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O cheiro de podridão era quase opressivo, misturando-se ao leve ressoar das gotas que pingavam do teto úmido. O ambiente era sombrio, iluminado apenas pela fraca luz da tocha que eu segurava. A textura áspera das paredes frías parecia pressionar contra minha pele, lembrando-me da claustrofobia que se instalava a cada respiração.

Estava parada ali, o coração pulsando furiosamente, quando a porta se abriu com um rangido baixo.

Um homem alto surgiu, seu sorriso sarcástico cortando a escuridão como uma lâmina. O contraste entre sua figura elegante e o caos ao meu redor me fez sentir ainda mais pequena.

Nathan.

— Ah, que interessante, uma ratinha perdida na ratoeira — disse ele, sua voz suave, quase musical, mas carregada de desprezo. Cada palavra soava como um eco no meu interior, e eu senti a raiva se agitar, misturada ao medo. — Você deve saber, querida, que não se pode escapar de uma armadilha bem planejada. O conselho sempre observa, sempre aguarda. E você, minha querida, foi a presa mais fácil.

Eu me encolhi levemente, a adrenalina disparando nas minhas veias. Como pude ser tão ingênua? Cada passo que dei me levou a essa armadilha, e agora, ele estava aqui, como um predador pronto para devorar sua presa. A frustração e a impotência fervilhavam dentro de mim, enquanto tentava organizar os pensamentos.

Nathan gesticulou com um ar de superioridade, apontando para os papéis espalhados pela mesa, suas mãos delicadas dançando no ar como se estivesse regendo uma orquestra.

— Que ingenuidade a sua. Você realmente achou que poderia escapar?

Ele riu, um som gelado que reverberou nas paredes.

— Não se preocupe, você vai entender tudo isso em breve. A vida é uma grande encenação, e você acaba de receber o papel principal — ele disse, os olhos brilhando com uma satisfação doentia.

Aquelas palavras ressoaram em mim, como um eco de tudo o que eu temia. O peso delas se assentou em meu peito, e percebi que estava cercada não apenas pelas paredes frias da sala, mas por uma rede de mentiras que parecia inescapável. Olhei nos olhos de Nathan, buscando uma fração de compaixão, mas encontrei apenas um abismo de desprezo.

Eu não podia permitir que ele visse o quanto me afetava. Agarrei a adaga que trazia comigo, a lâmina fria proporcionando um leve consolo. Estava pronta para lutar, mesmo que a situação parecesse desesperadora.
Nathan deu um passo à frente, a luz refletindo em seus olhos de forma quase hipnótica, e eu sabia que ele estava se divertindo com meu desespero.

— Você realmente acha que tem alguma chance? — ele provocou, como se estivesse se divertindo. — O que você encontrou aqui é muito mais do que imagina. — Ele gesticulou em direção aos papéis na mesa, e um arrepio percorreu minha espinha.

Com o pânico crescente, respirei fundo, tentando afastar o medo. Minha mente se enchia de perguntas e teorias sobre o que ele realmente queria dizer. Ele estava jogando com minha cabeça, me fazendo duvidar de tudo o que sabia.

— Eu não tenho medo de você, Nathan. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, desafiando a figura que se colocava entre mim e a verdade. — Você pode ter suas armadilhas, mas não me impedirá de contar a verdade pra todo mundo!

Ele riu novamente, um som que ecoou como um lamento. A arrogância dele preenchendo o ar.

— Ah, essa coragem juvenil é quase adorável. — Ele se aproximou, o brilho em seus olhos se intensificando. — Mas você não vê? Cada movimento seu só aproxima mais o momento final. O conselho sempre se beneficia dos que se acham invulneráveis.

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