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Eu prendi a respiração, encolhida atrás do armário, cada batida do meu coração reverberando nos ouvidos. O som dos passos de Ahren ecoava suavemente pelo espaço apertado, as botas movendo-se com uma confiança silenciosa. Ele continuava ali, pacientemente esperando.

Tentei não fazer barulho, mas meu corpo doía em lugares impossíveis, cada músculo tensionado e cansado. A umidade da pedra fria atrás de mim passou pelos meus dedos quando finalmente reuni coragem para me mover. Com cuidado, apoiei a mão na superfície áspera e irregular, a pele sensível raspando na textura dura enquanto eu forçava minhas pernas adormecidas a responder.

Ergui-me com dificuldade, o espaço apertado me forçando a contorcer o corpo para não bater a cabeça no móvel. Um formigamento subia pelas minhas pernas, mas mesmo assim continuei, arrastando-me passo a passo. Meu peito queimava de ansiedade, e o ar parecia pesado, carregado com algo que eu não conseguia identificar. Ele estava ali. Eu sabia. E o perfume sutil de couro e pinho que emanava dele parecia flutuar ao meu redor, intoxicante, tornando meus pensamentos nebulosos.

Quando alcancei a abertura, vi um vislumbre dele ao lado do móvel, o contorno largo de seus ombros ocupando a pequena fenda de luz que penetrava ali. Eu mal consegui dar um passo à frente antes de tropeçar na minha própria perna adormecida, sentindo o corpo ceder. O pânico me atingiu no instante em que perdi o equilíbrio, a certeza de que ia desabar contra o chão. Mas então, ele me pegou.

O toque de Ahren foi rápido, firme, os braços fortes se fechando ao meu redor antes que eu caísse. Minha pele formigou sob suas mãos, o calor que emanava dele contrastando violentamente com o frio do quarto. Eu mal conseguia respirar enquanto ele me segurava, a respiração dele tão próxima que sentia o calor contra meu rosto.

A tensão no ar parecia vibrar entre nós, uma corrente elétrica que percorreu meu corpo. Cada fibra de mim estava ciente dele, de sua força, da proximidade, e de como meu corpo respondia àquilo de forma estranha, quase incontrolável. A textura de suas roupas ásperas contra o tecido fino que me cobria, o cheiro fresco da floresta que emanava dele, e o som suave da respiração firme me cercavam, preenchendo todos os meus sentidos de uma vez.

Eu estava... atraída. De forma que jamais havia sentido antes.

Meu coração acelerou, e senti o calor subir pelo meu pescoço até minhas bochechas. Ele podia ouvi-lo. Meu corpo parecia se inclinar, quase involuntariamente, para ele, como se alguma parte de mim buscasse aquela proximidade. Eu não conseguia entender. Ahren era uma força irresistível, e algo em mim parecia querer ceder.

— O que... o que você está fazendo comigo? — minha voz saiu rouca, baixa, enquanto eu olhava para ele, confusa, o corpo tremendo em suas mãos.

Não era apenas o medo ou a adrenalina do momento. Era algo mais profundo, mais primitivo. Minhas emoções ferviam, um turbilhão incontrolável, e eu não sabia se ele estava fazendo isso, se era algum poder dele, ou se era apenas... eu.

A intensidade me sufocava, e o olhar que Ahren me deu, com aqueles olhos que pareciam sempre esconder algo mais, só aumentou a sensação de que eu estava à beira de perder o controle.

Ahren não respondeu de imediato, seus olhos pousaram nos meus, como se estivesse medindo minhas palavras, ou talvez meus sentimentos. O silêncio entre nós era palpável, carregado de algo que eu não conseguia nomear. Suas mãos ainda estavam firmemente ao redor de mim, e o calor do toque me mantinha cativa, como se houvesse uma linha invisível nos ligando, algo que eu não podia – ou talvez não quisesse – romper.

— O mesmo que você faz comigo — ele murmurou por fim, a voz rouca e controlada, mas havia algo de contido nela, como se ele estivesse lutando contra o próprio desejo. Seus dedos deslizaram de forma quase imperceptível pela minha cintura, enviando um arrepio pela minha espinha.

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