26 - Afaste-se

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Acabei dormindo novamente, acordo aninhada ao corpo de Nico que ainda dormia feito uma pedra. Os raios de sol transpassavam as cortinas e iluminavam seu sono. Alguns fios de cabelo caiam em seu rosto e seu peito subia e descia tranquilamente. Fico o observando por um tempo e lembrando do que fizemos. Não me arrependi, mas espero que ele entenda que não vai passar disso, mudei? Acho que sim. Agora morando em uma nova cidade fez-me ver as oportunidades que tinha aqui.

Me afastei dos seus braços com calma para não acorda-lo. Fui em direção ao banheiro e tomei um banho, tirando os resquícios da madrugada. Visto um shorts e uma regata pois estava bem calor e Nico continuava apagado, que bom! Hoje é seu aniversário e quero fazer um café surpresa para ele.

Desço as escadas e me direciono para a cozinha, fito a geladeira e há um bilhete dos seus pais:

"Feliz aniversário filho, voltaremos a tarde, estamos planejando algo para você! Te amamos."

Fico longos minutos relendo o bilhete, sinto falta da mamãe e me pergunto como seria a vida se eu tivesse também uma família assim, Nico merecia todo esse carinho.

Procuro nos armários o que tem de interessante, acho massa para cupcake, não é muito mas serve. Pego os outros ingredientes que precisava e começo a bagunça. Enquanto preparava repassava em meus pensamentos que teria que visitar Victor, sentia saudades de casa, da decoração, da macieira, do meu quarto. Será que as margaridas ainda estavam lá? Tantas lembranças que parecem que aconteceram a tanto tempo, mas que não da para apagar.

Quando estava decorando os cupcakes e colocando a última panqueca no prato ouço a porta do quarto abrir. O avisto na escada e o cheiro de sabonete invada a casa, seu cabelo estava molhado e vestia uma bermuda, algumas marcas de unhas apareciam em seu peito me fazendo corar.

— Bom dia meu arco íris, não a encontrei na cama... – Me viro para o mesmo tentando esconder o que tinha atrás de mim na bancada. Nico caminha em minha direção e o encaro.

— Não era pra você ter acordado agora. – Ele sorri e leva seu dedo para meu nariz. – O que está aprontando? Tem farinha pra todo lado. – Cedo e me viro pegando o cupcake e levantando ao seu alcance.

— Feliz aniversário, cara de fuinha.

— Hahahaha, olha só, ficou lindo... Obrigado Lili, sabe que meu presente é você.— Devolvo o sorriso que me dava e desvio o olhar, agora as coisas estavam diferentes e... não sabia como agir.

Nossa manhã foi incrível, Nico comeu tudo que preparei, parecia que tinha voltado de uma guerra. Se propôs a limpar a bagunça mesmo eu relutando dizendo que hoje era seu dia, mas não me deu ouvidos. Assistimos alguns filmes e nenhum dos dois tocou no que tinha ocorrido, realmente tudo era leve com ele.

Na primeira hora da tarde seus pais chegaram e anunciaram a surpresa de Nico, um carro! Sim! Dava para ver nos olhos dos seus pais o orgulho que sentiam do filho, e quase enfartou quando viu que teria sua própria locomoção, comemoramos bastante e já se ofereceu para levar-me para ver Victor. A noite iríamos comemorar apenas nós, já que disse que tudo que lhe importava estava ali.

Nico me esperava dentro do carro já, não era muito boa com modelos mas seu vermelho era bem vivo.

— Pronta, minha doçura?

— Não nos mate, por favor. – Soltei uma risada quando fez uma careta, minha casa... antiga casa, não ficava muito longe da de Nico mas queria estrear o carro novo.

Parou em frente aos portões e paralisei observando o chalé de longe, nada havia mudado, mesmo não fazendo muito tempo que tinha saído dali, talvez tivesse algum desejo incubado achando que sentiria algo para se resgatar... ou alguém.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora