46 - Você e Eu

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—...Mas to de pijama, deixa eu pelo menos trocar de roupa?

— Não.

— Hector...— Novamente a pulga aventureira era puxada pelo padre de quase dois metros de altura. Hector não contou para onde iríamos em plena madrugada, mas ainda estando anestesiada com tudo que aconteceu nas ultimas horas, apenas o sigo.

Chegamos no subsolo da mansão, Hector abre uma grande porta e procura pelo interruptor, logo, a garagem se ilumina e meu queixo cai.

— Quan- quantos carros... tem aqui?— Caminho pelo piso branco impecável, ninguém diria que é um local onde passam tantos pneus, o subsolo era enorme, praticamente do tamanho da mansão, todo em branco como se fosse um hospital.

Hector vai na frente com chaves na mão, talvez escolhendo em qual carro iríamos dentre os...

— 23, eu acho, e 9 motos.

— Mas, por que tantos?!— Todos os automóveis de luxo manteriam famílias até o fim da vida se fossem vendidos, talvez tenha encontrado o ponto extravagante do padre.

Hector me encara de soslaio e da uma risada, me deixando sem resposta, caminhamos umas duas fileiras até parar em frente a um conversível? Era péssima com modelos.

— Uau...

— Linda, não é? Uma Lamborghini Aventador... Entre.— Sua porta abre suspensa no ar, meus olhos brilham com seu vermelho vivo, me acomodo no banco e logo o padre fecha a porta e vai para o lado do motorista.

— É maravilhosa...

— Tem carteira de motorista?

— Você sabe que não...

— Temos que arranjar um jeito de fazer o quanto antes, não quero que nossos carros fiquem abandonados aqui.— O encaro tentando filtrar suas palavras, o mesmo me ignora e começa a manobrar a nave, seu ronco ecoou por todo o subsolo, logo uma porta se abre no fim da sala com saída para rua.

Me recosto no banco e inevitavelmente me pego perdida no movimento das mãos do padre, seu corpo grande relaxava no banco, a camisa preta semi aberta com as mangas dobradas até os cotovelos. Uma mão no volante e sem perder tempo, logo que saímos da garagem a outra mão pousa em minha perna, me causando um arrepio.

Seu olhar perdido na estrada da propriedade contrastando com a noite estrelada lá fora, seu cabelo penteado para trás com uns dois fios rebeldes caindo sob a testa, estava hipnotizada, encantada.

A habilidade de dirigir apenas com uma mão ressaltando as veias da mesma, mordo o lábio vendo todo o poder que aquele homem tinha sobre mim. Nenhum outro me levaria do inferno ao céu em segundos, nenhum outro mataria alguém para provar sua inocência, nenhum sujaria suas mãos assim.

Descanso a cabeça no acento vendo seu maxilar marcado com a barba preta que crescera mais um pouco, o deixando com uma aparência de mais experiente, de mau, do jeito que me fez gostar, do jeito que aprendi a amar.

Aperto as pernas no mesmo segundos que seus dedos pressionam o volante, poderia chegar ao meu ápice apenas vendo Hector dirigir, com o crucifixo dourado refletindo contra seu peito em alguns segundos quando passávamos pelos postes iluminados. Sua mão direita desliza subindo mais de encontro a minha boceta, já estava pegando fogo com o simples fato de saber que aquele homem era meu e que não havia me traído.

Talvez em alguns meses atrás a Lilith choraria e ficaria horrorizada pelo fim de Sofia, mas agora, eu precisava, necessitava como uma andarilha no deserto, dos dois jeitos de Hector, entendia que o conjunto da obra vinha com seu lado sádico, era acompanhado pelo anjo caído, o expulso do paraíso.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora