48 - Seus Defeitos

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— Levante as mãos, sua guarda está baixa!

— Estou tentando!

Benjamin e eu suávamos no tatame, um jeito cansativo de se esquentar no tempo frio que não dava trégua. Uma cólica insana atrapalhava minha atenção, mas por insistência de Benjamin, viemos treinar mesmo assim, disse que exercícios faziam bem para as mulheres nesse caso.

— Aaai!— Mais uma vez, sua luva bate em meu rosto, mesmo não usando toda sua força comigo, um soco me desestabilizava!

— Acho que Muay Thai não é o seu forte mesmo.

— Agora que você notou isso?

Já tínhamos tentado lutar duas vezes, mas me saía melhor nos treinamentos de defesa pessoal. Romeo e Milano lutavam ao nosso lado, da vasta quantidade de soldados, esses dois eram os únicos que eu sabia o sobrenome pelo menos.

Tento desferir um golpe contra Benjamin, mas o mesmo desvia como se fosse uma pluma, bufo e limpo o suor da testa com as costas da luva, estava derretendo. Nos encaramos dando círculos no tatame, tento avançar mas sendo tão lerda, não esquivo da rasteira que Benjamin me da, caio com tudo no chão sentindo meu cóccix quicar e uma dor absurda tomar conta das minhas costas.

— Merda! Lilith?

— Puta que pariu! – Digo tirando as luvas e logo esticando o corpo no chão.

Benjamin se agacha ao meu lado com os olhos apavorados, mesmo doendo muito, não foi sua culpa, treinar luta pode resultar nisso.

— Machucou muito? Quer ajuda?

— Não precisa... doeu muito! Mas vou sobreviver.

— Me desculpe... melhor pararmos por hoje, não parece estar disposta, nos outros treinos não cairia em um golpe desses.

— Eu sei, essa dor me distraiu muito.

— Vem, segura minha mão.— Agarro os dedos de Benjamin e levanto sentindo como se todos meus ossos estivessem quebrados, e a cólica, piorou.

— Calma meninos, vamos parar se não Benjamin terá que ir ao médico.— Começo a rir e após Romeo e Milano dão um sorriso relaxando, pararam seu treino para ver o que tinha acontecido comigo.

— Vou para o hospital para te levar, só se for.

— Não explana. – Peço pegando a garrafa de água, bebo uma boa quantidade e comaçamos a caminhar de volta para mansão.

O brisa fria corta meus braços, meu corpo fervendo leva um choque com aquele gelo todo, me encolho e começo a andar mais rápido.

— Temos que sair daqui a algumas horas, não esqueça.

— Ah não! Não quero sair!

— O tombo deve ter sido forte mesmo, a prisioneira negando umas horas de liberdade?

— Hoje não é meu dia, juro!

Hector avisou que teríamos um evento, disse que teria que comprar um vestido mais elegante, iríamos de helicóptero e tudo mais! Mesmo questionando muito o por que eu teria que ir junto, sua resposta foi rápida apenas afirmando que não deixaria sua noiva sozinha aqui.

Sorrio fitando o anel de noivado, foi tudo muito... inesperado. Jamais, nunca, imaginei que Hector, aquele Hector, o mascarado, o padre... seria meu futuro marido. Pensar que ficaremos juntos pelo resto da vida, resultava em um frio na barriga misturado com felicidade e nervosismo.

Éramos o caos, sim... mas meu lado apaixonada ignorava tudo toda vez que nossos olhares se cruzam. Depois do acontecimento de Sofia, Hector havia mudado, para melhor, não sei se seria permanente ou passageiro esse seu novo comportamento, mas mostrou que enfim, estava me incluindo na sua vida, e eu, ele na minha.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora