LONG NIGHT ☾ [Dick Grayson • Nightwing]

58. O Mistério Do Amor

2 ANOS ATRÁS

04h03
20 de março
Gotham City

          "Não sei nem por onde começar essa carta. Escrevi o começo algumas vezes e não gostei de nenhuma delas, então, o que sair dessa versão é o que você vai ler. Talvez você dê risada da minha cara, mas tudo bem, dessa vez eu deixo, até porque não estarei mais aqui. E, pior, rasguei tanto papel que fiquei com receio de você acordar e ler antes do tempo porque, sim, estou escrevendo isso enquanto você está desmaiado de sono no meu quarto.

          E decidi escrevê-la porque queria materializar algumas palavras. Palavras que se eu verbalizasse em alto e bom som, muito provavelmente, eu desistiria de tudo, seria uma egoísta covarde e não voltaria para casa. Porque, sim, eu estaria mentindo se dissesse que não pensei nisso. Pensei uma, duas, três, dez vezes (foram bem mais, mas ficaria extremamente vergonhoso expor esse número aqui).

         Pensei sobre isso porque me vi diante de uma realidade em que você não está ao meu lado. Porque essa é a realidade a qual eu pertenço. Mas já sabemos disso e esse não é o intuito da carta.

         Quero apenas te agradecer por ter me proporcionado viver algo que eu nem sabia que era possível. Não fazia ideia do quão poderoso é amar alguém. A gente se sente a pessoa mais forte do mundo, porque mesmo se cairmos, sabemos que tem alguém que sempre irá nos impedir da queda livre.

         Então, obrigada por ter me segurado todas as vezes que tropecei e caí durante esses meses. Obrigada por apenas ter ficado ao meu lado. Obrigada por me mostrar o poder das segundas chances, a nobreza de ajudar sem pedir nada em troca, a vontade de lutar pelo que acreditamos ser o certo e a confiar em um amanhã melhor que o hoje.

         Você iluminou a minha vida e carregarei essa luz comigo para todo o sempre. Você sempre será a estrela mais brilhante de toda a minha constelação. Mesmo que a gente esteja em universos distintos, separados pela matéria, pela gravidade, pelo vazio do espaço, pela relatividade do tempo e pelos incontáveis anos-luz, temos a única coisa que é capaz de transcender o espaço e o tempo: o amor. E eu o carregarei comigo até o último segundo da minha vida. Parece a coisa mais clichê do mundo, mas não é. Porque o que temos não é nada clichê. É real, é verdadeiro, é intenso, é vivo, é raro.

         Vou sentir falta das suas perguntas de curioso, que não se encaixavam com nenhum assunto. Vou sentir falta das confissões com todas as letras, das suas cantadas baratas (e não foi por elas que você me conquistou, saiba disso). Vou sentir falta de você comprar meu café favorito, mesmo fazendo questão de dizer que era A Pior Bebida Do Mundo. Vou sentir falta de roubar suas camisetas e, aliás, escondi aquela do Planeta Diário para levar de lembrança – não estou pedindo, estou apenas roubando mesmo. Vou sentir falta do seu sorriso, da sua risada, dos seus beijos, dos seus abraços, da maneira como nos hipnotizamos um no outro e como nosso olhar se encaixa tão perfeitamente bem. Vou sentir tanto a sua falta, Dick Grayson, de cada segundo que passamos juntos. Você não faz ideia do quanto.