8 - Razão e Emoção

596 29 1
                                    

Após, passar a tarde andando pela cidade, pois Nico quis pegar algumas coisas para comermos na fazenda, o fim do dia foi chegando. Realmente me distraí muito, para não pesar o clima, não focamos a conversa no desaparecimento de Aurora ou minha briga com Victor.

Nicolau como de costume, me trouxe até a porta de casa. A essa altura do campeonato já não me importo mais em o que meu padrasto dirá vendo Nico e eu juntos. Somos amigos, eu preciso dele e Victor que saia do meu caminho.

— Entregue, madame. – Nico faz uma reverência e deposita um beijo em minha mão.

— Fico muito grata meu fiel cavalheiro. – pego uma ponta da saia e levanto devolvendo a reverência. – damos nossa última risada do dia e, enquanto Nico se afasta ele grita:

— Se cuida Lili, sério mesmo, fique em casa agora. – Já pude entender que ele se referia ao perigo que começou a rondar novamente Santa Luzia. Até então, os sequestros, só foram realizados com meninas, garotas das quais hoje, eu poderia ser uma delas já que na época que ocorriam eu era uma criança. Se o tal sequestrador ou a gangue, sequestravam só mulheres, então eles talvez... meu Deus! Sinto um aperto no peito e aceno para Nico que já seguia ao longe pra sua casa.

— Que Deus ampare e console essas famílias, que Ele guie o caminho dos detetives para onde Aurora está, e que principalmente Cristo a proteja. – digo a mini prece abrindo a porta da sala e notando que estava tudo escuro. Victor ainda não está em casa, onde ele foi?

Agradeço mentalmente que estou sozinha. Ligo o abajur que fica ao lado da poltrona da sala, preciso me orientar e está muito escuro. Após, chegando na cozinha vejo um vaso muito lindo, seu vidro era de rosa claro transparente, dentro dele estavam rosas vermelhas, enormes e abertas. Do seu lado tinha um urso, bem comum tipo Ted, tamanho médio. Uma caixa de chocolates fechada com um laço vermelho. Olhando todo kit de longe parecia presente de algum namorado muito apaixonado. Coisa que não tenho.

Puxo uma cadeira e sento perto das flores, o perfume delas estava exalando o lugar e estavam em perfeito estado. Mais para o meio do buque tem um cartão. — Mas o que é isso? – me pergunto.
Abrindo o envelope vermelho me deparo com a escrita que já conhecia, Victor:

"Não há palavras que me façam ganhar sua confiança e seu perdão, mas tentarei até ver que não tenho mais escolhas. Me desculpe pela noite de ontem, eu bebi e estava alterado. Vou lhe dar espaço e deixar tudo no seu tempo. Estou bem, não se preocupe comigo. Te amo, Lilith.

Victor"

Fiquei sem reação, deixei cair o cartão sob a bancada da mesa enquanto focava o olhar nas flores. Eu não gosto de rosas. A raiva toma lugar e amasso o papel, deixando ele como recado que flores e chocolates não irão curar o que ele fez. Talvez eu tenha um problema, talvez esteja muito afastada de Cristo nesse quesito, mas o perdão não é fácil para mim. Preciso focar nisso em meu devocional.

Apesar de amar comer aqueles chocolates, os ignoro e vou em direção a sala, tranco a porta e confiro as janelas, que legal estar sozinha bem agora que tem loucos a solta na cidade. Mas esse é o preço da liberdade, tenho fé que nada irá me acontecer.

Subo as escadas e chegando em meu quarto tiro as sandálias, foi um dia ótimo, mas cansei. Vou ao banheiro, abro a ducha e hoje será um banho rápido, amanhã começa minha vida de empregada novamente.

Já com meu pijama quentinho, me deito na cama e pego a bíblia para ler, ver se encontro algum consolo nos salmos.

Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado.

Hector... minha mente se embaralha, meu peito queima e a bíblia parece que pega fogo em minhas mãos, fico ali parada não conseguindo focar nas palavras do Senhor. Passei o dia tentando tapar ou esconder o que aconteceu naquela igreja, mas no momento que me vi sozinha, agora, meu pensamento voou logo para aquele... padre.

Seu peito foi a primeira coisa que foquei quando abriu aquela porta, seu cabelo estava um pouco bagunçado indicando que dormia. Seu olhar me fuzilou e na mesma hora pensei na má escolha que fiz em o procurar. Antes de eu desistir ele me puxa para dentro da igreja.

—Poderia ter me deixado do lado de fora, babaca.— resmungo pensando alto e lembrando de suas mãos... lá, o seu membro — Poxa Lilith, esquece isso! — me repreendo lembrando em como ficou amostra e fácil de ver embaixo da calça depois daquele pecado que cometemos. Seus conselhos, jamais em lugar algum vi padres pregarem aquelas palavras. Ele não é igual aos outros padres... Será que ele me desejava? 

Nunca tive contato com algum homem daquele jeito e jamais imaginaria que o primeiro seria um padre que não conheço, e na casa de Deus ainda. Meus pensamentos dançam e pulam tentando decidir se achei aquilo totalmente errado ou tento aceitar que eu precisava disto, do desconhecido, do... pecado da carne.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora