrio ironicamente sabendo que a maioria nem imaginava o caos que ocorria, e que esse casamento seria mais um acordo do que união realmente, para benefícios, que não sei para qual lado seria melhor, talvez nenhum.

Travo meu corpo quando vejo uma sombra perto da capela, se direcionava para uma das saídas menores da propriedade. Carregava algo grande, dou mais alguns passos e consigo identificar uma mala e... pelo andar, era Benjamin.

Corro para alcançá-lo, com certeza me viu já que estava parada no centro do gramado, mas continuava andando como se tentasse se esconder.

— Benjamin! Sei que é você!— Digo já estando próxima o suficiente para não precisar gritar.

Finalmente seu corpo para de se mover e de costas para mim, vejo seus ombros caírem, como rendição por ser pego.

— O que está fazendo aqui? — Sua pergunta sai baixa, quase como um sussurro, após vira-se e consigo ver seus olhos verdes escondidos dentro do capuz do casaco preto.

— Acho que quem tem que me responder isso é você.

— Vou embora.— Comprimo os lábios parando a centímetros do seu corpo. Mas o que deu em todo mundo, eu também teria que ir embora?

— Hector mandou você ir?

— Fiz escolhas, e agora... estou cumprindo com elas.— Sinto o frio se entranhar por meu pescoço, fazendo meus pelos arrepiarem