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"Com a luz da lua, os lobos vão uivar,
Cantos de liberdade,
prontos a vagar.
Seus olhos que brilham,
como estrelas no céu,
Guardam os segredos,
do bosque e do véu.

Entre as árvores antigas,
eles vão brincar,
A força da matilha,
prontos a lutar.
Com seu uivo forte,
a floresta a ecoar,
São os guardiões da floresta,
prontos a zelar.

Feche os olhos, meu bem,
comece a sonhar.
Com seu uivar suave,
ecoando pelo ar,
Enquanto as estrelas
começam a dançar.

Durma, meu pequeno,
sob a luz da lua,
Os lobos vigiam,
com a paz que flutua.
Nos braços da noite,
você vai sonhar,
Sonhos de aventura,
prontos a chegar."


[...]


Eu caminhava pela trilha enlameada que levava ao centro da aldeia, a pequena Alis ao meu lado. O sol tentava brilhar através de nuvens pesadas, mas a luz era fraca. O chão estava coberto de lama, e cada passo que dávamos fazia um som soturno de pisar na terra molhada. O cheiro de pão pairava no ar, misturando-se à umidade e ao odor da terra encharcada.

Alis, com seus olhos brilhantes e cabelos dourados ao vento, cantava uma canção suave, ela ia saltitanto ao meu lado, a mão pequena na minha. A melodia era familiar, mas a letra sobre lobos me intrigava.

— Alis, onde você aprendeu essa canção? — perguntei, curiosa.

Ela sorriu, virando-se para mim.

— É a canção que minha avó canta para mim quando me põe para dormir. Ela diz que os lobos são amigos que protegem a floresta.

Franzi o cenho, estranhando suas palavras.

— Amigos? Mas os lobos atacam a aldeia, Alis. Eles são perigosos. Sua avó não tem medo deles?

Alis balançou a cabeça, confusa.

— Ela diz que eles só querem se proteger. E que, se formos gentis, eles não farão mal.

Alis continuou a cantar, a melodia suavemente se elevando acima do barulho da feira. Sua voz, embora delicada, carregava uma inocência que aquecia o ambiente sombrio.

À medida que nos aproximávamos do centro da aldeia, o chão de terra batida se transformava em um lamaçal que grudava em nossas botas. As casas de madeira, muitas com telhados desgastados e janelas quebradas, pareciam lutar contra o tempo. O ar carregava um peso de desespero, como se a aldeia estivesse à beira de um colapso.

Ao chegar à praça, vi a agitação da feira, que era um misto de cores e sons, mas mesmo isso não parecia conseguir lutar contra a realidade da aldeia. Bancadas improvisadas se estendiam por toda a área, feitas de caixotes e tábuas, estavam cheias de produtos coloridos. Vendedores de aldeias vizinhas ofereciam frutas frescas, vegetais vibrantes e artesanato. Mas por trás da fachada animada, havia rostos cansados e olhares vazios, a luta pela sobrevivência visível em cada movimento.

— Olha, Evrin! — exclamou Alis, apontando para um vendedor que exibia bonecas de cerâmica pintadas à mão. — Aquela tem cabelos como o meu!

Sorri, observando a empolgação da menina, mesmo em meio à tristeza que cercava o lugar.

— Vamos ver se conseguimos comprar uma para você, mas lembre-se: precisamos economizar para o que realmente precisamos.

Caminhamos pela feira, e não conseguia deixar de pensar na canção de Alis e na visão distorcida que sua avó parecia ter dos lobos. Eu os via como predadores, uma ameaça constante que pairava sobre a aldeia. Mas a inocência da menina me fez ponderar, por um momento.
Seria uma maneira de protegê-la do medo que permeava a vida na aldeia? Naquele lugar, onde a realidade frequentemente era cruel, talvez a avó quisesse cultivar a esperança e a coragem na menina. Ao transformá-los em amigos, ela poderia estar tentando blindá-la contra os horrores do mundo exterior.

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