64 - Desperte

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— Ei! Acorda! Ta de férias?!

Sinto meu corpo sacudir, junto com a dor nas costas causada pelo possível chute, meu estômago se revira protestando por não receber comida a dias.

Abro os olhos comprimindo a boca e tentando não transparecer a dor que me causara. Me apoio nos braços levantando a cabeça e fito Daniela. Se erguia como se fosse a própria deusa Afrodite, nojenta!

— Vá se foder, vagabunda!

Seu rosto fino se contrai e a pele bronzeada toma um tom vermelho, já não tinha nada a perder, o que eu mais desejava era uma bala na minha cabeça.

A vejo suspirar enquanto descontava sua raiva com as unhas enormes pintadas de preto se enterrando na palma das mãos.

— Cortaria essa língua podre e te faria comer! Mas... Pietro viraria um porre se eu estragasse sua...— Seus olhos se abrem formando uma expressão de espanto.— Não sou eu que te darei a notícia, vá para o banho, estou sentindo seu cheiro daqui.

Daniela se vira e caminha lentamente para a porta do quarto. Já havia concluído que possuía problemas na coluna por curvar tanto aquela bunda magra! Antes de sair, completa.

— Volto em 30 minutos, e se não estiver apresentável, farei do meu jeito! Papai te espera com uma proposta maravilhosa!

Logo que termina, sai e bate a porta. Bufo sentindo minha pele queimar, da última vez que apareceu em minha frente, abri meus pontos mas ela também saiu com a boca sangrando, cadela!

Mas depois de dias negando a comida, somente fraqueza habitava em mim, e o intuito seria morrer de fome nesse quarto!

Me atiro novamente ao chão onde dormi e decido que não irei obedecer suas ordens, mas, após alguns minutos, a palavra proposta pipoca em minha mente. O que queriam? Já me deixaram dias aqui pedindo a transferência da herança, sabiam que não acataria a vontade deles.

Meu coração dispara quanto noto mais uma oportunidade surgir, ficar frente a frente com Paolo novamente, negar de novo qualquer coisa quisessem, os irritaria mais e enfim, talvez, dessem um fim nisso, um fim em mim.

Me ergo com o peso do mundo em meus ombros, uma oportunidade suicida foi posta diante de mim, e já que era uma covarde para acabar com esse filme de terror, instigaria alguém a fazer.

Entro no pequeno banheiro as pressas, mas a cada dez segundos paro respirando devagar, controlando a pressão baixa que me atrapalhava. Abro a ducha e deixo a agua esquentar meus músculos, como se trouxesse vida para algo morto.

Faço toda minha higiene com uma fagulha de esperança no peito. Esse horror acabaria! Ficaria com Hector, com meu filho... se existisse um paraíso.

Me enrolo na toalha e vejo roupas postas em cima da cama. As levanto em frente ao rosto e torço o nariz notando que era um vestido, do jeito mais vulgar possível, só poderia ser de Daniela!

— Que nojo!— Digo virando a peça para todos os lados. Fendas na cintura deixavam a pele a mostra, sua cor vinho insinuava sensualidade, vulgaridade! Um decote enorme ostentava a frente única enquanto sua saia se abria em um tecido leve.

Pego novamente a camiseta de Lorenzo junto com a calça de moletom que vestia a dias, mas seu cheiro não me agradou, suor se impregnou naquele tecido. Vejo como realmente estou no fundo do poço, ficar tanto tempo sem banho foi o pico para mim.

Desisto das roupas sujas e cedo ao vestido, o coloco achando que não serviria, mas apalpando meu corpo é notável os quilos a menos, poderia estar doente!

Cubro a barriga com a mão vendo que a cicatriz não ficara a mostra, apenas a cintura. Renego aquela roupa sentindo minha bunda quase pulando para fora do tecido.

O Pior de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora